Laura,
filha de ex-barões do café, e Isabel, jovem negra, pobre e trabalhadora, se
conhecem na igreja, enquanto aguardam seus futuros maridos para subir ao altar.
Ali, entre meias confidências, nasce uma amizade genuína entre as duas, que
perpassa toda a trama. Enquanto Isabel espera ansiosa e feliz pela chegada do
noivo Zé Maria (Lázaro Ramos), convicta de que é isso que quer para sua vida,
Laura não esconde suas dúvidas e temores diante de um casamento que não deseja:
ela vai se casar com Edgar (Thiago Fragoso) contra sua vontade, já que o que
gostaria mesmo é de estudar e trabalhar para ser independente e, um dia,
tornar-se escritora. Desejos que não correspondem ao papel imposto para as
mulheres da época e, portanto, incompreendidos pela sociedade.
Laura
(Marjorie Estiano) e Edgar (Thiago Fragoso) ficaram noivos muito jovens, pouco
antes de ele ir para Portugal estudar Direito. Ao longo de quatros anos de
separação, já não se amam mais, mas não têm coragem de romper o compromisso,
receando magoar um ao outro. Interessada na aproximação de sua família com a
família de Edgar, filho de um senador da República, a ex-baronesa Constância (Patrícia
Pillar), mãe de Laura, fez o que pôde para manter esse noivado, como enviar
poemas e presentes para o rapaz como se fosse Laura. Os jovens se casam sem
amor, mas vão encontrando muitas afinidades até se descobrirem apaixonados. A
felicidade do casal, porém, é interrompida por uma carta da cantora lírica
Catarina (Alessandra Negrini), com quem Edgar viveu um romance em Portugal. Ela
conta que os dois tiveram uma filha, Melissa, e que o bebê está muito doente.
Edgar viaja para Portugal para acudir a menina. Logo após a partida, Laura
descobre que está grávida. Abalada e sofrendo muito sem notícias do marido, ela
acaba perdendo a criança.
Edgar
retorna ao Brasil com Catarina e Melissa, para que a filha tenha a assistência
paterna. Catarina trama vários planos para separar o ex-amante de Laura, levantando
suspeitas sobre a fidelidade dele. Laura pede o divórcio, um escândalo para a
época, e vai embora do Rio de Janeiro, voltando à cidade seis anos depois. Por
coincidência, ela se torna professora na escola de Melissa (Eliz David), que se
tornou uma criança frágil, que inspira cuidados. Laura se afeiçoa à menina, sem
saber que ela é filha de Edgar. Quando os dois se reencontram, percebem que
ainda se amam. Laura, no entanto, em nome de sua independência, não quer voltar
a morar com o ex-marido no momento. O
divórcio de Edgar e Laura se torna público depois que ela volta à cidade, e
Laura perde o emprego de professora. Com o tempo, passa a atuar como
jornalista, escrevendo com o pseudônimo de Paulo Lima. Paralelamente, Edgar
exerce a mesma atividade, e também assina seus artigos e reportagens com outro
nome. Um admira os artigos do outro, sem desconfiar dos nomes falsos. Quando
Laura descobre que Edgar é o autor dos textos que tanto a fascinam, os dois
superam a crise, revogam o pedido de divórcio e voltam a viver juntos. Depois
de cometer várias maldades, Catarina, que se envolvera com Fernando (Caio
Blat), o irmão inescrupuloso de Edgar, é presa no fim da trama. A polícia
descobre que ela é a responsável pelo incêndio criminoso que atingiu a escola do
morro da Providência e que colocou sua própria filha em perigo.
Isabel
(Camila
Pitanga) é negra, filha de um ex-escravo, o barbeiro Seu Afonso (Milton
Gonçalves). Trabalha desde os 14 anos na casa de Madame Besançon (Beatriz
Segall), que a ensinou a falar francês, e mora com o pai em um cortiço,
núcleo dos personagens pobres da novela. Zé Maria (Lázaro Ramos) também é um
dos moradores do local. Homem íntegro e justo, trabalha com Seu Afonso na
barbearia, sendo conhecido como Zé Navalha. Ele não hesita em defender seus
direitos, especialmente em uma sociedade ainda extremamente preconceituosa com
os negros. A
ficção reconstitui a realidade ao encenar o “bota abaixo”, quando inúmeros
cortiços foram demolidos por ordem do prefeito Pereira Passos para a execução
de um plano de reforma do espaço urbano da então capital federal. No dia do
casamento, Zé Maria se envolve em um confronto com policiais para defender os
moradores do cortiço onde mora, e é levado preso, com o agravante de ter usado
a capoeira, prática proibida na época, para enfrentar a polícia.
Zé
Maria é exímio capoeirista, mas não pratica em prejuízo de ninguém, apenas como
manifestação genuína de sua cultura. Como a capoeira está associada à
bandidagem, ele é mantido preso. Sem notícias do que pode ter acontecido com o
noivo, Isabel volta para casa desolada, e tem mais um dissabor ao descobrir que
ela e o pai, assim como vários moradores, não têm mais casa. Todos vão morar no
morro da Providência, no centro do Rio, a primeira favela surgida na cidade. Certa
de que Zé Maria a abandonou, Isabel é seduzida por Albertinho (Rafael Cardoso),
filho de Constância (Patrícia
Pillar), com quem tem sua primeira noite de amor. Quando Zé sai da cadeia e
vai à procura de sua amada, descobre que ela está esperando um filho, e rompe a
relação. Isabel também é rejeitada pelo pai, que não aceita a desonra da filha. Meses
se passam e Isabel dá à luz o filho de Albertinho. Constância, que nunca
aprovou essa história, arma um plano para que a moça pense que seu filho nasceu
morto. Sofrendo muito, Isabel decide embarcar para a França, onde se torna uma
dançarina bem-sucedida. Elias (Cauê Campos), seu filho, é criado no morro da
Providência, perto do avô, sem que ninguém saiba que é o filho de Isabel. Já Zé
Maria, para esquecer Isabel, alista-se na Marinha do Brasil, tendo atuação
relevante na Revolta da Chibata.
De
volta ao Brasil, com uma bem-sucedida carreira de dançarina na Europa, Isabel
reencontra Zé Maria, e os dois retomam o romance. Isabel brilha no palco do
Teatro Alheira com seu show de samba, mas Zé, desempregado, sente-se diminuído,
e incomodado com o sucesso da amada. Quando consegue um emprego num jornal, ele
pede Isabel em casamento. A
essa altura, Isabel descobre que seu filho está vivo. Sabendo que terá de se
aproximar de Albertinho, o pai do menino, ela rompe o noivado com Zé Maria,
para poupá-lo do incômodo de ter de conviver com o janota. Zé Maria inicia um
romance com a médica Fátima (Juliana Knust), enquanto Isabel tenta conquistar o
filho que, a essa altura, já foi “envenenado” por Constância contra ela. A
refinada avó de Elias se afeiçoa de verdade ao menino, ainda que continue
preconceituosa em relação aos negros, e tenta fazer com que ele rejeite a mãe. No
final da trama, Zé Maria e Isabel reatam a relação e se casam em uma cerimônia
no morro da Providência. Albertinho, por sua vez, após deixar-se conduzir pela
mãe durante toda a trama, pede perdão a Elias por tê-lo rejeitado como filho,
arruma um emprego e reconstrói sua vida.
Lado
a Lado conquistou o prêmio Emmy Internacional 2013 como Melhor
Novela. Concorreu, entre outras produções, com Avenida Brasil, de João
Emanuel Carneiro.
Lado
a Lado foi premiada em 2013 pelo Centro de Articulação de Populações
Marginalizadas (CEAP), que promoveu a sétima edição do Prêmio Camélia da
Liberdade, no Rio de Janeiro. A novela venceu na categoria "Veículo de
Comunicação" por mostrar a situação dos negros após a abolição da
escravatura e fazer os telespectadores refletirem sobre a condição atual do
negro no Brasil.
Esta
foi a primeira novela de autoria do jornalista e escritor João Ximenes Braga.
João Ximenes foi correspondente do jornal O Globo em Nova York, por quatro
anos. Tem quatro livros lançados: os romances Juízo (7 Letras) e Porra (Objetiva);
a seleção de contos A Mulher que Transou com o Cavalo e Outras Histórias(Língua
Geral); e uma das crônicas que publicou no Globo, A Dominatrix Gorda.
O jornalista ingressou na oficina de autores da Globo em 2004, e começou
sua carreira na teledramaturgia como colaborador de Gilberto
Braga e Ricardo
Linhares nas novelas Paraíso Tropical (2007) e Insensato
Coração (2011).
Lado
a Lado também é a primeira novela da escritora Claudia Lage, que é formada
em literatura e teatro. Ela é autora do livro de contos A Pequena Morte e
Outras Naturezas (Record, 2000) e deMundos de Eufrásia (Record,
2009), indicado ao Prêmio São Paulo de Literatura 2010 como melhor romance de
estreia. Desde 2001, dá aulas em oficinas de criação literária. Também fez
parte da oficina da Globo em 2004, tendo trabalhado como colaboradora das
novelas Páginas da Vida (2006) e Viver a Vida (2009), ambas
de Manoel
Carlos.
Vinícius
Coimbra é diretor de TV e cinema. Começou a carreira em 1989, fazendo
publicidade. Foi assistente de direção dos filmes A Hora Mágica (1999),
de Guilherme de Almeida Prado, e Central do Brasil (1998), de Walter
Salles.
Em 2011, foi o grande vencedor do Festival do Rio com o filme A
Hora e a Vez de Augusto Matraga, arrebatando cinco prêmios, entre eles o de
melhor filme pelos júris oficial e popular, feito inédito na história do
festival. Vinícius ingressou na Globo em 1998, e desde então já assinou a
direção de onze novelas e minisséries, como Sabor da Paixão, Celebridade e JK,
entre outras. Sua primeira direção-geral foi a novela Insensato Coração,
também ao lado de Dennis
Carvalho.
Elenco:
Marjorie Estiano – Laura
Thiago Fragoso – Edgar
Camila Pitanga – Isabel
Lázaro Ramos – José Maria
Patrícia Pillar – Constância
Cássio Gabus Mendes – Bonifácio Vieira
Alessandra Negrini – Catarina
Rafael Cardoso – Alberto
Maria Padilha – Diva Celeste
Caio Blat – Fernando
Sheron Menezes – Berenice
Milton Gonçalves – Afonso
Zezeh Barbosa – Tia Jurema
Paulo Betti – Mário
Beatriz Segall – Madame Besançon
Isabela Garcia – Célia
Emílio de Mello – Carlos Guerra
Maria Clara Gueiros – Neusa
Priscila Sol – Sandra
Tuca Andrada – Frederico
Christiana Guinle – Carlota
Marcello Melo Jr. – Caniço
Bia Seidl – Margarida
Werner Schunemann – Alberto
Susana Ribeiro – Teresa
Álamo Facó – Vasco Queirós
Débora Duarte - Eulália
Guilherme Piva – Heráclito
Klebber Toledo – Umberto
André Arteche – Luciano
Daniel Dalcin – Teodoro
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