O
Conselho de Ética da Câmara aprovou
o parecer que recomenda a cassação do deputado Eduardo Cunha. Os deputados entenderam que Cunha mentiu quando disse que não tinha contas no exterior. Foram dois
votos na Comissão de Ética da Câmara surpreendentes que deixaram o deputado
Cunha na corda bamba.
Surpreendentes
e decisivos. Afinal, o resultado foi de 11 votos pela cassação contra nove.
Teve adversário de Eduardo Cunha que chamou Tia Eron de heroína. O
voto da deputada seguiu a corrente atual do partido dela, o PRB.
Outra
surpresa foi a de um aliado de Eduardo Cunha, o deputado Wladimir Costa
do Solidariedade do Pará.
O
presidente do Conselho de Ética e o relator do pedido de cassação não escondiam
a felicidade.
“Contra
fatos não há argumentos, taí a vontade dos deputados do Conselho de Ética”,
destacou o presidente do colegiado, deputado José Carlos Araújo (PR-BA).
Onze
votos a favor da cassação do mandato de Eduardo Cunha, nove contra. E o grupo
de Cunha, que perdeu, se retirou logo depois do resultado, deixando para trás
deputados exibindo a vitória, que era uma dúvida até o último momento.
Tia
Eron (PRB-BA), a dona do voto
mais esperado, chegou dizendo:
"Não
mandam nessa nega aqui, nenhum dos senhores manda”, avisou.
E
veio o voto dela, apontada como defensora de Cunha.
“Eu
não posso, aqui, absolver o representado nessa tarde, eu não posso, eu não
posso, quero votar, sim, com o relatório do deputado Marcos Rogério”, disse Tia
Eron.
Festa
ao lado de quem lutou pela cassação. Mas outra surpresa estava por vir. O
deputado Wladimir Costa, do Solidariedade do
Pará, que passou o processo inteiro defendendo Eduardo Cunha, inclusive na
terça-feira (14) fez um discurso em favor do presidente afastado, na hora “H”,
mudou de ideia e também votou pela cassação
“Eu
não quero aqui frustrar o meu partido, ou quem quer que seja, ou alguns que
imaginavam que iríamos votar diferente. Eu finalizo dizendo que vamos votar com
o relatório do deputado Marcos Rogério”, disse Costa.
A
perda do mandato foi aprovada no Conselho porque deputados concluíram que
Eduardo Cunha mentiu ao dizer que não tinha contas no exterior, no ano passado,
na CPI da Petrobras.
E a mentira é caso de cassação.
Deputados
defensores de Cunha e o advogado dele insistiram, mais uma vez, em rebater os
argumentos.
“Os
acusadores não conseguiram fazer a prova de que ele havia mentido, houve uma
condenação sem prova e isso é linchamento”, queixou-se o advogado Marcelo
Nobre.
“Ele
era dono do dinheiro, ele é dono da conta, o banco prestava contas a ele, havia
a assinatura dele junto ao banco, cópia do passaporte dele, as correspondências
iam para ele, a contrassenha era o nome da mãe dele, que dúvidas há quanto à
titularidade dele? Apenas ele usou um sofisticado instituto jurídico para
esconder as contas”, rebateu o relator do processo, deputado Marcos Rogério (DEM-RO).
Eduardo
Cunha não acompanhou a sessão. Ele foi afastado da Câmara há um mês e meio pelo
Supremo justamente porque estava atrapalhando as investigações da Lava Jato e o
processo no Conselho.
Em
nota, disse que o processo foi todo conduzido com parcialidade, nulidades
gritantes. Falou ainda que essas nulidades serão todas objeto de recurso na
CCJ, Comissão de Constitutição e Justiça, onde, segundo ele, tem absoluta
certeza de que esse parecer não será levado adiante. E terminou dizendo que é
inocente da acusação de mentir na CPI.
Nenhum comentário:
Postar um comentário