Nesta
sexta-feira (26), vai ao ar o último capítulo de "Guerra dos Sexos",
nova versão do sucesso homônimo de Silvio de Abreu, exibido em 1983, também no
horário das sete na TV Globo. Em entrevista ao Purepeople, o autor
faz um balanço e comenta a experiência de reescrever uma obra própria, as
dificuldades do processo, as críticas à audiência da novela e os novos
talentos que se destacaram na trama. Confira:
Tony Ramos e Irene Ravache foram Otávio e Charlô |
É inusitado que um autor escreva
a nova versão de uma história própria. Ao chegar ao fim da empreitada, que
avaliação você faz?
Não acho tão inusitado. Ivani Ribeiro reescreveu para a Globo todas
as novelas que já tinha escrito para a Excelsior e Tupi. A única trama original
que ela fez em todos os seus anos de Globo foi "Final Feliz".
Benedito Rui Barbosa também supervisionou as filhas Edmara e Edilene Barbosa
nos remakes de "Sinhá Moça" e "Paraíso". No meu caso adorei
ter feito esse remake. Acho os personagens incríveis, a história super
divertida e tudo me motivou durante o processo, principalmente o elenco impecável,
com vários personagens mais bem escalados do que os da primeira versão.
Arriscaria fazer o mesmo com alguma
outra novela sua, ou de outro autor?
Não
seria um risco, mas não tenho planos para isso no momento
Por já ter a história anterior
"pronta", houve algum desafio maior em escrever a nova versão?
A
dificuldade de fazer um remake me pareceu bem maior do que a de fazer uma
novela original. Primeiro todos os diálogos tiveram que ser reescritos, depois
cada mudança que imaginava para uma trama tinha de se encaixar em outra trama
que já existia e que eu não queria modificar. O desafio era manter o tom e a
coerência dos personagens e não deixar a imaginação muito solta para não
atrapalhar as boas idéias que já existiam no texto e ao mesmo tempo ter imaginação
suficiente para dar um novo frescor à novela.
Reynaldo Gianecchini e Glória Pires |
Quanto aos finais dos personagens,
você já sabia desde início quais manteria e quais mudaria, ou foi mudando de
ideia durante o desenrolar da trama?!
Alguns
eu já tinha planejado desde o início e torci a trama original para atingir o
novo final com coerência. Outros foram surgindo de acordo com o carisma dos
intérpretes.
A opinião do público exerce alguma
influência nesse sentido? Você chegou a ficar na dúvida sobre quem deveria
ficar com quem, ou não?
A opinião do público no caso dos triângulos
amorosos é muito diversificada e fatalmente uma grande parte vai se decepcionar
com os finais, mas é inevitável, é impossível agradar a todo mundo. A opinião
do público sempre me interessa, porque é para ele que eu trabalho, mas prefiro
oferecer a ele o que me parece ser o melhor e não o que ele gostaria que
acontecesse.
Bianca Bin interpretou a vilã Carolina |
Sobre a escalação do elenco, você se
arrepende de alguma escolha? Algum ator ficou aquém das suas expectativas?
Os
personagens principais foram tão bem defendidos quanto na primeira versão, não
houve perda. Outros foram muito melhores do que os originais. Não me arrependo
de nenhuma escalação, muito pelo contrário. Sabia o que cada um poderia render
e tenho a impressão de ter acertado em cheio.
Por outro lado, quais foram as grandes
surpresas que superaram as suas expectativas?
Acho
que "Guerra dos Sexos" deixa um belo painel de novos talentos que
podem ser muito bem aproveitados em outras produções: Raquel Bertani, Johnny
Massaro, Marianna Armellini, Jesus Luz, Antonia Morais, Thalita Lippi e
Maria Carol. Para quem vive reclamando da falta de caras novas, é uma bela
safra.
Felipe (Edson Celulari) e suas ex-esposas: Cláudia Ohana, Regiane Alves, Letícia Sabatella, Giulia Gam e Maitê Proença |
Como fica para você questão da
audiência, que foi tão comentada durante a novela? Dentro da sua perspectiva de
autor, qual o peso dos números do Ibope?
O
Ibope é sempre importante. Nenhum autor quer fazer uma novela que fracasse no
Ibope, porque a nossa obrigação é fazer sucesso. Comentou-se muito a baixa
audiência da novela em São Paulo, como se este fosse o único estado do Brasil e
esqueceram de registrar que em todos as outras cidades do país a novela teve um
ótimo desempenho. Houve uma grande má vontade da mídia, em particular dos
internautas, com relação à novela. "Guerra dos Sexos" foi lançada em
uma época péssima, em pleno horário eleitoral, a três semanas do horário de
verão. "Lado a Lado", excelente novela das seis, sofreu o mesmo mal.
A subida da nossa audiência nessas últimas semanas não tem a ver só com uma
maior aceitação da novela, mas também com os ótimos índices de "Flor do
Caribe". Tanto com relação à "Lado a Lado", como com relação à
"Flor do Caribe", "Guerra dos Sexos" sempre subiu 5/7 pontos,
o que é muito bom. A maior prova do aceitamento da novela é o recorde que foi
batido por ela em merchandisings, ou alguém acredita que as agências de
publicidade vão pagar para ter os seus produtos em algum fracasso?
Existe ainda alguma coisa que você
queria ter feito nessa nova versão, mas não deu?
Não.
Fiz tudo o que queria e saio realizado.
Agora que a novela chega ao fim, você
já tem outra história em mente, algum projeto, ou vai direto para as férias?
Vou
direto para as férias, com uma boa sensação de dever cumprido, e não quero nem
pensar em trabalho.
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