O
cinema brasileiro perdeu espaço em 2014 e a culpa é dos filmes --ou de sua
falta de competitividade. Ao menos essa é a avaliação de parte do setor
cinematográfico para os resultados deste ano, que apontam encolhimento do longa
nacional em seu mercado.
O
público acumulado pelos filmes brasileiros do início deste ano até o último dia
3/12 é de 17,8 milhões de espectadores, o que representa 12,4% do total. Em
2013, foram 27,7 milhões de espectadores ou 18,6% do total. A participação na
renda também caiu –de 16,9% para 11,5%. Enquanto em 2013 dez longas brasileiros
ultrapassaram a marca de 1 milhão de espectadores, neste ano somente cinco
atingiram esse resultado até agora. O número de lançamentos também mostra
redução –105 (até 3/12) contra 129 em 2013.
É
pouco provável que nas semanas que faltam para 2014 terminar haja mudança
significativa desse cenário. Já em relação ao filme estrangeiro, a perspectiva
é de que haja empate ou até aumento do desempenho neste ano em relação ao
obtido no ano passado.
Mesmo
assim, para Jorge Peregrino, presidente do Sindicato das Empresas
Distribuidoras Cinematográficas do Rio de Janeiro, a queda da performance do
cinema brasileiro está dentro da normalidade. "O padrão é eternamente o
mesmo e é igual a ibope de novela: se a novela é boa, sobe o ibope. Se é ruim
ou o público não gosta, não tem jeito. O mercado como um todo vai crescer ou,
no mínimo, empatar com 2013, e o share [participação] do filme brasileiro vai
cair. Portanto, o desempenho do cinema brasileiro está dentro da mais absoluta
normalidade".
Dependência
das comédias
O
produtor André Carreira, da Camisa Listrada, que assina a produção do campeão
nacional de bilheteria do ano ("O Candidato Honesto", de Roberto
Santucci, 2,2 milhões de espectadores) reconhece que, no panorama geral,
"não foi um ano bom" para o cinema brasileiro.
"Alguns
defendem que se trata da safra, que teve menos filmes competitivos. Isso com
certeza é um fator, mas acredito que ainda dependemos muito dos sucessos das
nossas comédias e filmes biográficos. Conseguir competir em outros gêneros,
como o suspense, o policial e o infanto-juvenil, pode ser a chave para uma
maior participação. Mas é realmente um desafio, pois esses filmes normalmente
possuem um valor mais alto de produção, demandam um volume maior de
financiamento, sem a garantia de êxito", diz Carreira.
Para o crítico da Folha de S.Paulo Inácio Araujo, o sucesso das comédias brasileiras é um sintoma de debilidade do cinema. "O cinema brasileiro continua a buscar seu público. E a referência desse público amplo, hoje, é a estética dos programas da Globo ou os blockbusters americanos. Esses últimos não podemos imitar. Então o cinema imita, no que pode, a Globo. São essas comédias idiotas, com atores que se esforçam para imitar atores de teatro colegial, aquela luz esbranquiçada. O público responde bem a isso. Que dizer? Não é o cinema brasileiro que está doente. É o cinema (ao menos como o concebemos aqui)".
Para o crítico da Folha de S.Paulo Inácio Araujo, o sucesso das comédias brasileiras é um sintoma de debilidade do cinema. "O cinema brasileiro continua a buscar seu público. E a referência desse público amplo, hoje, é a estética dos programas da Globo ou os blockbusters americanos. Esses últimos não podemos imitar. Então o cinema imita, no que pode, a Globo. São essas comédias idiotas, com atores que se esforçam para imitar atores de teatro colegial, aquela luz esbranquiçada. O público responde bem a isso. Que dizer? Não é o cinema brasileiro que está doente. É o cinema (ao menos como o concebemos aqui)".
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