sexta-feira, 26 de abril de 2013

Silvio de Abreu faz balanço de Guerra dos Sexos



Nesta sexta-feira (26), vai ao ar o último capítulo de "Guerra dos Sexos", nova versão do sucesso homônimo de Silvio de Abreu, exibido em 1983, também no horário das sete na TV Globo. Em entrevista ao Purepeople, o autor faz um balanço e comenta a experiência de reescrever uma obra própria, as dificuldades do processo, as críticas à audiência da novela e os novos talentos que se destacaram na trama. Confira:

Tony Ramos e Irene Ravache foram
Otávio e Charlô
É inusitado que um autor escreva a nova versão de uma história própria. Ao chegar ao fim da empreitada, que avaliação você faz?
Não acho tão inusitado. Ivani Ribeiro reescreveu para a Globo todas as novelas que já tinha escrito para a Excelsior e Tupi. A única trama original que ela fez em todos os seus anos de Globo foi "Final Feliz". Benedito Rui Barbosa também supervisionou as filhas Edmara e Edilene Barbosa nos remakes de "Sinhá Moça" e "Paraíso". No meu caso adorei ter feito esse remake. Acho os personagens incríveis, a história super divertida e tudo me motivou durante o processo, principalmente o elenco impecável, com vários personagens mais bem escalados do que os da primeira versão.

Arriscaria fazer o mesmo com alguma outra novela sua, ou de outro autor? 
Não seria um risco, mas não tenho planos para isso no momento

Por já ter a história anterior "pronta", houve algum desafio maior em escrever a nova versão?
A dificuldade de fazer um remake me pareceu bem maior do que a de fazer uma novela original. Primeiro todos os diálogos tiveram que ser reescritos, depois cada mudança que imaginava para uma trama tinha de se encaixar em outra trama que já existia e que eu não queria modificar. O desafio era manter o tom e a coerência dos personagens e não deixar a imaginação muito solta para não atrapalhar as boas idéias que já existiam no texto e ao mesmo tempo ter imaginação suficiente para dar um novo frescor à novela.

Reynaldo Gianecchini e Glória Pires
Quanto aos finais dos personagens, você já sabia desde início quais manteria e quais mudaria, ou foi mudando de ideia durante o desenrolar da trama?!
Alguns eu já tinha planejado desde o início e torci a trama original para atingir o novo final com coerência. Outros foram surgindo de acordo com o carisma dos intérpretes.

A opinião do público exerce alguma influência nesse sentido? Você chegou a ficar na dúvida sobre quem deveria ficar com quem, ou não?
 A opinião do público no caso dos triângulos amorosos é muito diversificada e fatalmente uma grande parte vai se decepcionar com os finais, mas é inevitável, é impossível agradar a todo mundo. A opinião do público sempre me interessa, porque é para ele que eu trabalho, mas prefiro oferecer a ele o que me parece ser o melhor e não o que ele gostaria que acontecesse.

Bianca Bin interpretou a vilã Carolina
Sobre a escalação do elenco, você se arrepende de alguma escolha? Algum ator ficou aquém das suas expectativas?
Os personagens principais foram tão bem defendidos quanto na primeira versão, não houve perda. Outros foram muito melhores do que os originais. Não me arrependo de nenhuma escalação, muito pelo contrário. Sabia o que cada um poderia render e tenho a impressão de ter acertado em cheio.

Por outro lado, quais foram as grandes surpresas que superaram as suas expectativas?
Acho que "Guerra dos Sexos" deixa um belo painel de novos talentos que podem ser muito bem aproveitados em outras produções: Raquel Bertani, Johnny Massaro, Marianna Armellini, Jesus Luz, Antonia Morais, Thalita Lippi e Maria Carol. Para quem vive reclamando da falta de caras novas, é uma bela safra.

Felipe (Edson Celulari) e suas ex-esposas: Cláudia Ohana,
Regiane Alves, Letícia Sabatella, Giulia Gam
e Maitê Proença
Como fica para você questão da audiência, que foi tão comentada durante a novela? Dentro da sua perspectiva de autor, qual o peso dos números do Ibope?
O Ibope é sempre importante. Nenhum autor quer fazer uma novela que fracasse no Ibope, porque a nossa obrigação é fazer sucesso. Comentou-se muito a baixa audiência da novela em São Paulo, como se este fosse o único estado do Brasil e esqueceram de registrar que em todos as outras cidades do país a novela teve um ótimo desempenho. Houve uma grande má vontade da mídia, em particular dos internautas, com relação à novela. "Guerra dos Sexos" foi lançada em uma época péssima, em pleno horário eleitoral, a três semanas do horário de verão. "Lado a Lado", excelente novela das seis, sofreu o mesmo mal. A subida da nossa audiência nessas últimas semanas não tem a ver só com uma maior aceitação da novela, mas também com os ótimos índices de "Flor do Caribe". Tanto com relação à "Lado a Lado", como com relação à "Flor do Caribe", "Guerra dos Sexos" sempre subiu 5/7 pontos, o que é muito bom. A maior prova do aceitamento da novela é o recorde que foi batido por ela em merchandisings, ou alguém acredita que as agências de publicidade vão pagar para ter os seus produtos em algum fracasso?

Existe ainda alguma coisa que você queria ter feito nessa nova versão, mas não deu?
Não. Fiz tudo o que queria e saio realizado.

Agora que a novela chega ao fim, você já tem outra história em mente, algum projeto, ou vai direto para as férias?
Vou direto para as férias, com uma boa sensação de dever cumprido, e não quero nem pensar em trabalho.

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