quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Entrevista - Marjorie Estiano



Quem se lembra de Marjorie Estiano com os cabelos vermelhos e curtos de Natasha, sua personagem em "Malhação", definitivamente não iria reconhecê-la agora. Mais madura e mais segura de suas vontades, a atriz deixou a rebeldia adolescente de lado para dar vida a uma mulher madura e à frente de seu tempo em "Lado a Lado". Marjorie está novamente em um folhetim do horário das 18h como Laura, uma mulher que bate de frente com a mãe para defender aquilo que acredita. Além da novela, a atriz também decidiu investir novamente na carreira musical e mesmo emendando duas novelas, ela conseguiu arrumar um tempo para produzir um novo disco, que será lançado em breve. Confira mais sobre os trabalhos e a vida pessoal de Marjorie Estiano!

FAMOSIDADES - Em 'Lado a Lado', a Laura é uma mulher à frente do seu tempo. Como é interpretar personagens que marcaram a história da mulher no mundo?
MARJORIE ESTIANO - É muito prazeroso poder falar desta mulher, que abriu caminho e que tornou o nosso dia a dia mais fácil. É maravilhoso poder falar sobre a história, e nós temos a oportunidade de entendê-la melhor. Eu digo isso em relação a tudo. Da relação com o negro, com a mulher... essas discriminações abordadas na novela. Racial, social, a origem da favela, a chegada do futebol... São elementos históricos muito importantes.

Seu último trabalho é recente e, mesmo assim, você consegue manter a carreira musical em paralelo. Conseguiu um tempo pra descansar? Você estava trabalhando em um CD novo?
Na verdade o CD já estava em pré-produção, mas deu pra descansar sim! Não lancei CD, meu último trabalho musical foi em 2007. Eu entrei na novela 'A Vida da Gente' e emendei com o filme 'Tempo e Vento'. Depois comecei com as gravações de 'Lado a Lado'. Estou trabalhando em alguns detalhes importantes, como conceito, repertório, composição... Não tive tempo pra viajar, mas deu pra descansar sim!

A Laura bate de frente com a mãe. Você, apesar de ser jovem, mas hoje uma mulher independente, também batia de frente com seus pais?
Acho que não é bem uma questão de rebeldia da Laura com a mãe e sim algo realmente estabelecido. É uma questão de viés mesmo. Elas pensam e são mulheres muito diferentes. Não é uma desavença de adolescente. A Laura não é uma rebelde sem causa, não é algo apenas de uma fase e sim que vai permanecer. Não acredito que a Constância vá mudar de opinião e neste sentindo também acredito que a Laura não vá mudar. Claro que tive atritos com a minha mãe e com o meu pai. E não deixo de ter outros tipos hoje em dia. Mas acredito que fazem parte. E a convivência é saudável. Já a Laura e a Constância são intoleráveis. A Constância é muito evasiva, elas não têm uma relação saudável e estabelecida, de maneira construtiva. O que acontece muito é que ela não respeita a individualidade da Laura. A Constância idealiza a felicidade para a filha. Que não escuta e nem ouve, não quer saber. A felicidade para ela é diferente. Ela tem um ideal de felicidade que não é o mesmo da mãe. A Constância acredita que aquela forma é a única em que a pessoa possa ser feliz. Casada com um bom partido, com dinheiro, conforto. Tem que saber ser o reflexo e acompanhante do marido.

Essa é a primeira vez que você trabalha ao lado da Patrícia Pilar. Como tem sido essa parceria? Mas tem também a Camila Pitanga, na qual contracenaram juntas constantemente.
Mas não deixa de ser uma parceria com a Patrícia também porque nós contracenamos direto. Essa relação com a mãe é sempre muito pautada. Elas são muito intensas, em função das interferências na vida da Laura. E dela sempre buscando enxergar a maneira dela. Haverá muitos conflitos. Mas está sendo ótimo, porque tanto a Patrícia como a Camila são atrizes muito generosas. Elas são absolutamente disponíveis e isso é fundamental pra trabalhar junto. Você acaba criando um afeto que particularmente nós não temos. Nós vamos descobrindo e é necessária esta abertura, pra poder me sentir a vontade pra fazer o meu trabalho. Valorizar, potencializar e fazer a cena crescer mais.

Você acha que os anos de experiência na sua vida pessoal lhe trouxeram amadurecimento pra a carreira profissional?
É uma via de mão dupla, tanto as conquistas e, principalmente, no trabalho como ator. Até porque nós exercitamos muitas questões. Você entra em contato direto com aquilo. Você se prepara do seu julgamento para contar a história de cada personagem. Esse envolvimento, raciocínio e reflexão, faz com que você amadureça bastante. E tem o lado da vida pessoal e eu sempre investi para o trabalho de atriz. É um círculo.

Você e o André (Aquino) terminaram há pouco tempo. No momento você está solteira? Vocês ainda mantêm contato?
Estou solteira! Somo bons amigos. Mantemos um bom relacionamento. Estamos trabalhando juntos em um próximo CD. A gente compõe junto. Temos uma relação bacana! Por enquanto não posso falar sobre este trabalho porque não está conciso ainda. É uma pré-produção mesmo. Estamos em pesquisa de repertório. Ainda não está maduro pra poder falar alguma coisa.

Mesmo com as gravações a todo vapor, você pensa em fazer outros trabalhos paralelos?
Sim! É bastante puxado e na verdade estou envolvida com três projetos. Tem uma peça que ainda estou ensaiando. Com direção de Monique Gardenberg. São contos do Murakani (Haruki) que a Monique adaptou, do mundo fantástico dele. E nós vamos contar a história do Desaparecimento do Elefante. No elenco está Duda Mendonça, André Frateschi, Rafael Primo, Fernanda Freitas. A estreia é 27 de outubro, no Rio de Janeiro. Apesar de ser corrido são projetos que estou conseguindo levar. Estou feliz com a novela, com a peça, o trabalho com o CD. Esses projetos me relaxam e são prazerosos também. Pra mim não é tão desgastante.

O final do ano te faz pensar sobre o ano que você teve? Chega a fazer uma avaliação das coisas que você queria ter feito e não fez?
Sempre! Faço avaliação do que foi feito, do que quero atingir, do que faltou, do que eu quero alcançar ainda... O que não foi do jeito que eu esperava, e o que posso melhorar. Em todos os aspectos e até pessoal. Eu sou uma auto-analítica e com certeza o final de ano é uma época de análise.

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