segunda-feira, 1 de julho de 2013

Especial Novelas: Sinhá Moça (1986)


Lucélia Santos e Marcos Paulo
A novela Sinhá Moça é inspirada no romance de Maria Dezonne Pacheco Fernandes, e se passa em 1886, em Araruna, pequena cidade do interior paulista, dois anos antes da promulgação da Lei Áurea. O cenário político da época é protagonizado por monarquistas de um lado e republicanos de outro. A trama conta a história de Sinhá Moça (Lucélia Santos), filha do poderoso Coronel Ferreira (Rubens de Falco), o escravocrata Barão de Araruna, e de Cândida (Elaine Cristina). Sonhadora e romântica, Sinhá Moça se apaixona por Rodolfo (Marcos Paulo), um ativo republicano abolicionista. 

Rubens de Falco
Ela conhece o rapaz no trem, quando viaja de volta a Araruna depois de terminar seus estudos na capital da província. Assim como Rodolfo, Sinhá Moça tem ideias abolicionistas e faz críticas às atitudes do pai, lutando em defesa dos negros. Junto com Rodolfo e outros jovens abolicionistas, ela luta pela libertação dos escravos. Durante a madrugada, Rodolfo, sob a identidade de Irmão do Quilombo, invade as senzalas e liberta os negros, entregando-os às associações abolicionistas, que os orientam. Nem mesmo Sinhá Moça sabe do disfarce de Rodolfo. Somente no capítulo 66 ele revela a ela seu segredo.

Elaine Cristina
A mãe de Sinhá Moça reconhece e aceita as ideias abolicionistas da filha e seu amor por Rodolfo. Fina e recatada, Cândida é submissa ao marido, mas enfrenta as decisões do autoritário Barão, atuando como intermediadora entre ele e a filha. Outra personagem importante na vida de Sinhá Moça é (Chica Xavier), por quem Cândida também tem respeito e carinho. Bá teve uma criança que lhe foi tirada dos braços pelo Barão para ser vendida num lote de escravos. Levada para trabalhar na Casa Grande, amamentou Sinhá Moça e apegou-se à menina como se esta fosse sua filha. Em nome desse amor, resolveu esquecer a crueldade cometida pelo patrão. Bá tem a esperança de reencontrar o menino, fruto de seu único e verdadeiro amor, Pai José (Milton Gonçalves), um homem que lutou pela libertação dos escravos mas acabou morrendo no tronco depois de muito apanhar.  

Mauro Mendonça
A família de Rodolfo é formada pelo pai, Fontes (Mauro Mendonça), a mãe, Inez (Neuza Amaral), e o irmão, Ricardo (Daniel Dantas). Fontes é advogado. Mudou-se para Araruna após terminar a faculdade, para crescer na profissão e enriquecer. Inteligente e sensível, é abolicionista, mas prefere não enfrentar o Barão. Inês, por sua vez, é uma típica dona de casa da época, dedicada ao marido e ao filho. O irmão de Rodolfo, Ricardo, é um jovem tímido e generoso, que nunca teve interesse em estudar, preferindo ficar na fazenda do pai. Sua paixão é a natureza. No decorrer da história, Ricardo se envolve com Ana do Véu (Patrícia Pillar), moça prometida a seu irmão. A trama de Sinhá Moça se desenrola ao longo de um período de dois anos e termina no dia da Abolição, 13 de maio de 1888.


Tramas Paralelas:
Norma Blum
Paixão arrebatadora
Filha do comerciante Manoel (José Augusto Branco) e da religiosa Nina (Norma Blum), Ana do Véu (Patrícia Pillar) vive com o rosto coberto devido a uma promessa da mãe. Os pais de Rodolfo (Marcos Paulo) se comprometeram a casar o filho com a jovem, mas ele retorna a Araruna apaixonado por Sinhá Moça (Lucélia Santos), e não leva adiante o compromisso. Ricardo (Daniel Dantas), irmão de Rodolfo, vai consolar a moça e se apaixona por ela, sem nunca ter visto seu rosto. 
 
Raymundo de Souza
Sangue escravo
Outra trama importante na novela é a de Rafael (Raymundo de Souza), escravo alforriado que luta para destruir o Barão de Araruna. Rafael é filho dele com a escrava Maria das Dores (Dhu Moraes). Antes de ser vendido pelo Barão, conviveu com Sinhá Moça na infância, tornando-se seu amigo. Depois de alforriado, Rafael adota o nome de Dimas e volta a Araruna disposto a se vingar. Ele se torna o braço direito do jornalista Augusto (Luiz Carlos Arutin), um abolicionista convicto. Augusto se divide entre seus ideais e sua neta Juliana (Luciana Braga), de quem cuida desde menina. Bonita, inteligente e cheia de vida, Juliana é uma moça recatada que acaba se apaixonando por Dimas. Juntos, lutam pelos ideais abolicionistas. No final da novela, depois da alegria pela promulgação da Lei Áurea, a felicidade de Juliana e Dimas fica ainda maior com a notícia da gravidez dela.  

Sérgio Viotti
Contra todos os preconceitos
O amor de José Coutinho (Tato Gabus Mendes) e Adelaide (Solange Couto) foi outro romance da história que também conquistou o público. Ele é filho do ambicioso fazendeiro Coutinho (Ivan Mesquita). Ela, escrava, é levada por Sinhá Moça (Lucélia Santos) para viver na casa grande, transformada em sua dama de companhia. Amigo de Rodolfo (Marcos Paulo), José Coutinho estudou na capital e voltou a Araruna com ideias abolicionistas. Junto com Mário (Tarcísio Filho), Nino (Nizo Netto), Vila (Renato Prieto) e Renato (Denis Derkian), integra uma associação clandestina que compra escravos para alforriá-los, além de ajudar nas fugas das senzalas. Seu pai quer que ele se case com Sinhá Moça, interessado na fortuna do Barão de Araruna. Ele, no entanto, se apaixona perdidamente pela bela Adelaide quando a conhece na casa de Sinhá Moça, e passa a se encontrar às escondidas com ela. Ao saber do romance dos dois, Coutinho, enfurecido, expulsa o filho de casa. José Coutinho, no entanto, não desiste de seu grande amor e consegue que Frei José (Sérgio Viotti) realize seu casamento com Adelaide. Ela ainda é assediada pelo escravo Justino (Antônio Pompeu) que, em determinado momento da trama, chega a atrapalhar seu casamento. Mas, no final da novela, José Coutinho e Adelaide se entendem e terminam juntos e felizes.

Produção:
Luciana Braga
As gravações de Sinhá Moça foram realizadas em diferentes locações externas: no distrito de Conservatória; na Fazenda Veneza, datada do século XIX, localizada no município de Itatiaia (ambas na região serrana do Rio de Janeiro); e em São João del Rei (MG). 


Figurino:
A produção de Sinhá Moça contou com impecáveis figurinos e produção de arte. Foi realizado um cuidadoso levantamento de época, tratando de todos os detalhes relacionados a roupas, adereços e decoração de cenários. O figurinista Paulo Lois, que, com Sinhá Moça, assinou sua primeira novela, conta que todos os figurinos foram confeccionados pela equipe de costura da própria TV Globo.

Curiosidades:
Chica Xavier
Sinhá Moça marcou a estreia da atriz Luciana Braga em telenovelas na Rede Globo. 


Antes da estreia, 50 países já estavam interessados em comprar a telenovela, atraídos pelo tema e pela atriz Lucélia Santos que, ao lado de Rubens de Falco, fizera sucesso anteriormente com Escrava Isaura (1976). Em 2001, Sinhá Moça já havia sido exibida em 63 países, entre eles Austrália, China, Dinamarca, Estados Unidos, Grécia, Holanda, Itália, Nicarágua, Rússia, Suécia, Turquia, Venezuela e Vietnã. Na Bélgica, na Espanha, na Itália e na Suíça, foi exibida três vezes, e na França, quatro.  


Patrícia Pillar
A atriz Ruth de Souza, que já havia trabalhado em uma versão de Sinhá Moça para o cinema – produção da Vera Cruz, dirigida por Tom Payne, lançada em 1953 –, conta que estava ansiosa para ser escalada para a novela. Até que Benedito Ruy Barbosa a convidou para viver a velhinha Nhá Balbina, que contracenava com o personagem de Grande Otelo (Justo), ambos gagás. 


Com a personagem Sinhá Moça, Lucélia Santos viveu pela primeira vez uma heroína romântica forte e determinada. 

Benedito Ruy Barbosa foi chamado para escrever uma novela às pressas. A ideia de adaptar o livro de Maria Dezzone Pacheco Fernandes surgiu durante uma reunião para discutir que trama poderia ser produzida. Segundo o autor, ele usou o romance original apenas como inspiração para criar a novela, já que discordava de alguns pontos. 


Neuza Amaral
Após o término de Sinhá Moça, a TV Globo exibiu às 18h um compacto da novela Locomotivas (1977), anteriormente exibida no horário das 19h. A novela seguinte, Direito de Amar, de Walther Negrão, estreou em fevereiro, três meses após o fim de Sinhá Moça.  


Em 2006, Sinhá Moça ganhou um remake, com atualização de Edmara e Edilene Barbosa, filhas de Benedito Ruy Barbosa, e direção de Ricardo Waddington. A nova versão foi protagonizada por Débora Falabella e Danton Mello. Osmar Prado e Patrícia Pillar deram vida ao Barão de Araruna e Cândida, e Reginaldo Faria e Lu Grimaldi, aos personagens Fontes e Inez. 


Elenco:
Lucélia Santos – Sinhá Moça

Marcos Paulo – Rodolfo
Rubens de Falco – Barão de Araruna
Elaine Cristina – Baronesa Cândida
Mauro Mendonça – Dr. Fontes
Neuza Amaral – Inês
Luciana Braga – Juliana
Sérgio Viotti – Frei José
Luiz Carlos Arutin – Augusto
Norma Blum – Nina
Antônio Pompeo – Justino
Raymundo de Souza – Dimas (Rafael)
Guilherme Fontes – Dr. Cornélio
Patrícia Pillar – Ana do Véu
Daniel Dantas - Ricardo
José Augusto Branco – Manoel Teixeira
José de Abreu – Sião
Norton Nascimento – André
Cláudio Correa e Castro – Dr. João Amorim
Chica Xavier – Bá (Virgínia)
Ênio Santos – Inácio
Cássia Kiss – Margarida
Fábio Junior – Soldado Alcebíades
Lauro Corona – Eduardo Tavares
José Lewgoy – Everaldo Mathias
Soulange Couto – Adelaide Coutinho
Lima Duarte – Coronel Galvão
Regina Dourado – Dulcinéia
José Wilker – Senador Patrício Gonzalez
Ivan Mesquita – Coutinho
Claudio Mamberti – Delegado Antero
Jacyra Sampaio – Rute
Ruth de Souza – Balbina
Gésio Amadeu – Fulgêncio
Valter Santos – Feitor Bruno
Débora Duarte - Eloísa
Armando Bógus – Professor Molina
Antônio Petrin – Coronel Maurício
Tony Tornado – Justo Filho (Capitão do Mato)
Cosme dos Santos – Bastião
Germano Filho – Everaldo
Dênis Derkian – Renato
Maurício do Valle – Soldado Pedro
Tarcísio Filho – Mário
Tato Gabus Mendes – José Coutinho
Nizo Neto – Nino
Paulo Autran – Gilberto
Renato Prieto – Vila
Grande Otelo – Justo
Herson Capri – Fernando
Anselmo Vasconcelos – Luiz
Athayde Arcoverde – Robusto
Claudio McDowell – Tibúrcio
Alciro Cunha – Nogueira
Dhu Moraes – Maria das Dores
Zeni Pereira – Mãe Maria
Henri Pagnocelli - Eduardo
Milton Gonçalves – Pai José
Lizandra Souto – Sinhá Moça (criança)
Selton Mello – Rafael (criança)


Trilha Sonora:
Sinhaninha - Ronnie Von

Zumbi, A Felicidade Guerreira - Gilberto Gil
Ai Quem Me Dera - Clara Nunes
Minha Aldeia - Sérgio Souto
Papo de Passarim - Cláudio Nucci e Zé Renato
Depois da Primeira Vez - Toninho Negreiro
Pra Não Mais Voltar - Fafá de Belém
Ginga Angola - Roberto Ribeiro
Oração nos Matagais - Altay Veloso
Companheiros - Denise Emmer
Na Ribeira Deste Rio - Dori Caymmi
Amor de Papel - Vicente Barreto
Camará - Walter Queiroz
Aventureiro - Antônio Carlos e Jocáfi

Trecho da Novela

Rubens de Falco

Abertura

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