A crise no Brasil foi
incluída pela consultoria Eurasia Group, uma das mais importantes do
mundo, entre os 10 maiores riscos internacionais para o ano de 2016.
"A
crise política e econômica deve piorar ao longo de 2016. Ao contrário das
esperanças de alguns comentaristas e atores do mercado, a batalha do
impeachment de Rousseff no começo do ano não deve terminar o impasse
político", diz o texto.
O
problema é que se Dilma sobreviver
no cargo, provavelmente não terá cacife para aprovar as reformas necessárias
para conter o déficit público, além de continuar vulnerável aos efeitos da Lava Jato e
da investigação sobre o ex-presidente Lula. A
briga pelo impeachment exigirá da presidente acenos a sua base de esquerda - o
que explica a nomeação de Nelson Barbosa para o Ministério da Fazenda e tende
ao enfraquecimento do ímpeto por corte de gastos.
"Se
Rousseff continuar no cargo, será uma presidente cada vez mais cativa dos
elementos radicais de seu partido e amarrada por um Congresso mais antagonista,
levando à paralisia política", diz o texto.
Caso
Dilma caia e Temer assuma (o que a Eurasia considera menos provável) poderia
haver um otimismo inicial no setor privado, com apelo pela união nacional,
apoio do PSDB e sugestão de reformas. Mas
as fraquezas apareceriam rápido, já que o PMDB de Temer continuaria sendo
alvejado pela Lava Jato, e manter o apoio político ao novo governo ficaria cada
vez mais custoso para os outros partidos. Temer
ainda teria que lidar com um PT sem medo de ser oposição, descontente com a
saída de Dilma e com uma nova "agenda neoliberal", e isso em um
cenário de desemprego chegando
a dois dígitos.
Segundo
a Eurasia, a forma mais "limpa" de sair da crise seria com a anulação
da eleição de 2014 pelo Tribunal Superior Eleitoral com base na acusação de
contribuições ilícitas de campanha. Uma eleição seria convocada em 90 dias. "Apesar
de improvável, este resultado teria o benefício de trazer um presidente eleito
diferente com legitimidade política nova. Mas não estamos apostando nisso. 2016
será caracterizado pelo aprofundamento da crise no Brasil", diz o texto.
Veja
quais são os 10 maiores riscos internacionais para 2016 segundo o Eurasia
Group:
1.
O esvaziamento da aliança transatlântica entre Estados Unidos e Europa
2.
O fechamento da Europa em si mesma
3.
O impacto da desaceleração da China
4.
A ameaça do Estado Islâmico e seus "amigos"
5.
Discórdia e instabilidade na Arábia Saudita
6.
A entrada de atores importantes do mundo tecnológico no mundo político
7.
Líderes imprevisíveis como Vladimir Putin (Rússia) e Taryp Erdogan (Turquia)
8.
Crise no Brasil
9.
Menos eleições (e, portanto, oportunidades de mudança) em mercados emergentes
10.
Turquia
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