Em
1970, enquanto o Brasil conquistava o tricampeonato de futebol na
Copa do Mundo do México e presos políticos eram torturados pelo regime militar, Janete
Clair se consagrava como novelista com um faroeste que fazia uma
analogia entre a realidade política do país e o poder arbitrário de um coronel
na fictícia Coroado, localizada na divisa de Minas Gerais com Goiás, e cuja
principal atividade econômica é o garimpo. O despótico latifundiário Pedro
Barros (Gilberto Martinho) quer controlar o comércio de diamantes na região e,
para isso, corrompe a polícia,
compra votos e oprime a população, tendo sob seu comando um grupo de jagunços.
Contra seu poder se insurgem João (Tarcísio
Meira), Jerônimo (Cláudio
Cavalcanti) e Duda (Cláudio
Marzo), os irmãos Coragem, filhos de Sebastião (Antônio Vitor) e Sinhana (Zilka
Sallaberry).
O
maior conflito da trama tem início depois que João encontra um grande diamante.
Embora seja de natureza pacata e tente resolver tudo através do diálogo e
dentro da legalidade, João, após várias injustiças cometidas pelo coronel
Barros, perde a confiança nas instituições e torna-se um fora da lei. Ele vira
o líder de um bando armado de garimpeiros injustiçados e passa a usar a força
para confrontar os inimigos. Jerônimo, por sua vez, alia a ambição à sede de
justiça e entra para a política, no partido de oposição, com o ideal de brigar
por mudanças na região. O filho mais novo dos Coragem, Duda, deixa Coroado e
vira um astro do futebol –
uma estratégia da autora para alinhar a trama à euforia com o futebol na
época. Tempos depois, volta à cidade e é ferido na perna em uma emboscada
contra João, e precisa lutar para voltar a jogar. As
histórias de amor da novela foram protagonizadas pelas duplas Tarcísio
Meira e Glória
Menezes – a atriz interpretava a personagem Lara, filha de Pedro
Barros, que assumia outras personalidades, como a sedutora Diana; Cláudio
Marzo e Regina
Duarte (Ritinha); e Cláudio
Cavalcanti (Jerônimo) e Lúcia Alves (Potira). Os
capangas de Pedro Barros, liderados por Juca Cipó (Emiliano
Queiroz) e Lourenço (Hemílcio Fróes), invadem a casa da família Coragem
atrás do diamante. Na ação, Sebastião morre, e João jura se vingar da morte do
pai. Lourenço foge com o diamante e se esconde na casa de sua mulher, Branca (Neuza
Amaral). Ele havia feito um trato com um pistoleiro contratado por Pedro
Barros para dividirem o dinheiro da venda da pedra.
João
vai atrás de Lourenço para fazer justiça e, dias depois, o capataz aparece
morto, com o rosto desfigurado. De vítima, os Coragem passam a algozes, com
João acusado de assassinato. Mas a autoria do crime não é revelada ao público.
Mesmo Lara, filha de Pedro Barros e a paixão de João, transformada em Diana,
vira suspeita do assassinato: ela teria matado o capataz para se vingar da
surra que a fez perder o bebê de João. Pedro Barros, que foi roubado por
Lourenço e ainda descobriu a relação extraconjugal de sua mulher, Estela
(Glauce Rocha), com seu capataz, é outro suspeito. O coronel expulsa Estela de
casa, João é preso, e Lara é internada em uma clínica. Jerônimo
pensa em desistir de sua candidatura à prefeitura e planeja uma fuga para tirar
João da prisão, já que a população acredita que ele é mesmo culpado. Para
evitar que isto aconteça, João leva todos a acreditarem que ele e o irmão estão
em lados opostos, ou seja, que Jerônimo também crê que João seja culpado e que
deseja sua punição. João consegue fugir da cadeia e vira o líder de um bando de
garimpeiros explorados por Pedro Barros e outros donos de garimpo.
Em
meio a constantes trocas de tiros entre seu bando e os jagunços de Pedro
Barros, João impõe sucessivas derrotas ao coronel, e passa a comprar as pedras
dos garimpeiros pelo dobro do preço. Até Sinhana, a “Mãe Coragem”, começa a
trabalhar como garimpeira, para ajudar a capitalizar o filho. Lara, que havia
ido ao encontro do marido, rompe com ele para protegê-lo, mas o afastamento
dura pouco. Entre suas idas e vindas, continua se transformando em Diana. A
certa altura, assume uma terceira personalidade, a de Márcia Lemos, uma mulher
solteira e independente, que começa a trabalhar como repórter em
um jornal. Na pele de Márcia, Lara não reconhece João, mas também acaba se
envolvendo com ele, e engravida. Em
meio a esses acontecimentos, Lourenço, que todos pensavam estar morto, aparece
vivo na trama: sua morte não passou de uma farsa, que contou com a cumplicidade
de sua mulher, Branca (Neuza
Amaral). Alberto (Michel Robin), filho dos dois, desconhece a verdade e
tenta matar João (Tarcísio
Meira) para se vingar da morte do pai. João, no entanto, salva sua vida, e
Alberto passa a segui-lo como integrante de seu bando.
No
decorrer da história, após muita procura pelo diamante, a farsa de Lourenço é
revelada: ele roubou a pedra, matou o pistoleiro que o ajudou e fez todos
acreditarem que era ele o morto. Depois assumiu uma nova identidade. Mas um
acidente de carro fez com que ele fosse hospitalizado, e o diamante foi parar
nas mãos de uma enfermeira. Dias antes, Lourenço voltara a procurar Estela, a
ex-mulher de Pedro Barros, propondo uma reaproximação, e contando sobre o
diamante. Ela já estava envolvida com Hernani (Paulo Araújo), o inescrupuloso
empresário de Duda, e os dois tramaram contra Lourenço, que acabou assassinado.
Disposto a recuperar o diamante, Hernani seduziu a enfermeira e matou Estela
depois que ela descobriu sua traição. Capturado por João, Hernani conta toda a
verdade e vai preso. João recupera seu diamante. No
fim da história, após a morte de Jerônimo e Potira em uma emboscada, João,
revoltado, destrói o diamante, que julga responsável por todas as tragédias que
abalaram sua família e a cidade de Coroado. Pedro Barros enlouquece, incendeia
sua casa e a cidade, e deixa-se consumir pelo fogo. João, ao lado de Lara e
Sinhana, reúne os moradores para reconstruir uma nova cidade, livre de todo
jugo e exploração.
Tramas
Paralelas:
Jerônimo
e Potira:
No início da história, Jerônimo Coragem (Cláudio
Cavalcanti) é apaixonado por Ritinha (Regina
Duarte), mas é obrigado a esquecê-la depois que a moça se casa com seu
irmão, Duda (Cláudio
Marzo). A frustração acirra seu ímpeto de usar a violência para fazer
justiça, e também sua ambição pelo poder. Potira (Lúcia Alves), sua irmã de
criação, revela que o ama, mas ele a ignora. Ela é pedida em casamento pelo
promotor Rodrigo César (José
Augusto Branco), amigo da família Coragem, que estimula Jerônimo a se
candidatar à prefeitura de Coroado. Antes de se eleger prefeito, Jerônimo vence
as eleições para a presidência da associação de garimpeiros e passa a incitar
os colegas a não venderem suas pedras para Pedro Barros (Gilberto Martinho), o
que acirra a ira do coronel contra os Coragem. O
promotor Rodrigo César é um forte opositor de Pedro Barros, a quem
responsabiliza pela prisão de seu pai, Teodoro, que se suicidou em uma cela,
enforcado, após ser acusado de roubo por Barros. Rodrigo tinha 14 anos quando o
pai morreu, e jurou que mandaria Pedro Barros para a cadeia. Ele se une aos
Coragem para tentar fazer justiça dentro da legalidade.
Rodrigo
e Potira se casam. A essa altura, Jerônimo se dá conta de que está apaixonado
por Potira, mas se afasta dela em respeito a Rodrigo e ao pai, Sebastião
(Antônio Vitor), que não aprovaria a relação. A índia Indaiá (Jurema Penna),
que trabalha na casa de Potira, dá a ela um colar, composto por duas balas, e
explica que os projéteis foram os que mataram o pai dela, um homem branco,
chamado Ruy Silveira. Potira descobre que seu pai foi assassinado por Sebastião
quando ela tinha um ano de idade, e este só não foi preso porque Indaiá cumpriu
cinco anos de prisão no lugar dele. Com remorsos pelo ocorrido, Sebastião
passou a criar a menina. Para
escapar à paixão por Potira, Jerônimo propõe à solteirona Margarida (Leda
Lúcia) que se case com ele, deixando claro que gosta de outra mulher, mas que
está disposto a começar uma relação de amor e respeito. Ele se elege prefeito.
Algum tempo depois, Rodrigo descobre que Potira ama Jerônimo e que pretendia
fugir para integrar o bando de João (Tarcísio
Meira) – magoado, decide que eles viverão um casamento de fachada. Até que
Jerônimo e Potira ficam presos em uma gruta e passam a noite juntos. O jovem
prefeito pede a ela que esqueça o que aconteceu, mas Pedro Barros sabe do
ocorrido e passa a chantagear Jerônimo para que ele o apoie em várias
situações, inclusive pressionando-o a ajudar a capturar João em troca da
reputação de Potira, e a interditar o garimpo do irmão. Indaiá, então, revela a
Potira que é sua mãe e a leva a fazer um pacto de sangue: se ela e Jerônimo
fraquejarem e voltarem a ficar juntos, morrerão.
Como
o compromisso com Margarida não seguiu adiante, Jerônimo se envolve com Lídia
Siqueira (Sônia
Braga), filha de um deputado federal. Os dois se casam. Mas Jerônimo
resolve enfrentar Pedro Barros após mais uma das atitudes criminosas do
coronel, e este faz publicar na primeira página do jornal local uma foto do
prefeito beijando Potira, no dia em que passaram a noite juntos. O caso logo se
torna um escândalo. Sem conter o amor que sentem um pelo outro, Potira e
Jerônimo passam a se encontrar às escondidas, e ela engravida.
Desesperada,
Lídia aponta um revólver para Jerônimo e, durante a discussão, a arma dispara.
Lídia é atingida e hospitalizada, e Jerônimo passa a ser perseguido pela polícia,
virando um fora da lei. Rodrigo, que ainda ama Potira e tem esperanças de que
ela volte para ele, faz o que pode para que Jerônimo seja capturado. Para
piorar a situação, Jerônimo ainda é acusado pela morte do delegado Falcão
(Carlos Eduardo Dolabella), atingido por um tiro durante um confronto com João
na praça da cidade. Na verdade, o tiro foi disparado por Juca Cipó (Emiliano
Queiroz) para defender Pedro Barros. A essa altura da trama, Falcão já
havia sido destituído do cargo por conta de seus atos ilícitos: mau-caráter e
ganancioso, ele tentava ocupar o lugar de Barros e ainda manteve Lara (Glória
Menezes) prisioneira. Jerônimo
fica cada vez mais acuado e, no final da trama, João entrega seu diamante ao
irmão para que ele possa fugir com Potira para bem longe de Coroado. Rodrigo,
no entanto, descobre o plano de fuga e, além de denunciá-los à polícia,
incita os homens que trabalhavam para Falcão a ir ao encalço do casal.
Jerônimo e Potira, escondidos em uma gruta, são cercados e mortos.
Duda
e Ritinha:
Filho caçula de Sinhana (Zilka Sallaberry) e Sebastião (Antônio Vitor), o jogador de futebol Duda (Cláudio Marzo) volta a Coroado, após sete anos de ausência, para rever os pais e os irmãos, João (Tarcísio Meira) e Jerônimo (Cláudio Cavalcanti). Ele fugiu da cidade aos 16 anos, mal sabia ler e chegou a passar fome no Rio de Janeiro. Descoberto por um olheiro, treinou no time juvenil do Flamengo até alcançar uma vaga na categoria profissional. Duda foi namorado de infância de Ritinha (Regina Duarte), filha do Dr. Maciel (Ênio Santos), o médico da cidade, um homem amargurado, que vive embriagado. Na sua visita a Coroado, Duda e Ritinha se reencontram e passam uma noite juntos. Embora não troque mais do que um beijo com a antiga namorada, Duda é obrigado a casar-se, não só para preservar a reputação da moça como a de sua própria família, que corre o risco de ser desmoralizada por Pedro Barros (Gilberto Martinho) se o casamento não for realizado. O jogador, porém, já estava noivo de Paula (Myriam Pérsia), cujo irmão, Hernani (Paulo Araújo), é seu empresário.
Filho caçula de Sinhana (Zilka Sallaberry) e Sebastião (Antônio Vitor), o jogador de futebol Duda (Cláudio Marzo) volta a Coroado, após sete anos de ausência, para rever os pais e os irmãos, João (Tarcísio Meira) e Jerônimo (Cláudio Cavalcanti). Ele fugiu da cidade aos 16 anos, mal sabia ler e chegou a passar fome no Rio de Janeiro. Descoberto por um olheiro, treinou no time juvenil do Flamengo até alcançar uma vaga na categoria profissional. Duda foi namorado de infância de Ritinha (Regina Duarte), filha do Dr. Maciel (Ênio Santos), o médico da cidade, um homem amargurado, que vive embriagado. Na sua visita a Coroado, Duda e Ritinha se reencontram e passam uma noite juntos. Embora não troque mais do que um beijo com a antiga namorada, Duda é obrigado a casar-se, não só para preservar a reputação da moça como a de sua própria família, que corre o risco de ser desmoralizada por Pedro Barros (Gilberto Martinho) se o casamento não for realizado. O jogador, porém, já estava noivo de Paula (Myriam Pérsia), cujo irmão, Hernani (Paulo Araújo), é seu empresário.
Duda
e Ritinha se casam e, no mesmo dia, a jovem acompanha o marido no retorno ao
Rio de Janeiro, ficando sozinha já na noite de núpcias porque Duda tem de ir
para a concentração do time. Ritinha sofre para se adaptar à cidade grande e
ainda tem de suportar as intrigas de Paula, que chega a inventar que está
grávida para separar o jovem casal. Mas quem engravida mesmo é Ritinha. Para
Duda, as duas mulheres se complementam: uma lhe traz agitação; a outra,
tranquilidade. Paula faz tudo para infernizar a vida da rival, até que Ritinha
decide sair de casa e voltar para Coroado no momento em que Duda está no auge
da carreira, sendo idolatrado pela torcida, motivado pelo clube, assediado pela
imprensa e por anunciantes.
Juca
Cipó:
Juca Cipó (Emiliano Queiroz) se transformou em um dos pontos altos da novela. No decorrer da trama, descobre-se que ele é filho bastardo de Pedro Barros (Gilberto Martinho) com Domingas (Ana Ariel), fruto de uma aventura na juventude. Ela tinha 15 anos quando engravidou. A mãe se desfez da criança, só que o sujeito que o pegou para criar o devolveu ao pai, alegando que o menino não regulava bem da cabeça e lhe dava muitas despesas. Domingas nunca teve coragem de dizer a Juca que era sua mãe. Ele foi criado em meio à barbárie promovida pelo coronel, sem quaisquer noções de ética e moral e, principalmente, sem o amor familiar. Vivendo com sua debilidade mental e conduta violenta, Juca mata o prefeito de Coroado, e, tempos depois, estupra Cema (Suzana Faíni) na invasão à casa dos Coragem. Depois que Pedro Barros expulsa de casa a mulher, Estela (Glauce Rocha), ele chama Domingas para morar com ele. Ela revela a Juca sua origem, e passa a cuidar do jagunço que, embora goste do carinho maternal, não a aceita como mãe. Ele tampouco gosta de saber que é filho de Pedro Barros – preferia que ele fosse apenas seu patrão. No decorrer da trama, Juca se casa com Margarida (Leda Lúcia), que dá à luz cinco filhos. Ele vai preso por ter matado o delegado Falcão (Carlos Eduardo Dolabella). O personagem se tornou amável ao longo da história, conquistando a simpatia do público infantil.
Juca Cipó (Emiliano Queiroz) se transformou em um dos pontos altos da novela. No decorrer da trama, descobre-se que ele é filho bastardo de Pedro Barros (Gilberto Martinho) com Domingas (Ana Ariel), fruto de uma aventura na juventude. Ela tinha 15 anos quando engravidou. A mãe se desfez da criança, só que o sujeito que o pegou para criar o devolveu ao pai, alegando que o menino não regulava bem da cabeça e lhe dava muitas despesas. Domingas nunca teve coragem de dizer a Juca que era sua mãe. Ele foi criado em meio à barbárie promovida pelo coronel, sem quaisquer noções de ética e moral e, principalmente, sem o amor familiar. Vivendo com sua debilidade mental e conduta violenta, Juca mata o prefeito de Coroado, e, tempos depois, estupra Cema (Suzana Faíni) na invasão à casa dos Coragem. Depois que Pedro Barros expulsa de casa a mulher, Estela (Glauce Rocha), ele chama Domingas para morar com ele. Ela revela a Juca sua origem, e passa a cuidar do jagunço que, embora goste do carinho maternal, não a aceita como mãe. Ele tampouco gosta de saber que é filho de Pedro Barros – preferia que ele fosse apenas seu patrão. No decorrer da trama, Juca se casa com Margarida (Leda Lúcia), que dá à luz cinco filhos. Ele vai preso por ter matado o delegado Falcão (Carlos Eduardo Dolabella). O personagem se tornou amável ao longo da história, conquistando a simpatia do público infantil.
Curiosidades:
Em Irmãos
Coragem foram criadas várias tramas, dando prosseguimento à renovação da
linguagem das telenovelas iniciada com Véu de Noiva (1969), também de Janete
Clair, e Verão Vermelho (1969), de Dias Gomes. O formato
permitiu à autora maior liberdade para modificar a narrativa em função da
pressão da Censura Federal ou da insatisfação da trajetória de algum
personagem.
Janete
Clair escreveu a novela sozinha, sem o auxílio de qualquer outro
colaborador. A autora afirmou ter se inspirado no romance Os Irmãos Karamazov,
de Fiodor Dostoiévski, para dar vida aos irmãos Coragem. Baseou-se, ainda, no
livro As Três Faces de Eva, de Corbett H. Thigpen e Hervey M. Checkley,
para compor a tripla personalidade de Lara (Glória
Menezes). E recorreu à peça Mãe Coragem, de Bertolt Brecht, para
construir o papel de Sinhana (Zilka
Sallaberry), a mãe de João (Tarcísio
Meira), Jerônimo (Cláudio
Cavalcanti) e Duda (Cláudio
Marzo).
Segundo Daniel
Filho, o casal Jerônimo e Potira (Lúcia Alves) foi inspirado no filme Duelo
ao Sol (1946), estrelado por Gregory Peck e Jennifer Jones.
Para
gravar na fictícia Coroado, o elenco e a equipe de produção da novela
enfrentaram vários problemas. Era comum os atores e produtores se depararem com
animais, como cobras e jacarés. Com as chuvas, a área ficava completamente
inundada, o que atrapalhava as gravações. Não raras vezes, o elenco teve que
virar a noite trabalhando para não atrasar o cronograma de trabalho.
Irmãos
Coragem foi um dos primeiros trabalhos de direção de Milton
Gonçalves, que interpretava o personagem Braz Canoeiro na novela. O ator já
ajudava Daniel
Filho, dirigindo algumas cenas, quando passou a dividir a direção com ele.
A
novela contava com muitas cenas de personagens andando a cavalo mas, segundo Milton
Gonçalves, o único que sabia montar era Tarcísio
Meira. O ator levou seu próprio cavalo para as gravações.
Glória
Menezes contou que teve meningite e ficou afastada da novela durante
um mês. Apesar de ser uma das personagens principais, sua doença não prejudicou
as gravações e o andamento da trama, pois Janete
Clair tinha escrito cerca de 30 capítulos de frente.
Janete
Clair já demonstrava, na época, a preocupação em atender a algumas
expectativas dos telespectadores. Em cena do capítulo 68, João Coragem (Tarcísio
Meira) vai à delegacia e recebe voz de prisão, mas tenta resistir, e parte
para cima do delegado Falcão (Carlos Eduardo Dolabella). Os soldados só
conseguem agarrar o garimpeiro depois de ele socar bastante o delegado, que
estava envolvido em várias tramoias de Pedro Barros (Gilberto Martinho). Ao que
parece, o público esperava ver uma reação mais contundente de João, sempre
avesso a agir com violência. No script, a autora manda um recado para o ator
Carlos Eduardo Dolabella: “Desculpe, Falcão, mas este é um pedido do público,
que não se poderia deixar de atender. Aliás, bem merecido.”
Irmãos
Coragem foi a segunda novela mais longa da TV Globo, durando praticamente
um ano no ar. A história reuniu o maior elenco em telenovelas até então, e
obteve mais audiência do que a final da Copa de 1970, entre Brasil e Itália – o
jogo foi apresentado num domingo e, no dia seguinte, a audiência da novela foi
maior. Atribui-se à junção de bangue-bangue com futebol o
interesse do público masculino na trama: pela primeira vez, os homens admitiram
que assistiam a uma novela.
Glória
Menezes conta que criou um trejeito – um leve estalo com a língua e
uma piscadela – que se transformou num código para o público identificar a
transformação de Diana em Lara.
Para
criar o personagem Duda (Cláudio
Marzo), craque do Flamengo e
mostrar as angústias de um rapaz do interior que se transforma em ídolo do futebol, Janete
Clair contou com a assessoria do jornalista e
comentarista esportivo João Saldanha.
Para
compor a tripla personalidade de Lara (Glória
Menezes), a autora recorreu à assistência do neurocirurgião Pedro Sampaio.
Durante
uma enchente no Rio de Janeiro, um helicóptero fotografou a cidade fictícia de
Coroado. A imagem foi publicada na primeira página do jornal carioca O Dia, com
o título: “O Rio está inundado”. O cenário parecia tão real que confundiu os
repórteres.
A
novela marcou a estreia de Sônia
Braga na TV Globo e reuniu as duas duplas mais famosas da emissora na
época: Tarcísio
Meira e Glória
Menezes, Cláudio
Marzo e Regina
Duarte. Os dois últimos saíram antes do final das gravações para estrelar a
novela que viria em seguida no horário das 19h, Minha Doce Namorada, de Vicente
Sesso.
Regina Duarte e Cláudio
Marzo também fizeram par romântico nas novelas Véu de Noiva (1969),
de Janete
Clair, e Carinhoso (1973), de Lauro
César Muniz.
A
novela foi reapresentada em duas ocasiões, em forma compactada: no Festival
15 Anos da Rede
Globo, em janeiro de 1980, e no Festival 25 Anos, em maio de 1990.
Irmãos
Coragem marcou a estreia do diretor Reynaldo
Boury na TV Globo. Ele entrou na equipe para atuar como diretor de TV,
fazendo os cortes das cenas.
A
novela fez tamanho sucesso que, após o seu término, Tarcísio
Meira e Glória
Menezes, em viagem à Bahia, foram brindados por um coro de dezenas de
pessoas cantando a música-tema Irmãos Coragem.
Em
uma cena levada ao ar no capítulo 213, João (Tarcísio
Meira) chega em casa e Lara/Márcia (Glória
Menezes) o espera. Ele fica emocionado, corre para abraçá-la e os dois se
beijam apaixonadamente. Em nota que consta do script, Janete
Clair pede para explorar bem o beijo romântico do casal: “Afinal, eles
são casados na vida real e na novela.”
Em
1995, nas comemorações dos 30 anos da emissora, Dias Gomes e Marcílio Moraes
fizeram umremake de Irmãos Coragem para as 18h. Nessa versão, Marcos
Palmeira, Marcos Winter e Ilya São Paulo viveram os irmãos Coragem,
respectivamente João, Duda e Jerônimo. A personagem Lara foi interpretada por
Letícia Sabatella; Gabriela Duarte viveu Ritinha; e Dira Paes interpretou
Potira. Laura
Cardoso deu vida a Sinhana.
Elenco:
Tarcísio Meira – João Coragem
Glória Menezes – Lara, Diana e Márcia
Cláudio Marzo – Duda (Eduardo) Coragem
Regina Duarte – Ritinha
Cláudio Cavalcanti – Jerônimo Coragem
Lúcia Alves – Potira
Emiliano Queiroz – Juca Cipó
Zilka Salaberry – Sinhana
Gilberto Martinho – Coronel Pedro Barros
Suzana Faini – Cema
Milton Gonçalves – Braz Canoeiro
Sônia Braga – Lídia Siqueira
Carlos Eduardo Dolabella – Delegado Diogo Falcão
Ana Ariel – Domingas
José Augusto Branco – Rodrigo
Hemílcio Fróes – Lourenço
Neuza Amaral – Branca
Ênio Santos – Dr. Maciel
Michel Robin – Alberto
Miriam Pires – Dalva Lemos
Paulo Araújo – Hernani
Myriam Pérsia – Paula
Glauce Rocha – Estela
Dary Reis – Lázaro
Jurema Penna – Indaiá
Macedo Neto – Padre Bento
Renato Master – Dr. Rafael
Ivan Cândido – Delegado Gérson
Arnaldo Weiss – Damião
Arthur Costa Filho – Gentil Palhares
Lourdinha Bittencourt – Manuela
Monah Delacy – Dona Deolinda
Leda Lúcia – Margarida
Ângela Leal – Yolanda
Antonio Victor – Sebastião Coragem
Trilha Sonora
Irmãos Coragem - Jair
Rodrigues
Jerônimo - Luiz Carlos Sá
Minhas Tardes de Sol - Regina Duarte
Ondas Médias - Umas & Outras
Porto Seguro - Banda Cores Mágicas
Coroado - Denise Emmer & M. Pitter
Nosso Caminho – Maysa
Irmãos Coragem - Banda Cores Mágicas
João Coragem - Tim Maia
Flamengo, Flamengo - Maria Creuza
Branca - Luiz Eça
O Amor Maior - Eustáquio Sena
Bachianas No. 5 - Joyce
Jerônimo - Luiz Carlos Sá
Minhas Tardes de Sol - Regina Duarte
Ondas Médias - Umas & Outras
Porto Seguro - Banda Cores Mágicas
Coroado - Denise Emmer & M. Pitter
Nosso Caminho – Maysa
Irmãos Coragem - Banda Cores Mágicas
João Coragem - Tim Maia
Flamengo, Flamengo - Maria Creuza
Branca - Luiz Eça
O Amor Maior - Eustáquio Sena
Bachianas No. 5 - Joyce
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