A
mineradora Samarco (sociedade da Vale e da BHP Billiton) não é a
única que deve ser responsabilizada pelo desastre ambiental em Mariana (MG), e
o governo também precisa assumir seu papel na proteção às vítimas. O alerta foi
feito nesta terça-feira (15) pela principal autoridade da Organização das
Nações Unidas (ONU) sobre direitos humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein.
O
alto comissário da ONU para Direitos Humanos usou seu discurso anual aos
governos em Genebra para destacar o desastre em Minas Gerais, como um dos temas
de preocupação do ano, ao lado da guerra na Síria, a crise em determinados
países e a situação dos refugiados.
Ao
explicar que esteve com autoridades brasileiras na semana passada, Zeid indicou
que fez questão de tocar no tema do "recente desastre em Minas
Gerais". "Apelei por uma investigação profunda e imparcial",
disse o comissário.
Para
a ONU, porém, não basta apenas colocar a culpa na Samarco. "Recordei
(as autoridades) para a responsabilidade compartilhada que Estados e empresas
devem ter na proteção e respeito pelos direitos humanos", insistiu.
Em
Paris, ainda em novembro, a presidente Dilma Rousseff criticou o setor privado.
"A ação irresponsável de uma empresa provocou o maior desastre ambiental
na história do Brasil, na Grande Bacia Hidrográfica do Rio Doce", afirmou.
"Estamos reagindo pesado com medidas de punição, apoio às populações
atingidas, prevenção de novas ocorrências e também punindo severamente os
responsáveis por essa tragédia."
Em
apenas duas semanas, essa é a quarta vez que a ONU se pronuncia sobre o caso de
Mariana. Uma equipe de peritos das Nações Unidas chegou a ser enviada à região
e anunciará na quarta-feira (16), no Brasil, o resultado do que pôde constatar.
Na
semana passada, o relator das Nações Unidas para o Direito à Água e ao
Saneamento Básico, Léo Heller, criticou o governo por não estar garantindo
acesso à água para as vítimas do desastre ambiental em Mariana e alertou que
análises do rio Doce revelaram "níveis de elementos tóxicos que superam os
níveis aceitáveis".
"Mais
de um mês após o evento, centenas de milhares de pessoas dos Estados de Minas
Gerais e do Espírito Santo ainda sofrem com interrupções no abastecimento de
água", alertou o relator da ONU.
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