Um
procurador federal argentino aceitou nessa quinta-feira (7) a abertura de uma
investigação sobre a participação presidente Mauricio Macri em duas sociedades
offshore, uma delas revelada na investigação mundial denominada "Panama
Papers", segundo um documento judicial, informa a agência France Presse.
O
procurador Federico Delgado pediu ao juiz Sebastián Casanello que sejam
solicitadas informações à autoridade fiscal argentina (AFIP) e um parecer do
órgão anticorrupção, entre outras fontes, para determinar se Macri omitiu
"maliciosamente" sua declaração de bens.
Ter
uma offshore não é ilegal, desde que a empresa seja declarada no Imposto de
Renda.
A
investigação busca esclarecer a situação do presidente argentino, que figura
como diretor na empresa Fleg Trading Ltd. inscrita nas Bahamas, segundo os
"Panama Papers", e na Kagemusha SA, da qual Macri seria
vice-presidente, segundo seu registro no Panamá. Essa última firma ainda está
em funcionamento, segundo um documento da procuradoria ao qual a AFP teve
acesso.
A
primeira sociedade foi registrada nas Bahamas em 1998 pelo pai do mandatário,
Franco Macri, dono de um importante conglomerado de empresas na Argentina, para
fazer um empreendimento no Brasil que não prosperou e que segundo explicou
Franco Macri esta semana, "nunca esteve ativa", motivo pelo qual foi
fechada em 2008.
O porta-voz oficial de Macri, Ivan Pavlovsky, afirmou no último domingo, dia em que o dossiê foi revelado, que ele não declarou a empresa porque não tinha capital de participação. Segundo ele Macri foi ocasionalmente diretor na empresa, embora nunca tenha sido um acionista.
O porta-voz oficial de Macri, Ivan Pavlovsky, afirmou no último domingo, dia em que o dossiê foi revelado, que ele não declarou a empresa porque não tinha capital de participação. Segundo ele Macri foi ocasionalmente diretor na empresa, embora nunca tenha sido um acionista.
Denúncia
de deputado
Delgado decidiu abrir a investigação após denúncia apresentada nessa quarta-feira pelo deputado do opositor Frente para la Victoria, Norman Darío Martínez.
Delgado decidiu abrir a investigação após denúncia apresentada nessa quarta-feira pelo deputado do opositor Frente para la Victoria, Norman Darío Martínez.
Em
sua denúncia, o procurador pede que o presidente responda se "conheceu,
colaborou, decidiu ou aprovou manobras de lavagem de dinheiro ou evasão de
impostos na Argentina, no Brasil ou em outro país, e se o motivo da criação
dessas sociedades nas Bahamas foi ocultar essas manobras planejadas".
O
legislador também pediu na justiça que se investigue um homem próximo ao
presidente, Néstor Grindetti, atual prefeito de Lanús (periferia sul de Buenos
Aires), que movimentou uma sociedade no Panamá e uma conta bancária na Suíça
entre 2010 e 2013, quando era secretário da Fazenda da prefeitura de Buenos
Aires durante o mandato do atual presidente Macri (2007-2015).
Eleito
em novembro de 2015, após prometer uma gestão exemplar, o presidente de
centro-direita tem tido sua imagem atingida pelas revelações do Consórcio
Internacional de Jornalistas Investigativos que sacodem seu governo desde o
domingo passado.
Macri
nega tudo e argumenta que as empresas offshore pertenciam ao Grupo Macri,
dirigido por seu pai Franco.
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