quarta-feira, 15 de junho de 2016

Conselho de Ética aprova parecer que recomenda cassação de Cunha


O Conselho de Ética da Câmara aprovou o parecer que recomenda a cassação do deputado Eduardo Cunha. Os deputados entenderam que Cunha mentiu quando disse que não tinha contas no exterior. Foram dois votos na Comissão de Ética da Câmara surpreendentes que deixaram o deputado Cunha na corda bamba.

Surpreendentes e decisivos. Afinal, o resultado foi de 11 votos pela cassação contra nove. Teve adversário de Eduardo Cunha que chamou Tia Eron de heroína. O voto da deputada seguiu a corrente atual do partido dela, o PRB.
Outra surpresa foi a de um aliado de Eduardo Cunha, o deputado Wladimir Costa do Solidariedade do Pará.

O presidente do Conselho de Ética e o relator do pedido de cassação não escondiam a felicidade.

“Contra fatos não há argumentos, taí a vontade dos deputados do Conselho de Ética”, destacou o presidente do colegiado, deputado José Carlos Araújo (PR-BA).

Onze votos a favor da cassação do mandato de Eduardo Cunha, nove contra. E o grupo de Cunha, que perdeu, se retirou logo depois do resultado, deixando para trás deputados exibindo a vitória, que era uma dúvida até o último momento.

Tia Eron (PRB-BA), a dona do voto mais esperado, chegou dizendo:

"Não mandam nessa nega aqui, nenhum dos senhores manda”, avisou.
E veio o voto dela, apontada como defensora de Cunha.

“Eu não posso, aqui, absolver o representado nessa tarde, eu não posso, eu não posso, quero votar, sim, com o relatório do deputado Marcos Rogério”, disse Tia Eron.

Festa ao lado de quem lutou pela cassação. Mas outra surpresa estava por vir. O deputado Wladimir Costa, do Solidariedade do Pará, que passou o processo inteiro defendendo Eduardo Cunha, inclusive na terça-feira (14) fez um discurso em favor do presidente afastado, na hora “H”, mudou de ideia e também votou pela cassação

“Eu não quero aqui frustrar o meu partido, ou quem quer que seja, ou alguns que imaginavam que iríamos votar diferente. Eu finalizo dizendo que vamos votar com o relatório do deputado Marcos Rogério”, disse Costa.

A perda do mandato foi aprovada no Conselho porque deputados concluíram que Eduardo Cunha mentiu ao dizer que não tinha contas no exterior, no ano passado, na CPI da Petrobras. E a mentira é caso de cassação.

Deputados defensores de Cunha e o advogado dele insistiram, mais uma vez, em rebater os argumentos.

“Os acusadores não conseguiram fazer a prova de que ele havia mentido, houve uma condenação sem prova e isso é linchamento”, queixou-se o advogado Marcelo Nobre.

“Ele era dono do dinheiro, ele é dono da conta, o banco prestava contas a ele, havia a assinatura dele junto ao banco, cópia do passaporte dele, as correspondências iam para ele, a contrassenha era o nome da mãe dele, que dúvidas há quanto à titularidade dele? Apenas ele usou um sofisticado instituto jurídico para esconder as contas”, rebateu o relator do processo, deputado Marcos Rogério (DEM-RO).

Eduardo Cunha não acompanhou a sessão. Ele foi afastado da Câmara há um mês e meio pelo Supremo justamente porque estava atrapalhando as investigações da Lava Jato e o processo no Conselho.

Em nota, disse que o processo foi todo conduzido com parcialidade, nulidades gritantes. Falou ainda que essas nulidades serão todas objeto de recurso na CCJ, Comissão de Constitutição e Justiça, onde, segundo ele, tem absoluta certeza de que esse parecer não será levado adiante. E terminou dizendo que é inocente da acusação de mentir na CPI.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Blog do Programa Atualize

Blog do Programa Atualize