Quem se lembra de Marjorie Estiano com
os cabelos vermelhos e curtos de Natasha, sua personagem em
"Malhação", definitivamente não iria reconhecê-la agora. Mais madura
e mais segura de suas vontades, a atriz deixou a rebeldia adolescente de lado
para dar vida a uma mulher madura e à frente de seu tempo em "Lado a
Lado". Marjorie está novamente em um folhetim do horário das 18h como
Laura, uma mulher que bate de frente com a mãe para defender aquilo que
acredita. Além da novela, a atriz também decidiu investir novamente na carreira
musical e mesmo emendando duas novelas, ela conseguiu arrumar um tempo para
produzir um novo disco, que será lançado em breve. Confira mais sobre os
trabalhos e a vida pessoal de Marjorie Estiano!
FAMOSIDADES - Em 'Lado a Lado', a Laura
é uma mulher à frente do seu tempo. Como é interpretar personagens que marcaram
a história da mulher no mundo?
MARJORIE
ESTIANO - É muito prazeroso poder falar desta mulher, que abriu caminho e que
tornou o nosso dia a dia mais fácil. É maravilhoso poder falar sobre a
história, e nós temos a oportunidade de entendê-la melhor. Eu digo isso em
relação a tudo. Da relação com o negro, com a mulher... essas discriminações
abordadas na novela. Racial, social, a origem da favela, a chegada do
futebol... São elementos históricos muito importantes.
Seu último
trabalho é recente e, mesmo assim, você consegue manter a carreira musical em
paralelo. Conseguiu um tempo pra descansar? Você estava trabalhando em um CD
novo?
Na verdade o
CD já estava em pré-produção, mas deu pra descansar sim! Não lancei CD, meu
último trabalho musical foi em 2007. Eu entrei na novela 'A Vida da Gente' e
emendei com o filme 'Tempo e Vento'. Depois comecei com as gravações de 'Lado a
Lado'. Estou trabalhando em alguns detalhes importantes, como conceito,
repertório, composição... Não tive tempo pra viajar, mas deu pra descansar sim!
A Laura bate
de frente com a mãe. Você, apesar de ser jovem, mas hoje uma mulher
independente, também batia de frente com seus pais?
Acho que não
é bem uma questão de rebeldia da Laura com a mãe e sim algo realmente
estabelecido. É uma questão de viés mesmo. Elas pensam e são mulheres muito
diferentes. Não é uma desavença de adolescente. A Laura não é uma rebelde sem
causa, não é algo apenas de uma fase e sim que vai permanecer. Não acredito que
a Constância vá mudar de opinião e neste sentindo também acredito que a Laura
não vá mudar. Claro que tive atritos com a minha mãe e com o meu pai. E não
deixo de ter outros tipos hoje em dia. Mas acredito que fazem parte. E a
convivência é saudável. Já a Laura e a Constância são intoleráveis. A
Constância é muito evasiva, elas não têm uma relação saudável e estabelecida,
de maneira construtiva. O que acontece muito é que ela não respeita a
individualidade da Laura. A Constância idealiza a felicidade para a filha. Que
não escuta e nem ouve, não quer saber. A felicidade para ela é diferente. Ela
tem um ideal de felicidade que não é o mesmo da mãe. A Constância acredita que
aquela forma é a única em que a pessoa possa ser feliz. Casada com um bom
partido, com dinheiro, conforto. Tem que saber ser o reflexo e acompanhante do
marido.
Essa é a
primeira vez que você trabalha ao lado da Patrícia Pilar. Como tem sido essa
parceria? Mas tem também a Camila Pitanga, na qual contracenaram juntas
constantemente.
Mas não deixa
de ser uma parceria com a Patrícia também porque nós contracenamos direto. Essa
relação com a mãe é sempre muito pautada. Elas são muito intensas, em função
das interferências na vida da Laura. E dela sempre buscando enxergar a maneira
dela. Haverá muitos conflitos. Mas está sendo ótimo, porque tanto a Patrícia
como a Camila são atrizes muito generosas. Elas são absolutamente disponíveis e
isso é fundamental pra trabalhar junto. Você acaba criando um afeto que
particularmente nós não temos. Nós vamos descobrindo e é necessária esta
abertura, pra poder me sentir a vontade pra fazer o meu trabalho. Valorizar,
potencializar e fazer a cena crescer mais.
Você acha que os anos de experiência na
sua vida pessoal lhe trouxeram amadurecimento pra a carreira profissional?
É uma via de
mão dupla, tanto as conquistas e, principalmente, no trabalho como ator. Até
porque nós exercitamos muitas questões. Você entra em contato direto com
aquilo. Você se prepara do seu julgamento para contar a história de cada
personagem. Esse envolvimento, raciocínio e reflexão, faz com que você
amadureça bastante. E tem o lado da vida pessoal e eu sempre investi para o
trabalho de atriz. É um círculo.
Você e o
André (Aquino) terminaram há pouco tempo. No momento você está solteira? Vocês ainda mantêm contato?
Estou
solteira! Somo bons amigos. Mantemos um bom relacionamento. Estamos trabalhando
juntos em um próximo CD. A gente compõe junto. Temos uma relação bacana! Por
enquanto não posso falar sobre este trabalho porque não está conciso ainda. É
uma pré-produção mesmo. Estamos em pesquisa de repertório. Ainda não está
maduro pra poder falar alguma coisa.
Mesmo com as
gravações a todo vapor, você pensa em fazer outros trabalhos paralelos?
Sim! É
bastante puxado e na verdade estou envolvida com três projetos. Tem uma peça
que ainda estou ensaiando. Com direção de Monique Gardenberg. São contos do
Murakani (Haruki) que a Monique adaptou, do mundo fantástico dele. E nós vamos
contar a história do Desaparecimento do Elefante. No elenco está Duda Mendonça,
André Frateschi, Rafael Primo, Fernanda Freitas. A estreia é 27 de outubro, no Rio
de Janeiro. Apesar de ser corrido são projetos que estou conseguindo levar.
Estou feliz com a novela, com a peça, o trabalho com o CD. Esses projetos me
relaxam e são prazerosos também. Pra mim não é tão desgastante.
O final do ano te faz pensar sobre o ano
que você teve? Chega a fazer uma avaliação das coisas que você queria ter feito
e não fez?
Sempre! Faço
avaliação do que foi feito, do que quero atingir, do que faltou, do que eu
quero alcançar ainda... O que não foi do jeito que eu esperava, e o que posso
melhorar. Em todos os aspectos e até pessoal. Eu sou uma auto-analítica e com
certeza o final de ano é uma época de análise.
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