quinta-feira, 10 de julho de 2014

10 motivos para a derrota histórica da seleção brasileira


A derrota histórica da seleção brasileira para a Alemanha por 7 a 1, na semifinal da Copa do Mundo, teve origem em 10 grandes problemas que afetaram a equipe comandada por Luiz Felipe Scolari. Confira a seguir quais foram eles.

1 - A comissão técnica impôs aos jogadores um nível de exigência máximo, colocando o título como marca do minimamente aceitável. Um nível tão alto que gerou muito nervosismo nos atletas. A obrigação de apagar o 'fantasma de 50' criou sentimento de angústia. A tensão ficou evidente durante a campanha na Copa, em níveis excessivos antes da disputa de pênalti contra o Chile, quando vários jogadores choraram. Ontem, contra a Alemanha, os gols sofridos geraram abalo que impediram qualquer reação.

2 - Dentro de campo, a seleção brasileira não teve um jogador com perfil de líder. A braçadeira de capitão ficou com Thiago Silva, que 'se escondeu' em momento complicado, permitindo que Paulinho fosse o responsável por falar com o elenco antes dos pênaltis contra o Chile. Jogadores experientes, com disputa de Copa do Mundo na carreira, como Júlio César e Fred, também não conseguiram dar tranquilidade aos companheiros ou motivar o grupo após os momentos mais difíceis, como a lesão de Neymar.

3 - A seleção brasileira treinou pouco. Felipão cancelou várias atividades programadas, diminuiu a carga física dos exercícios e, especialmente, reduziu o trabalho das titulares. Depois das oitavas de final, por exemplo, os principais jogadores ficaram três dias sem tocar na bola. O técnico só fechou três treinos aos jornalistas. Em entrevista coletiva concedida após a derrota para a Alemanha, afirmou que treinou com formações diferentes a que iniciou a partida para 'confundir' os alemães.

O vigor físico e a intensidade do jogo são pontos-chave para explicar o título brasileiro na Copa das Confederações no ano passado. A redução das atividades fez com que não houvesse repetição do desempenho. Além disso, apesar de ter ficado longe de repetir o desastre de Weggis, na Suíça, antes do Mundial de 2006, a Granja Comary também teve muitas distrações, com equipes de televisão gravando programas no gramado durante treino, convidados de patrocinadores cobrando atenção de atletas, entre outras situações.

4 - 'Por nós sermos campeões do mundo, a seleção que mais ganhou títulos, por jogar em casa, nós somos favoritos e temos tudo para ganhar', disse Carlos Alberto Parreira antes do início da Copa. A seleção brasileira, em diversos momentos, não teve humildade. Inclusive para reconhecer erros. Felipão, por exemplo, não abriu mão de 'morrer' com o time campeão da Copa das Confederações. A impressão é que membros da comissão técnica achavam que o Mundial seria vencido apenas com o canto inflamado do hino nacional.

5 - O Brasil nunca chegou a uma Copa com uma estrela tão destacada como Neymar, o que também implicou em um peso imenso de responsabilidade nos ombros do jogador, justamente na competição disputada em casa. O camisa 10 até teve alguns bons momentos e fez quatro gols, todos na fase de grupos. Na fase eliminatória caiu de produção e não foi o 'salvador da pátria' que se esperava. A lesão sofrida contra a Colômbia evidenciou a fragilidade do elenco, que não tinha um grande substituto.

6 - O Brasil é o semifinalista que menos toca na bola. Até o fim do jogo contra a Alemanha, foram 2.249 passes certos na competição, 1.172 a menos que o algoz, recordista na competição. Entre os cinco melhores passadores da seleção brasileira estão quatro defensores: Marcelo, David Luiz, Thiago Silva e Daniel Alves, e também o volante Luiz Gustavo. As estatísticas mostram o que se viu no campo de jogo, um time com pouca capacidade criativa, em que várias jogadas começavam com bolas longas a partir da defesa.

7 - Nos jogos mais duros e mais difíceis, Luiz Felipe Scolari não conseguiu fazer alterações que, de fato, mudavam o rumo das partidas. Contra México e Chile, por exemplo, as mexidas do técnico não surtiram efeito. Uma das poucas mudanças que realmente funcionou foi a entrada de Fernandinho no lugar de Paulinho contra Camarões. A forma de jogar, no entanto, não foi alterada, mesmo com a lesão de Neymar, com Bernard atuando em seu lugar contra a Alemanha.

8 - O Brasil sempre foi terra fértil para 'camisas 9', mas para a disputa da Copa do Mundo teve dois jogadores da posição, Fred e Jô, se apresentando muito abaixo do nível esperado. O jogador do Fluminense teve apoio incondicional de Felipão, e seguiu no time apesar de ter feito apenas um gol nos três primeiros jogos e de ter recebido série de críticas. Jô, que jogou por 78 minutos no Mundial, não marcou e não acrescentou ao time. Antes da competição, em entrevista, o técnico da seleção admitiu a predileção por um homem de área, mas disse também que tinha opções para alterar a forma de jogar. Neymar e Hulk poderiam ser os 'falsos 9', mas nenhum atuou como centroavante na Copa.

9 - Com Daniel Alves e Marcelo, a seleção costuma ter 'avenidas' a serem exploradas pelos adversários. Não houve plano de cobertura para os laterais. As falhas defensivas custavam a posição de titular para o jogador do Barcelona, que acabou substituído por Maicon. O reserva mostrou melhor desempenho na marcação, mas pouco acrescentou no setor ofensivo. O canhoto Maxwell, outro jogador que mais se destaca pelas qualidades defensivas, sequer foi utilizado nos seis jogos disputados até aqui.


10 - Convencidos de que existia um complô contra os anfitriões, CBF e comissão técnica brigaram com a Fifa, imprensa e adversários. Os confrontos repercutiram também dentro da concentração. Fred teve que gravar vídeo para dizer que sofreu pênalti no jogo contra a Croácia. O diretor de comunicação da CBF, Rodrigo Paiva, foi punido por uma agressão ao atacante chileno Mauricio Pinilla. Por diversas vezes, houve brado de que era preciso apoiar a seleção e não jogar contra ela. 

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