segunda-feira, 25 de abril de 2016

Especialista apontam falhas em construção da Ciclovia Tim Maia


A queda de parte da ciclovia Tim Maia deixou a população perplexa. O questionamento é: como é possível, apenas três meses depois de inaugurada, parte da pista, que custou R$ 44,7 milhões, tenha desabado? Muitas são as hipóteses para que a estrutura não tenha suportado a fúria do mar, mas entre as principais estão o fato de a força das ondas ter sido subestimada e o de a pista estar apenas apoiada nos pilares de sustentação.

Luiz Carneiro, diretor do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-RJ), diz que o ideal era que o tabuleiro (a pista) estivesse preso às pilastras:
— Vimos que o tabuleiro da ciclovia estava apenas apoiado justamente em um lugar com incidência dessa força que vem de baixo para cima. É uma falha que não tem desculpa. O projeto tem que levar em consideração o efeito da onda, não só para o tabuleiro, mas para tudo, inclusive para o pilar.

O engenheiro civil Roberto Lozinsky, especialista em estruturas metálicas, também sugere que a falta de fixação da ciclovia aos pilares aliada à força da onda pode ter causado o acidente. Para ele, ainda há o agravante de que, naquele trecho da Niemeyer, há uma falha na rocha, que faz com que a onda ganhe ainda mais força:

— Ali tem uma diferença geológica. Quando a água entra na fenda, ela adquire uma força muito maior. A plataforma não estava ancorada devidamente. Pelo que parece, ela estava simplesmente apoiada.

O engenheiro Antônio Eulálio, conselheiro do Crea, também disse que a força das ondas foi subestimada. Ele ressalta ainda que, ao visitar o local do acidente, percebeu que o trecho que desabou tinha apenas uma viga em sua estrutura, diferentemente de outras partes da ciclovia, característica que também pode ter influenciado na queda:

— O engenheiro desprezou ou subestimou a força das ondas. Quando projetamos estruturas no mar, como plataformas de petróleo, calculamos o efeito da onda mais forte dos últimos cem anos para fazer o projeto.

PADRÃO TÉCNICO
O consórcio Contemat/Concrejato, responsável pela obra da ciclovia na Avenida Niemeyer, informou ontem, por meio de nota, que “lamenta profundamente o acidente” e que “se solidariza com as famílias das vítimas”. Anunciou ainda que uma investigação interna, com a participação de consultores independentes, foi aberta para avaliar se alguma atividade sob a responsabilidade do consórcio contribuiu para o desabamento.

A empresa diz que, na obra, “executou integralmente todos os requisitos técnicos previstos no edital de licitação e no projeto básico fornecido pela contratante (a prefeitura)”. Segundo a nota, “os materiais empregados e a qualidade da construção seguiram todos os padrões técnicos previstos nas normas”.


A empresa explicou que obras complexas, como a da ciclovia, seguem as orientações do projeto básico, desenvolvido a partir de estudos técnicos de viabilidade. A nota do consórcio diz ainda que a fiscalização das obras foi exercida pela prefeitura, “não tendo sido apontada qualquer irregularidade”.

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