Novela contemporânea ambientada em São Paulo, A Favorita apresenta como trama central a rivalidade entre Flora (Patrícia Pillar) e Donatela (Claudia Raia), antigas parceiras da fictícia dupla sertaneja Faísca e Espoleta. Após cumprir uma pena de 18 anos de reclusão pelo assassinato de Marcelo Fontini (Flavio Tolezani), o marido de Donatela, Flora deixa a prisão disposta a provar a sua inocência, acusando a ex-parceira de ter cometido o crime. Ao mesmo tempo, quer se reaproximar da filha Lara (Mariana Ximenes), criada pela rival, fruto de um relacionamento com Marcelo, de quem se tornara amante. Lara é a única herdeira de um império de papel e celulose e está no centro da disputa entre as duas personagens. Uma das grandes novidades desta produção é a indefinição sobre os papéis de vilã e mocinha da história. Afinal, qual das duas estaria falando a verdade?
Flora foi presa com base no depoimento da manicure Cilene (Elizângela) que afirmou ter presenciado o crime. A ex-presidiária, porém, garante que foi vítima de uma farsa armada por Donatela, a quem acusa de estar interessada na fortuna da família Fontini. Segundo Flora, Donatela teria comprado a cooperação de Cilene e do Dr. Salvatore (Walmor Chagas) – médico que prestou socorro a Marcelo – para mandá-la para a cadeia e fazê-la pagar injustamente por um delito que não cometeu.
A história de Donatela e Flora remonta à infância das duas. Elas cresceram como irmãs, pois Donatela perdeu os pais num acidente e foi adotada pela família de Flora. Ambas tinham vocação para o canto. Quando começaram a chamar a atenção apresentando-se em escolas e clubes, foram descobertas pelo empresário Silveirinha (Ary Fontoura), um caça-talentos que as levou para excursionar pelo Brasil afora. Silveirinha foi um misto de pai e carrasco: explorava as garotas, ficando com boa parte do cachê que recebiam, e lhes dava comida e proteção. A dupla chegou a fazer razoável sucesso, mas a carreira foi interrompida após uma turnê em que as duas conheceram os amigos Marcelo e Dodi (Murilo Benício), de quem se tornaram noivas. Donatela se casou com Marcelo, filho do poderoso Gonçalo Fontini (Mauro Mendonça), dono de uma indústria de papel e celulose. Flora virou esposa de Dodi (Murilo Benício), rapaz de origem pobre, que trabalhava na firma do pai do amigo. A felicidade de Donatela e Marcelo durou pouco. O primeiro filho do casal, Mateus, foi sequestrado com seis meses de idade e nunca mais apareceu. Flora, por sua vez, separou-se de Dodi e, algum tempo depois, teve um caso com Marcelo, de quem engravidou, dando à luz Lara.
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De acordo com Donatela, ela e Dodi foram vítimas de Flora, e a tragédia os aproximou. Dezoito anos após o crime, os dois estão casados e vivem com Lara no mesmo rancho dos pais de Marcelo, Gonçalo e Irene (Glória Menezes). Silveirinha, além de mordomo da casa, é o confidente de Donatela. Disposta a evitar a qualquer custo que Flora se aproxime da filha, Donatela fica em seu encalço desde o momento em que ela sai da prisão. Além de contratar detetives, alia-se a Pedro (Genezio de Barros), pai de Flora, que também insiste em dizer que a filha biológica é muito perigosa e nem um pouco confiável.
Na versão de Flora, Donatela, desde criança, sempre seguiu seus passos e desejou tudo o que era dela, inclusive os rapazes com quem se envolvia. Flora alega, ainda, que Donatela e Dodi sempre foram amantes e tanto ela como Marcelo foram vítimas de um golpe minuciosamente planejado. Donatela teria dado em cima de Marcelo já com o intuito de se casar com o jovem milionário, enquanto Dodi conquistaria Flora para se manter próximo à amante e ao dinheiro que ela passaria a ter. Além disso, o filho sequestrado de Donatela e Marcelo, na verdade, seria filho de Dodi. Para que Marcelo não descobrisse a verdade, o casal teria dado um jeito de sumir com a criança. Como a verdade veio à tona, Flora e Marcelo se aproximaram e redescobriram o amor. Quando Donatela descobriu que Marcelo iria se separar dela e que ela perderia todo o dinheiro que sempre quis, premeditou o assassinato, junto com Dodi.
A saída de Flora da prisão detona uma série de mudanças na vida dos Fontini. Donatela descobre que Dodi, além de traí-la com outras mulheres, desvia altas somas de dinheiro da empresa, e põe fim ao casamento. Em seu caminho aparece o jornalista investigativo Zé Bob (Carmo Dalla Vecchia), outro elo de ligação com Flora, já que, ironicamente, o sedutor personagem acaba sendo disputado pelas duas, a quem conhece por acaso. Zé Bob é o solteirão mais requisitado da praça e tem prestígio no meio jornalístico. Ele trabalha no jornal O Paulistano e vive em busca de provas contra as falcatruas do político Romildo Rosa (Milton Gonçalves). Logo no início da trama, o jornalista descobre que é pai de Camila (Hannah Romanazzi), filha de Rita (Christine Fernandes). A resposta para o enigma central veio ao fim do primeiro terço da trama. Em uma das cenas mais comentadas da novela, após Donatela ameaçar matar Flora com um revólver, o público (e somente o público) fica conhecendo a verdade: a vilã se revela. Flora enfrenta Donatela e diz que ela nunca teria coragem de atirar, porque a verdadeira assassina ali é ela. Flora enganou a todos com sua falsa doçura, inclusive os telespectadores que acreditaram nela. Mas os personagens continuam sendo enganados. Com a revelação, o autor muda o jogo com o público: dali para a frente, a torcida é para que Flora seja desmascarada. Assim termina o que João Emanuel Carneiro chamou de primeiro ato da novela.
Na prisão, Donatela conhece Diva (Giulia Gam), uma detenta que está prestes a deixar o presídio. As duas se tornam amigas. Diva, na verdade, é Rosana, ex-mulher do famoso cantor Augusto César (José Mayer), a quem abandonou – e também ao namorado Elias (Leonardo Medeiros), já que era amante assumida dos dois – para fugir com outro homem, Pepe Molinos (Jean Pierre Noher). Tempos depois, Diva/Rosana se envolveu com um guerrilheiro colombiano, sendo presa por tráfico de armas. Sabendo que uma quadrilha está à sua espera do lado de fora dos muros da prisão, Diva inventa para Pepe e Donatela que está doente e tem pouco tempo de vida. Portanto, arma um plano para que a ex-socialite saia disfarçada em seu lugar. Aqui começa o terceiro ato da novela: a volta de Donatela.
O plano é posto em prática e Donatela deixa a prisão, sendo que Diva põe fogo na cela da amiga, simulando sua própria morte, com a anuência da diretora do presídio. O corpo encontrado na cela é de uma detenta que havia acabado de morrer. Donatela e Pepe, ao saberem do incêndio, acham que Diva deu fim à própria vida. Mas, para todos os efeitos, foi Donatela quem morreu. É o que pensam todos os personagens. Donatela chega a ir escondida ao próprio enterro, e fica penalizada com o sofrimento de Lara. Mas não pode se revelar, sob o risco de voltar para a cadeia. Diva, por sua vez, sai da prisão diretamente para o esconderijo de uma quadrilha de traficantes de armas. Ela ainda faz parte do esquema montado pelo namorado guerrilheiro, fazendo negócios com Romildo Rosa.
Futuramente, um outro importante aliado entra na luta: Halley (Cauã Reymond), o filho de Cilene. O rapaz é tido como filho de Silveirinha e Cilene. Só mais tarde na trama o público descobre que ele é Mateus, o filho sequestrado de Donatela, que fora levado por Silveirinha. O mordomo, que sempre se fez de amigo da patroa, na verdade nunca se conformou com o fim da dupla sertaneja e a interrupção do sucesso. Durante anos, guardou um profundo rancor de Donatela, que veio à tona em uma das grandes cenas da novela, quando ele diz tudo o que pensa dela e chega a lhe cuspir na cara. Ele havia sequestrado o bebê para pedir o resgate, mas acabou desistindo ao ver que Cilene se afeiçoara ao menino. Cilene, no entanto, nunca soube a verdade. Silveirinha levou o menino para ela dizendo que ele era órfão. Ela tratou de lhe dar um nome e passou a considerá-lo seu filho. Ao descobrir que é filho de Donatela, Halley fica desesperado porque, a essa altura, ele está quase noivo de Lara. A jovem começou a novela namorando Cassiano (Thiago Rodrigues), jovem operário da fábrica de seu avô, que se revela um cantor e compositor de sucesso. Mas as armações de Flora, e a desconfiança de Lara em relação à retirante Maria do Céu (Deborah Secco), que é apaixonada por Cassiano, fazem com que ela rompa o namoro.
TRAMAS PARALELAS
A novela também contou a história do deputado corrupto Romildo Rosa (Milton Gonçalves), que lucra com o tráfico de armas no país. Sua filha Alícia (Taís Araújo), inclusive, chega a chantageá-lo por conta disso. Seu filho, Didu (Fabrício Boliveira), é alcoólatra. Mesmo com a desaprovação dos filhos, Romildo Rosa passa a novela inteira praticando atos ilícitos. No passado, teve um caso com Arlete (Angela Vieira), secretária de Gonçalo Fontini (Mauro Mendonça), e é pai de Damião (Malvino Salvador), funcionário da fábrica e um de seus opositores. Romildo só se redime próximo ao fim da trama, após Alícia, ironicamente, ser atingida por uma bala perdida.
Cumplicidade
Orlandinho (Iran Malfitano), o personagem gay da trama, não tem coragem de assumir sua opção sexual e, após passar parte da história correndo atrás de Halley (Cauã Reymond), apaixona-se por Maria do Céu (Deborah Secco) e vira heterossexual. Os dois haviam se casado por interesse: ele, para esconder sua homossexualidade da família; ela, grávida de Halley, para garantir o futuro do bebê, já que Orlandinho é rico. Mas os dois ficam tão cúmplices que acabam se apaixonando.
Cumplicidade
Orlandinho (Iran Malfitano), o personagem gay da trama, não tem coragem de assumir sua opção sexual e, após passar parte da história correndo atrás de Halley (Cauã Reymond), apaixona-se por Maria do Céu (Deborah Secco) e vira heterossexual. Os dois haviam se casado por interesse: ele, para esconder sua homossexualidade da família; ela, grávida de Halley, para garantir o futuro do bebê, já que Orlandinho é rico. Mas os dois ficam tão cúmplices que acabam se apaixonando.
A família de Copola:
Outra trama relevante é a da família de Copola (Tarcísio Meira), antigo rival de Gonçalo Fontini (Mauro Mendonça) pelo amor de Irene (Glória Menezes). Casado com Iolanda (Suzana Faíni), Copola é pai de Lorena (Gisele Fróes), Catarina (Lilia Cabral) e Cida (Claudia Ohana), além de avô de Cassiano (Thiago Rodrigues) – filho de Lorena e Átila (Chico Diaz) – e de Domênico (Eduardo Mello) e Mariana (Clarice Falcão), filhos de Catarina. Mesmo aposentado, é o líder dos operários da fábrica. Apesar de pai de família amoroso e íntegro, nunca esqueceu o amor do passado. No decorrer da novela, Copola se separa da mulher por conta do desgaste do casamento e tenta se reaproximar da amada. Irene fica balançada, mas sempre foi fiel ao marido, de quem também gostava muito. No entanto, tempos depois, após a morte de Gonçalo, Irene aceita namorar Copola, resgatando um sonho antigo. Os dois chegam juntos ao final.
Mudança de vida:
Uma grande mudança acontece na vida da personagem Catarina (Lilia Cabral). Depois de sofrer durante muitos anos com o marido Leonardo (Jackson Antunes), tipo grosseirão e cafajeste, ela toma coragem e se separa. Não sem antes ser vítima de violência doméstica. Leonardo chega a expulsar a filha Mariana (Clarice Falcão) de casa depois de descobrir que ela está grávida. Mas Catarina só se encoraja mesmo após conhecer Stela (Paula Burlamaqui), mulher independente que se muda para Triunfo e abre um restaurante na cidade. As duas ficam muito amigas. Leonardo, a princípio, dá descaradamente em cima de Stela, que o rejeita. Quando toma conhecimento de que a vizinha é lésbica, ele não perde a chance de atiçar contra ela os preconceituosos da cidade. No fim da história, Catarina surpreende ao abrir mão de um segundo casamento, com o verdureiro Vanderlei (Alexandre Nero), para ficar sozinha e viajar em companhia de Stela.
Paixão arrebatadora:
Antes do final feliz, Elias (Leonardo Medeiros) tem uma grande decepção amorosa, quando a esposa, a professora Dedina (Helena Ranaldi), envolve-se com seu melhor amigo, Damião (Malvino Salvador). Já prefeito da cidade de Triunfo, Elias vira chacota do povo, mas consegue dar a volta por cima. A paixão sensual e avassaladora entre Dedina e Damião foi um dos destaques da novela. No final da trama, Dedina enlouquece e morre.
CENAS MARCANTES
Entre várias cenas impactantes que destaca na novela – como os encontros de sua personagem, Donatela, com a vilã Flora (Patrícia Pillar) –, Claudia Raia se recorda da sequência em que Silveirinha (Ary Fontoura) revela seu rancor pela patroa. O ator cuspiu de verdade na cara de Claudia, conferindo à cena grande dramaticidade. O que era apenas um ensaio acabou valendo como cena definitiva, ganhando apenas uns ajustes de edição.
CURIOSIDADES
- A novela marcou a estreia do autor João Emanuel Carneiro no horário das 21h. A Favorita foi elogiada por subverter os modelos folhetinescos vigentes e por apresentar uma história com poucos personagens, concentrada em uma trama central, com bons ganchos e sem “barriga”. Também ousou nos núcleos paralelos ao fugir dos estereótipos e mostrar diferentes abordagens em relação aos negros, à família e à defesa dos homossexuais.
- A novela marcou a estreia do autor João Emanuel Carneiro no horário das 21h. A Favorita foi elogiada por subverter os modelos folhetinescos vigentes e por apresentar uma história com poucos personagens, concentrada em uma trama central, com bons ganchos e sem “barriga”. Também ousou nos núcleos paralelos ao fugir dos estereótipos e mostrar diferentes abordagens em relação aos negros, à família e à defesa dos homossexuais.
João Emanuel Carneiro contou que encontrou dificuldades em equilibrar a torcida do público entre Flora e Donatela (Claudia Raia), como era sua intenção na primeira fase da novela. Os telespectadores tomaram as dores de Flora e embarcaram em suas mentiras, e nada do que ele fizesse para fazer com que gostassem de Donatela dava certo. O autor atribui a preferência ao fato de a primeira ser pobre e, a segunda, rica. Segundo ele, o público tende a associar qualidades e virtudes a personagens de baixo poder aquisitivo, assumindo uma visão preconceituosa em relação aos ricos.
Patrícia Pillar foi um dos destaques da trama, entrando para o time das grandes vilãs das telenovelas. Flora tinha sempre xingamentos à ponta da língua quando se referia a seus desafetos: Lara (Mariana Ximenes) era chamada de “purgante” ou “vaquinha”, por ser filha adotiva da “vaca” Donatela (Claudia Raia). Para viver sua personagem, Patrícia Pillar visitou o presídio feminino Talavera Bruce, em Bangu (zona oeste do Rio), para conhecer a realidade das detentas.
O ator Leonardo Medeiros fez sua estreia em novelas da TV Globo como intérprete do prefeito Elias. Ele já havia trabalhado nas minisséries A Muralha (2000), Os Maias (2001) e Amazônia – de Galvez a Chico Mendes (2007), além de já contar com mais de 21 filmes e uma dezena de peças de teatro em sua trajetória.
A novela tornou conhecido o ator Bento Ribeiro, filho do escritor João Ubaldo Ribeiro. Bento interpretou o personagem Juca, que se envolve com a caminhoneira Cida (Claudia Ohana), filha de Iolanda (Suzana Faíni) e Copola (Tarcísio Meira), caracterizando o romance de uma mulher madura com um rapaz mais jovem.
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AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS
- Destaque para o combate à violência doméstica, representado na trama do casal Catarina (Lilia Cabral) e Leonardo (Jackson Antunes), e para o tema da corrupção, recorrente na trajetória do personagem Romildo Rosa (Milton Gonçalves).
PRÊMIOS
- A Favorita ganhou dois prêmios APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) relativos ao ano de 2008: o de melhor autor, para João Emanuel Carneiro, e o de melhor atriz, para Patrícia Pillar.
Abertura da Novela A Favorita
Chamada de Elenco
Teser da Novela
Flora (Patrícia Pillar) confessa ser a assassina
Flora (Patrícia Pillar) mata Gonçalo (Mauro Mendonça)
Donatela (Cláudia Raia) e Diva (Giulia Gam) trocam de identidade
Donatela e Flora - Beijinho Doce
Adorava essa novela! Não perdia um capítulo! A Flora da Patrícia Pillar foi a melhor vilã de todos os tempos!
ResponderExcluirPena que Avenida Brasil vai acabar... É uma ótima novela! João Emanuel Carneiro é um bom autor... Taí a Favorita que nao me deixa mentir!
ResponderExcluirMuito boa essa novela! O elenco era demais! Patrícia Pillar x Cláudia Raia era o melhor... Depois tinha Tarcisio Meira, Gloria Menezes, Mariana Ximenes, José Mayer...
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