Tancredo
Neves (com mão levantada) comemora resultado da eleição do Colégio Eleitoral em
Brasília em 15 de janeiro de 1985. Tancredo foi eleito presidente do país por
480 votos contra 180 recebidos pelo seu único adversário, Paulo Maluf.
A
eleição de Tancredo Neves, apesar de indireta, foi recebida com grande
entusiasmo pela maioria dos brasileiros. Afinal, ele seria o primeiro
presidente civil do país depois de mais de 20 anos. O presidente eleito, no
entanto, jamais assumiu o governo. Na véspera da sua posse, foi internado no
Hospital de Base, em Brasília, com fortes dores abdominais. O seu vice, José
Sarney, assumiu a Presidência no dia seguinte, em 15 de março de 1985.
10
Curiosidades sobre o embate entre Tancredo e Maluf
1
- Eleição indireta
Tancredo
foi eleito presidente da República de forma indireta, tipo de votação na qual o
povo não vai às urnas para escolher seu representante. Em 15 de janeiro de
1985, 686 deputados, senadores e delegados estaduais do Colégio Eleitoral se
reuniram no Congresso Nacional para definir o sucessor do presidente militar
João Baptista Figueiredo.
2
- Maluf na frente
O
pleito teve 2h30 de duração, das 9h56 às 12h26. A votação foi feita por bancada
estadual, começando pelo Norte e terminando na região Sul. Maluf (à esq.) ficou
à frente no placar durante os primeiros minutos da sessão, enquanto votavam os
componentes da mesa diretora e os deputados e senadores do Acre. Depois disso,
Tancredo liderou o placar.
3
- Confusão
Um
deputado quase foi agredido durante a votação. O malufista Nilson Gibson
(PSD-PE) se absteve de votar e por isso quase foi agredido pelo deputado e
cantor Agnaldo Timoteo (PDT-RJ), tendo de sair às pressas do plenário.
4
- Tancredo eleito
Tancredo
foi eleito por 480 votos (69%) contra 180 (26%) recebidos por Maluf. Foram
registradas nove ausências --cinco do PT, duas do PMDB, uma do PDS, e de Jiúlio
Caruso (PDT), que estava acidentado. Também houve 17 abstenções, entre elas a
do líder do PDS na Câmara, Nelson Marchezan, que foi vaiado. Maluf não venceu
em nenhum Estado.
5
- Festa no 344º voto
O
voto mais comemorado, mais até que o anúncio do resultado final do pleito, foi
o proferido pelo deputado João Cunha (PMDB-SP), o de número 344, quantidade que
corresponde à maioria absoluta necessária para conseguir a eleição.
6
- Dissidência derrotou Maluf
Maluf
parabenizou Tancredo, que chegou a ter larga vantagem sobre o adversário desde
o início da campanha, que durou cinco meses. Dias antes do pleito, Maluf chegou
a admitir a derrota. "Não adianta chorar o leite derramado",
declarou. Sua derrota foi atribuída à dissidência pedessista. Até o vice do
presidente João Baptista Figueiredo, Aureliano Chaves, se desligou do
governista PDS.
7
- Críticas a Sarney
A
quantidade de votos recebida por Tancredo poderia ter sido maior, caso não
fossem as críticas que setores da oposição faziam ao seu candidato a vice, José
Sarney (à dir.), que havia sido presidente do governista PDS. Sarney renunciou
à presidência do partido em junho de 1984. Ele defendia a realização de prévias
para a escolha do candidato do partido, mas Maluf se recusou a participar.
8
- Após discurso, povo fica sem aceno
Após
a divulgação do resultado da votação, Tancredo fez um discurso de 19 páginas e
31 minutos: "Esta foi a última eleição indireta do país; venho para
realizar urgentes e corajosas mudanças políticas, sociais e econômicas
indispensáveis ao bem estar do povo". Eufóricas, dezenas de pessoas
suportaram chuva forte em frente ao Congresso, na esperança de ver o
presidente, mas ele não deu as caras.
9
- Festa da vitória
Em
frente ao Congresso, cerca de 5.000 pessoas comemoraram o resultado da eleição
com trio elétrico, charanga, samba, frevo, maracatu, bandeiras do Brasil, do
Corinthians, Flamengo, de partidos comunistas. As pessoas gritavam "A
liberdade chegou!"; "Acabou, acabou a ditadura"; "Chora
Figueiredo, Figueiredo chora. Chora Figueiredo que chegou a sua hora.;
"Ia, ia, ia, acabou a mordomia".
10
- Aniversário de Figueiredo
Tancredo
foi eleito no mesmo dia do aniversário de João Baptista Figueiredo, o último
presidente da ditadura militar, período que durou 21 anos no país. Ele
comemorou a data na Casa de Saúde São José, no Rio, onde estava internado por
causa de uma cirurgia na coluna.
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