quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Recordando a Carreira - 79 anos de Yoná Magalhães


A Sombra de Rebecca
Amor com Amor se Paga
Atriz do mítico Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), Yoná Magalhães, quem diria?, entrou para a vida artística por acaso, apenas para ajudar a família quando o pai ficou desempregado. “Eu tinha que ajudar de alguma maneira, não sabia muito como, queria continuar os meus estudos. Gostava de brincar de teatro, essas coisas que todo mundo faz. Então eu digo: ‘Quem sabe não é por aí, né?’ Fui fazendo pequenas pontas, pequenos papéis, isso em meados da década de 1950, até que consegui um contrato com a Rádio Tupi”. Yoná Magalhães Gonçalves nasceu no dia 7 de agosto de 1935, no Lins de Vasconcelos, subúrbio do Rio de Janeiro. Depois de sua passagem pelo rádio, teve a primeira chance de estrelar uma telenovela, convidada por Antônio Leite – ainda antes do advento do videoteipe. Em seguida, participou de novelas e do Grande Teatro da TV Tupi e excursionou pelo Brasil com as peças O Amor é Rosa Bombom e Society em Baby-Doll, em 1962, com a companhia de André Villon e Ciro Costa.
 

Roque Santeiro
Durante a turnê teatral, conheceu e se casou com o produtor Luis Augusto Mendes e foi morar na Bahia. Em Salvador, participou com o grupo A Barca, formado por ex-alunos da Escola de Teatro, doGrande Teatro, na TV Itapoã, sob a direção de Luiz Carlos Maciel. Também atuou no filme de Glauber Rocha, um marco do Cinema Novo: “Eu não estava engajada em nada, eu não consegui perceber a grandeza daquela obra, não consegui perceber o significado. Também ninguém esperava que fosse o que foi”. De volta ao Rio em 1964, continuou trabalhando em teatro, chegando a montar sua própria companhia, com a qual encenou O Pecado Imortal e Os Inimigos Não Mandam Flores, de Pedro Bloch.

Tieta
Yoná Magalhães fez parte do primeiro elenco da TV Globo. Contratada em 1965, protagonizou a novela Eu Compro Esta Mulher (1966), de Glória Magadan, onde formou o primeiro par romântico de sucesso da emissora com o ator Carlos Alberto. “A audiência deu um pulo astronômico. Eu não sei bem esse mistério da dupla romântica, mas na época causava grande frisson. A identificação era muito grande, porque aquela dupla continuava, então aquilo era de verdade”. A atriz trabalhou ainda em outras novelas da mesma autora, como O Sheik de Agadir (1966), A Sombra de Rebecca (1967), O Homem Proibido (1968), A Gata de Vison (1968/1969), quando contracenou com Tarcísio Meira, e A Ponte dos Suspiros (1969).

Meu Bem Meu Mal
A Próxima Vítima
Ela e Carlos Alberto se transferiram para a Tupi de São Paulo, em 1971, para participar de Simplesmente Maria, dirigida por Walter Avancini. No ano seguinte, já de volta à Globo, atuou em Uma Rosa com Amor, de Vicente Sesso, em que disputava com Marília Pêra as atenções de Paulo Goulart. Depois, juntou-se a Tarcísio Meira, Glória Menezes, Francisco Cuoco em O Semideus (1973), de Janete Clair, sob a direção de Daniel Filho e Walter Avancini. Em Espelho Mágico (1977), de Lauro César Muniz, interpretou Nora Pelegrini, uma ex-estrela que amargava papéis coadjuvantes; e em Sinal de Alerta (1978), de foi a jornalista Talita, proprietária da Folha do Rio, jornal que lidera uma campanha contra a deterioração do meio ambiente. No final da década de 1970, mudou-se para São Paulo, onde trabalhou na TV Tupi, atuando na novela Gaivotas (1979), de Jorge Andrade, e na Bandeirantes, participando das novelas Cavalo Amarelo (1980), de Ivani Ribeiro, Os Imigrantes (1981), de Benedito Ruy Barbosa, Wilson Aguiar Filho e Renata Palottini, e Maçã do Amor (1983), de Wilson Aguiar Filho. De volta ao Rio e à Globo em 1984, viveu a americanófila Maria das Graças – ou Grace –, em Amor com Amor se Paga, de Ivani Ribeiro.

A Padroeira
Vila Madalena
No ano seguinte, esteve no elenco de uma das novela de maior sucesso da história da emissora: Roque Santeiro, de Dias Gomes e Aguinaldo Silva. Nela, interpretou a Matilde, dona da boate onde trabalham as dançarinas Ninon (Cláudia Raia) e Rosaly (Isis de Oliveira). “Eu falava: ‘Pô, não podia também cantar um pouco? Eu danço um bocadinho...’. E aí começou aquela coisa: ‘Ih, a Yoná, olha a Yoná está de malha, olha a perna!’. Enfim, aconteceu o nunca esperado por ninguém, nem por mim, que foi o convite da Playboy para fotografar. Por causa da Matilde do Roque Santeiro, você vê? Foi uma coisa espantosa para as pessoas, mas eu já sabia que eu tinha perna há muito tempo”. A seguir, participou da novela O Outro (1987), de Aguinaldo Silva, na qual viveu outra personagem exuberante, a Índia do Brasil.

Senhora do Destino
Paraíso Tropical
Nos anos 1990, atuou em quatro novelas de Walther Negrão: Despedida de Solteiro (1992), Anjo de Mim (1996), Era uma Vez... (1998) e Vila Madalena (1998). Em Senhora do Destino (2004), de Aguinaldo Silva, foi Flaviana, sogra de Giovanni Improtta (José Wilker). Em Paraíso Tropical (2007), de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, deu vida à ex-vedete Virgínia, mulher do malandro Belisário Cavalcanti (Hugo Carvana), com quem praticava pequenos golpes. Atuou ainda em Negócio da China (2008), de Miguel Falabella, e Cama de Gato (2009), de Thelma Guedes e Duca Rachid. Em 2013, interpretou a decadente socialite Glória Paisem Sangue Bom. A atriz participou também de importantes minisséries da Globo, como Grande Sertão: Veredas (1985), adaptada da obra de Guimarães Rosa por Walter George Durst, e Engraçadinha... Seus Amores e Seus Pecados (1995), adaptada da obra de Nelson Rodrigues por Leopoldo Serran, e atuou em diversos seriados, entre os quais a segunda versão de Carga Pesada e Tapas & Beijos

Sangue Bom
De sua carreira no teatro, a atriz destaca as montagens de Terror e Miséria, de Bertolt Brecth; Os Físicos, de Durremat; Os Inimigos Não Mandam Flores, de Pedro Bloch; Balbina de Inhansã, de Plínio Marcos; Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues; Mulher Integral, de Carlos Eduardo Novaes; Falcão Peregrino, de Vicente Pereira; Vagas para Moças de Fino Trato, de Alcione Araújo; A Partilha, de Miguel Falabella; e O Milagre da Santa, Vicente Pereira. No cinema, além de Deus e o Diabo e de uma versão de Society em Baby-Doll, dirigida por Waldemar Lima e Luiz Carlos Maciel, atuou ainda em Alegria de Viver (1958), de Watson Macedo, e Pista de Grama (1958), de Haroldo Costa.


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