Representantes
das famílias do piloto e copiloto do avião cuja queda
vitimou, além deles, o então candidato à presidência da República, o
ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, e
outras quatro pessoas apontaram uma falha no sensor de velocidade como a
possível causa determinante para o acidente.
O
argumento servirá como base para uma ação nos Estados Unidos contra a Cessna,
fabricante do avião.
Esta
e outras possíveis falhas técnicas, de acordo com o advogado Josmeyr Oliveira,
não foram investigadas de forma aprofundada pelo Cenipa (Centro de Investigacao
e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), cujo relatório final destacou a falha
humana como causa determinante para o acidente.
Apresentado
na terça-feira, 19, em Brasília, o documento descartou falhas técnicas e
apontou a fadiga, despreparo e desorientação do piloto Marcos Martins e do
copiloto Geraldo Magela para realizar manobras de emergência naquele tipo de
aeronave.
O
documento é considerado "reducionista, negligente e incompleto" pelo
advogado. "Faltaram dados para eles criarem paradigmas para dizer o que
aconteceu e o que não deveria ter acontecido", disse Oliveira.
Relatório
paralelo produzido com o auxílio do perito Carlos Camacho, ex-comandante de
aeronaves de grande porte, rebate uma a uma as argumentações do Cenipa, de que
os pilotos estariam cansados e despreparados para aquele voo.
Segundo
Camacho, antes de viajar na manhã de 13 de agosto de 2015, dia do acidente, os
pilotos tiveram 34 horas de repouso e estavam preparados.
"Eles
fizeram 90 missões naquela aeronave antes daquele voo. Mesmo se eles tivessem
tido treinamento falho, isso seria compensado pela experiência", disse.
O
perito também rechaçou o argumento de que os pilotos tiveram desorientação
espacial durante o procedimento de arremeter o avião. "Só quem já teve uma
desorientação sabe o que é. Não se vê nada. E as últimas imagens da queda,
colhidas em uma igreja, mostram que os pilotos já estavam retomando o controle
do avião", disse.
Omissões
O
relatório independente aponta ao menos duas omissões no documento do Cenipa: a
ausência de uma "reconstituição" do acidente em um simulador de voo e
a recusa do órgão em analisar acidentes e incidente ocorridos em aeronaves do
modelo semelhante, mesmo depois de esses casos terem sido encaminhados pelos
representantes dos pilotos.
Segundo
Camacho, há casos antes e depois do acidente de 13 de agosto que apontam para a
falha no sensor de velocidade como causa da perda de estabilidade do avião.
"Em 2001, na Suíça, os pilotos tiveram altitude suficiente para recuperar
o controle da aeronave", disse.
O
equipamento é responsável por impedir que procedimentos próprios ao pouso, como
o uso de flaps (ferramenta instalada nas asas que permite estabilização da
aeronave mesmo em velocidades mais baixas) e estabilizadores, sejam usados em
momentos de maior potência do motor.
Em
caso de uso dos flaps em velocidade acima de 200 nós, o "nariz" do avião
tende a apontar para o chão, diz Camacho.
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