segunda-feira, 10 de março de 2014

Especial Novelas: Que Rei sou Eu? (1989)


Edson Celulari e Giulia Gam
Ambientada em 1786, num fictício país europeu, Que Rei Sou Eu? aludia à Revolução Francesa para fazer uma paródia do Brasil, além de refletir o momento histórico vivido pelo país, que se preparava para a primeira eleição direta para presidente da República após quase 30 anos. No imaginário reino de Avilan, o povo miserável vive às voltas com governantes corruptos, sucessivos planos econômicos, moeda desvalorizada e altos impostos. Com a morte do rei Petrus II (Gianfrancesco Guarnieri) – cujo único herdeiro é o filho bastardo Jean Pierre (Edson Celulari) –, os conselheiros reais, que exercem forte influência nas decisões da rainha Valentine (Tereza Rachel), resolvem entregar a coroa ao mendigo Pichot (Tato Gabus Mendes). A armação é obra de Ravengar (Antônio Abujamra), o bruxo do condado. Revoltado, Jean Pierre lidera um grupo de revolucionários para derrubar os vilões. Em meio aos conflitos, a princesa Juliette (Cláudia Abreu) se apaixona por Pichot.

Tereza Rachel e Dercy Gonçalves
O herói Jean Pierre é um jovem corajoso e íntegro, que se divide entre o amor da revolucionária Aline (Giulia Gam), que trabalha no palácio, e o da nobre Suzanne (Natália do Vale), mulher do conselheiro Vanoli (Jorge Dória). Humor e originalidade marcaram a novela, que tinha como um dos núcleos cômicos os conselheiros do reino – uma crítica bem-humorada ao Congresso Nacional. Eram eles: Gaston Marny (Oswaldo Loureiro), o conselheiro das Armas; Bidet Lambert (John Herbert), conselheiro dos Mares num país que não fazia fronteira com mar algum; Bergeron Bouchet (Daniel Filho), conselheiro da Moeda; Vanoli Berval, conselheiro do Rei; Crespy Aubriet (Carlos Augusto Strazzer), conselheiro do Trabalho; Gerard Laugier (Laerte Morrone), conselheiro da Alimentação. Nada funcionava direito em Avilan, nem mesmo a guilhotina, importada da Alemanha a peso de ouro, e que só não falhara nos testes.

Cláudia Abreu e Tato Gabus Mendes
Apesar de ambientada no século XVIII, a novela fazia referências à contemporaneidade, e explorou temas da realidade brasileira à época de sua exibição. Em alusão ao Plano Cruzado, pacote econômico lançado pelo governo em 1986 e que envolveu congelamento de preços e mudança da moeda nacional, o autor incluiu na trama uma reforma monetária, trocando o nome da moeda de Avilan de caduco para duca, e tirando três zeros do seu valor. Além disso, os nobres do palácio podiam ser vistos dançando samba, enquanto Juliette surpreendia a corte vestindo minissaia. Em determinado momento da trama, o conselheiro Crespy sugere que se acabe com os postos de pedágio nas estradas de Avilan, substituindo-os por selos que seriam comprados mensalmente e colocados na testa dos cavalos, numa alusão aos selos-pedágios que existiram no Brasil naquela época. Segundo o diretor Jorge Fernando, foi a partir dessa cena exibida pela novela que as pessoas começaram a perceber a relação direta que existia entre a fictícia Avilan e o Brasil.

No final da história, o povo consegue invadir o palácio, eliminar os opressores, confiscar os baús da nobreza e tomar o poder. Numa das últimas cenas da novela, o líder dos rebeldes, Jean Pierre, exclama diante do povo de Avilan: “Ninguém vai mais explorar o trabalho do pobre. Agora quero que gritem comigo: viva o Brasil!” Foi a primeira vez que o nome do reino fictício foi substituído pelo do Brasil.

Tramas Paralelas:

A Corte de Avilan:
Contando com um elenco de primeira, Que Rei Sou Eu? teve grandes interpretações, como a de Marieta Severo, no papel da feminista Madeleine Bouchet; Stênio Garcia, que se destacou como Corcoran, o bobo da corte que fazia jogo duplo, atuando a favor dos revolucionários; Tereza Rachel, com a inesquecível caracterização da Rainha Valentine, que divertia a todos com suas gargalhadas agudas; e Antônio Abujamra como Ravengar, uma mistura de bruxo, médico, astrólogo e hipnotizador, com influência sem limites na corte. No final da história, depois do levante popular, Ravengar volta com o nome Richelieu Rasputin Golbery e oferece seus préstimos ao novo governo. Disfarçado de rebelde, ele coloca sua sabedoria à disposição do rei.

Curiosidades:
Natália do Valle
Segundo o diretor Daniel Filho, o autor Cassiano Gabus Mendes havia apresentado a ideia de Que Rei Sou Eu? em 1977, mas a direção da emissora avaliou que a trama não era adequada para a conjuntura política da época. A novela foi produzida dez anos depois, e fez enorme sucesso. 

Em determinado momento de Que Rei Sou Eu?, o personagem de Edson Celulari é obrigado a usar uma máscara de ferro, como a usada pelo rei da França em O Homem da Máscara de Ferro, livro de Alexandre Dumas.

Dercy Gonçalves fez uma participação especial em seis capítulos da novela, no papel da baronesa Eknésia, mãe da rainha Valentine (Tereza Raquel). Sua atuação mereceu destaque como um dos pontos altos da trama.

Marieta Severo
Que Rei Sou Eu? foi a primeira novela em que Giulia Gam trabalhou do início ao fim da trama. Antes ela tinha feito uma participação na novela Mandala (1987), de Dias Gomes, no papel de Jocasta jovem; e atuou na minissérie O Primo Basílio (1988), de Gilberto Braga e Leonor Bassères, como intérprete de Luísa. Comprometida com o teatro, onde há havia trabalhado com diretores como Antunes Filho, a atriz contou que entrou em crise ao ser convidada para atuar na novela, gênero considerado muito comercial para os padrões das companhias de teatro. Quase não aceitou o papel.

Chico Anysio chegou a gravar uma participação especial em Que Rei Sou Eu? como o especulador estrangeiro Taj Nahal, que aplicaria um golpe na bolsa e no mercado de Val Estrite, do Reino de Avilan. A situação foi inspirada no caso Naji Nahas, o investidor paulista que, na época, protagonizava um escândalo financeiro no país e respondia a um inquérito por estelionato e formação artificial de preços na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. Ao saber da criação de Taj Nahal, o advogado de Naji Nahas entrou com um protesto judicial contra a TV Globo, afirmando que o personagem fazia um pré-julgamento de um cidadão que ainda não havia sido sentenciado pela Justiça, e que seu cliente exigiria direito de resposta no mesmo programa, caso a novela fizesse alguma referência satírica aos últimos acontecimentos. Diante disso, a emissora decidiu não exibir a cena.

Stênio Garcia
Jorge Dória improvisou um caco em uma das cenas de seu personagem, o conselheiro Vanoli, que deixou o autor Cassiano Gabus Mendes maravilhado: fazia uma correlação entre o arrulhar dos pombos e a palavra “corrupto”.

No papel do bobo da corte Corcoran, o ator Stênio Garcia, então aos 57 anos, deu o seu primeiro salto mortal. Resultado de um trabalho corporal de acrobacia de solo que passou a fazer na Escola Nacional de Circo.

A novela foi reapresentada em versão compacta de 70 capítulos entre outubro e dezembro de 1989, na faixa de programação Sessão Aventura, às 17h, um mês após a exibição do último capítulo.

Antôbio Abujamra
Em fevereiro de 1986, três anos antes de a novela ir ao ar, o governo de José Sarney anunciou o Plano Cruzado, que trazia uma nova moeda, o Cruzado, em substituição ao Cruzeiro, e congelava os salários e os preços de produtos e serviços. Em janeiro de 1989, um mês antes da estreia de Que Rei Sou Eu?, uma Medida Provisória mudou novamente a moeda brasileira: o Cruzado converteu-se em Cruzado Novo.

Elenco:
Edson Celulari – Jean Piérre

Giulia Gam – Aline
Tereza Rachel – Rainha Valentine
Tato Gabus Mendes – Pichot / Rei Petrus III
Cláudia Abreu – Princesa Juliette
Antônio Abujamra – Mestre Ravengar
Daniel Filho – Bergeron Bouchet / André Barral
Marieta Severo – Madeleine Bouchet
Jorge Dória – Vanolli Berval
Natália do Valle – Suzanne Webert
Vera Holtz – Fanny
Stênio Garcia – Corcoran
Ítala Nandi – Loulou Lion
Carlos Augusto Strazzer – Crespy Aubriet
Oswaldo Loureiro – Gaston Marny
John Herbert – Bidet Lambert
Lerte Morrone – Gérard Laugier
Aracy Balabanian – Maria Fromet
Guilherme Leme – Roland Barral
Edney Giovenazzi – François Gaillard
Zilka Salaberry – Gaby
Ísis de Oliveira – Lucy Laugier
Paulo César Grande – Bertrand
Mila Moreira – Zmirá
Fábio Sabag – Roger Vebert
Cristina Prochaska – Charlotte
Marcelo Picchi – Michel
Cinira Camargo – Lily
Carla Daniel – Cozette
Marcos Breda – Pimpim
José Carlos Sanches – Balesteros
Totia Meirelles – Monah
Soraya Ravenlle - Anete
Hilda Rebello - Alana


Participações Especiais:
Dercy Gonçalves – Baronesa Lenilda Eknésia

Gianfrancesco Guarnieri – Rei Petrus II
Carlos Kroeber – Dom Curro de la Grana
Betty Gofman – Princesa Ingrid
Eva Wilma – Marquesa D’Anjou
Luis Gustavo – Charles Miller
Ilka Soares – Marquesa de Loredan
Jorge Fernando – soldado
Chico Anysio – Taji Namas
Yolanda Cardoso – Miruska
Ítalo Rossi – Marques de Castilha
Francisco Dantas – Barão de la Rochelle
Milton Gonçalves – Barão Herr Whisky
Monique Lafond – Marquesa
Tonico Pereira – soldado
Emiliano Queiroz – La Roche
Older Cazarré - Marquês


Trilha Sonora:

NacionalCapa: Paulo César Grande

Nossa luz – Fagner
Chama - Roupa Nova
Medieval 2 - Léo Jaime
Renascer - Zizi Possi
Espanhola - Kleiton e Kledir
Nunca é tarde pra sonhar - Eddy Benedict
Cigana - Carla Daniel
Rap do rei – Luni
Bye bye tristeza - Sandra de Sá
As muralhas do teu quarto são bem altas, mas eu posso te alcançar – Wando
Finge que não falou - Nico Rezende
A dama e o vagabundo - Zé Lourenço
Raça de heróis - Guilherme Arantes
Flecha - Sagrado Coração da Terra
Que rei sou eu?" - Eduardo Dusek & Luni

Internacional
Capa: Giulia Gam

Eternal flame – Bangles
How can I go on? - Freddie Mercury & Montserrat Caballé
Someday we'll be together (el camiño) - Santa Fé
Bamboleo - Gipsy Kings
I'll always love you - Taylor Dayne
Les chemins d'amour – Matisse
Orinoco flow – Enya
Especially for You - Kylie Minogue & Jason Donovan
Like a child – Noel
Let the river run - Carly Simon
Turn turn turn - Herrey's
When I fall in love - Lil Consant
American bars - Leo Robinson
Patience - Guns N'Roses

Abertura

Capítulo 1


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