As
montanhas ganharam vida com o som da música há exatas cinco décadas. Foi quando
"A Noviça Rebelde", musical de Robert Wise com Julie Andrews e
Christopher Plummer, teve sua estreia em Nova York. Adaptação do musical da
Broadway de Richard Rodgers e Oscar Hammerstein II, que por sua vez dramatizou
a história real da família Von Trapp, o filme foi inicialmente ignorado pela
crítica, que depois o reconheceu como um dos grandes musicais da história, e
abraçado pelo público: foi o filme que tirou "E o Vento Levou" do
topo da lista das maiores bilheterias de todos os tempos, onde encontrava-se
por quase trinta anos.
Nestes
cinquenta anos, a influência de "A Noviça Rebelde" na cultura pop foi
palpável. Não que os cinemas tenham sido invadidos por produções com freiras
cantoras – "The Singing Nun", lançado no ano seguinte com Debby
Reynolds, foi um fracasso retumbante. Mas as canções do musical, traduzidas
para o cinema, se tornaram o motor do sucesso do longa.
A
maior prova aconteceu no palco da última cerimônia do Oscar, quando Lady Gaga,
despida de sua figura extravagante e armada apenas com sua voz, liderou a
homenagem da Academia ao filme --interpretando trechos de clássicos
imortalizados no filme, como "The Sound of Music" e
"Edelweiss"--, arrancou aplausos emocionados e, ao final, ganhou um
abraço sincero da própria Julie Andrews.
Ah,
Julie Andrews.... Poucas vezes personagem e atriz combinaram tão bem. Embora
ela fosse a primeira escolha de Robert Wise, o estúdio não estava tão certo,
mirando em outras artistas como Grace Kelly e Shirley Jones.
"Mary
Poppins" ainda não havia sido lançado quando a produção de "Noviça"
começou, e Wise, ao lado do roteirista Ernest Lehman, assistiram a trechos do
filme na Disney: bastaram alguns minutos para o diretor saber não só que havia
encontrado sua estrela, como ela seria uma das maiores do mundo assim que
"Poppins" chegasse aos cinemas. E Julie Andrews foi grande, teve uma
carreira brilhante, mas sua carreira nunca repetiu o auge de "A Noviça
Rebelde".
Embora
tenha estourado no cinema, "A Noviça Rebelde" teve sua aura pop
amplificada nos palcos. A produção original de 1959 na Broadway é montada até
hoje, com um primeiro revival em Londres em 1981, seguido por um na Broadway em
1998 e um segundo na capital inglesa em 2006 – que terminou contratando uma
desconhecida como protagonista, depois que negociações com Scarlett Johansson não
tiveram sucesso. Além disso, "A Noviça Rebelde" já teve diferentes
montagens por todo o mundo, inclusive no Brasil, com Kiara Sasso e Herson
Capri, em 2008 no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Em
1992, "Mudança de Hábito" se tornou o primeiro sucesso no cinema
misturando freiras e música – embora de forma radicalmente diferente que
"A Noviça Rebelde". Whoopi Goldberg interpreta uma golpista que, para
fugir de trambiqueiros que querem matá-la, refugia-se num convento em Nova
York. Sua chegada balança a estrutura hierárquica do lugar, já que ela assume o
coral das freiras e cria um grupo vocal, retrabalhando sucessos soul como
canções gospel.
O
sucesso foi tamanho que Whoopi se viu na posicão de maior estrela do cinema por
um par de anos, protagonizando uma continuação feita a toque de caixa e lançada
no ano seguinte. Curiosamente, "Mudança de Hábito" fez o caminho
inverso de "A Noviça Rebelde" e, agora, é um sucesso nos palcos.
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