O Rei do Gado mostra o romance do latifundiário pecuarista Bruno Mezenga (Antonio Fagundes) com a boia-fria Luana (Patrícia Pillar), ambos descendentes de duas famílias de imigrantes italianos rivais, os Mezenga e os Berdinazi, que fizeram fortuna no Brasil com criação de gado e plantações de café, respectivamente. A novela, dividida em duas fases, levantou um debate sobre a luta por posse de terra que ultrapassou o universo ficcional e ganhou repercussão na mídia e na sociedade em geral.
- Em 1943, durante o período de decadência do café, a bela Giovanna (Letícia Spiller) vive sob ostensiva vigilância dos pais, Marieta (Eva Wilma) e Giuseppe Berdinazi (Tarcísio Meira). A moça descobre a paixão nos braços de Henrico (Leonardo Brício), filho de Nena (Vera Fischer) e Antônio Mezenga (Antonio Fagundes), inimigos ferrenhos de sua família. Antônio Mezenga é um homem forte, determinado e sofrido. Giuseppe Berdinazi, pai de Giovanna, é igualmente passional ao defender seus interesses. É um pai severo, porém carinhoso, mas espera que os quatro filhos nutram pelos Mezenga o mesmo ódio que o corrói. Sofre grande desgosto quando Giovanna declara seu amor por Henrico, e aceita o casamento apenas pela promessa de receber o pedaço de terra que disputa há anos. Berdinazi termina seus dias louco, inconformado com a traição da filha e com a morte do filho mais velho, Bruno (Marcello Antony), na Segunda Guerra Mundial, durante a tomada do Monte Castelo, na Itália.
- A segunda fase da novela tem início no final do sétimo capítulo, em 1996, quando o filho de Henrico e Giovanna já é um rico proprietário de terras e de milhares de cabeças de gado. Bruno Berdinazi Mezenga (Antonio Fagundes) é conhecido por todos como o “Rei do Gado”. Embora casado com Léia (Silvia Pfeifer), e pai dos jovens Marcos (Fábio Assunção) e Lia (Lavínia Vlasak), Bruno é um homem solitário, dedicado integralmente aos negócios. Léia, por sua vez, é amante do mau-caráter Ralf (Oscar Magrini), que só está interessado no dinheiro que ela pode lhe dar.
- Um personagem fundamental na segunda fase de O Rei do Gado é Geremias Berdinazi (Raul Cortez), irmão de Giovanna. Rico e poderoso, seus negócios estão ligados à cafeicultura e à produção de leite. Apesar de muito bem-sucedido, é um homem cheio de culpa por ter construído seu império traindo a família. Arrependido, vive ansioso para encontrar um herdeiro, já que não reconhece Bruno Mezenga como seu sobrinho. Geremias acaba sendo enganado pela impostora Marieta (Glória Pires), que se faz passar por sua sobrinha, filha de Giácomo. A moça levanta as suspeitas de Judite (Walderez de Barros), fiel e ciumenta criada do fazendeiro, que desconfia que Marieta quer roubar a fortuna do patrão.
- O debate sobre posse de terra se amplia na trama quando uma das fazendas de Bruno Mezenga é invadida por um grupo liderado por Regino (Jackson Antunes), um sem-terra contrário à violência e à radicalização do movimento. Regino critica a ocupação de terras produtivas e se opõe à corrupção que envolve a desapropriação de terras por parte do governo. É um idealista, e seu lema na luta pela reforma agrária é “terra, sim; guerra, não”. O personagem vive um dilema com a mulher, Jacira (Ana Beatriz Nogueira), sua brava companheira na marcha. A discussão ganha a adesão do incorruptível senador Roberto Caxias (Carlos Vereza), político dedicado, defensor dos direitos das minorias. Idealista e responsável, ele passa os fins de semana em Brasília, e não falta a uma sessão no Congresso Nacional. Muito amigo de Bruno, é a ele que o fazendeiro recorre quando suas terras são invadidas. Ao longo da trama, Caxias se envolve na luta pela reforma agrária.
- Entre o grupo dos sem-terra está a bela e valente Luana (Patrícia Pillar), a verdadeira sobrinha de Geremias. Sobrevivente de um acidente que matou sua família, Luana desconhece a própria origem. Já no primeiro encontro com Bruno Mezenga, ela desperta o amor do pecuarista, que a emprega em uma de suas fazendas. Tratada com a dignidade e o carinho que nunca teve, Luana se encanta por Bruno, e os dois se envolvem numa forte história de amor. Juntos, ambos passam por duras adversidades, até que Luana engravida e desperta a ira de Léia, que vê ameaçada sua parte na herança do marido. Geremias reconhece Luana como sobrinha, e as duas famílias se enlaçam, num clima de alegria e pressa de viver a harmonia sempre adiada.
TRAMAS PARALELAS
Amor bandido
- Chamou a atenção na trama a relação doentia de Léia (Silvia Pfeifer) com o amante, Ralf (Oscar Magrini). Ela dá dinheiro a ele, sustentando sua vida fácil, que inclui outras amantes. Malandro fino e envolvente, Ralf está de olho na fortuna que receberá no caso de Léia se divorciar de Bruno Mezenga (Antonio Fagundes). Mas o marido desconfia da traição, põe um detetive para espioná-los e arma um flagrante; em seguida, abandona a esposa. Ralf também rompe com a amante que, desesperada, implora por seu amor. Ele a esbofeteia, dando início a uma história de violência e coerção, em que a obriga a extorquir dinheiro de Bruno e a aceitar sua vida de cafajeste. Volta e meia, Ralf a espanca.
Zé do Araguaia
- Outro grande personagem da novela é Zé do Araguaia (Stênio Garcia), que traz no nome a região em que nasceu e foi criado, Goiás, onde também fica a principal fazenda de Bruno Mezenga (Antonio Fagundes), seu patrão. Ele ajudou o pecuarista a derrubar as primeiras árvores e plantar suas pastagens iniciais. Zé recebe Luana (Patrícia Pillar) de braços abertos quando a moça chega à fazenda e, junto com a mulher, Donana (Bete Mendes), adota a moça como a filha que não teve. Ambos têm grande respeito e carinho pelo patrão, mas não medem palavras para dizer-lhe o que pensam, formando a dupla de conselheiros de Mezenga. Em determinado momento da trama, o avião em que o empresário viaja cai na região, e ele desaparece. O copiloto é encontrado morto. São 18 capítulos de angústia e suspense, até que Mezenga reaparece, vivo, às margens do rio.
- Chamou a atenção na trama a relação doentia de Léia (Silvia Pfeifer) com o amante, Ralf (Oscar Magrini). Ela dá dinheiro a ele, sustentando sua vida fácil, que inclui outras amantes. Malandro fino e envolvente, Ralf está de olho na fortuna que receberá no caso de Léia se divorciar de Bruno Mezenga (Antonio Fagundes). Mas o marido desconfia da traição, põe um detetive para espioná-los e arma um flagrante; em seguida, abandona a esposa. Ralf também rompe com a amante que, desesperada, implora por seu amor. Ele a esbofeteia, dando início a uma história de violência e coerção, em que a obriga a extorquir dinheiro de Bruno e a aceitar sua vida de cafajeste. Volta e meia, Ralf a espanca.
Zé do Araguaia
- Outro grande personagem da novela é Zé do Araguaia (Stênio Garcia), que traz no nome a região em que nasceu e foi criado, Goiás, onde também fica a principal fazenda de Bruno Mezenga (Antonio Fagundes), seu patrão. Ele ajudou o pecuarista a derrubar as primeiras árvores e plantar suas pastagens iniciais. Zé recebe Luana (Patrícia Pillar) de braços abertos quando a moça chega à fazenda e, junto com a mulher, Donana (Bete Mendes), adota a moça como a filha que não teve. Ambos têm grande respeito e carinho pelo patrão, mas não medem palavras para dizer-lhe o que pensam, formando a dupla de conselheiros de Mezenga. Em determinado momento da trama, o avião em que o empresário viaja cai na região, e ele desaparece. O copiloto é encontrado morto. São 18 capítulos de angústia e suspense, até que Mezenga reaparece, vivo, às margens do rio.
CENAS MARCANTES
- O senador Roberto Caxias, interpretado por Carlos Vereza, protagonizou uma das cenas mais emblemáticas da novela: aquela em que o personagem faz um discurso emocionado sobre os sem-terra para um plenário ocupado apenas por três colegas – um cochilando, outro lendo jornal e o terceiro falando ao celular. A cena causou protestos de senadores. No dia seguinte, o então senador Ney Suassuna subiu à tribuna do Senado para protestar contra o que classificou de “distorção da realidade”. Segundo ele, a cena induzia a população a acreditar que não havia senadores honestos no país.
- O senador Roberto Caxias, interpretado por Carlos Vereza, protagonizou uma das cenas mais emblemáticas da novela: aquela em que o personagem faz um discurso emocionado sobre os sem-terra para um plenário ocupado apenas por três colegas – um cochilando, outro lendo jornal e o terceiro falando ao celular. A cena causou protestos de senadores. No dia seguinte, o então senador Ney Suassuna subiu à tribuna do Senado para protestar contra o que classificou de “distorção da realidade”. Segundo ele, a cena induzia a população a acreditar que não havia senadores honestos no país.
- O líder Regino (Jackson Antunes) e o senador Caxias são assassinados em uma emboscada num acampamento de trabalhadores sem-terra, no Pontal do Paranapanema, em São Paulo. Mais uma vez na novela, o autor Benedito Ruy Barbosa fundiu realidade e ficção, desta vez na cena do velório do político, que contou com a participação dos senadores Eduardo Suplicy e Benedita da Silva. A princípio reticente em fazer uma cena dentro de um caixão, Carlos Vereza acabou dormindo durante a gravação.
PRODUÇÃO
- Para as gravações de O Rei do Gado, foram utilizados pelo menos cinco pólos de produção: Itapira, Ribeirão Preto e Amparo (SP), Guaxupé (MG) e Aruanã (GO) – por onde se espalhavam as fazendas usadas como locação –, além do Projac, onde ficavam os estúdios e a cidade cenográfica construída para a novela. A reconstituição das cenas de batalha da Segunda Guerra Mundial, exibidas na primeira fase da história, foi feita com cerca de 300 figurantes, na cidade de Craco, uma das regiões mais pobres da Itália. As cenas foram filmadas em película 16mm. Na Itália, também foram feitas algumas sequências em Guardiã Perticara e no monumento dos pracinhas brasileiros, na Toscana.
- Para as gravações de O Rei do Gado, foram utilizados pelo menos cinco pólos de produção: Itapira, Ribeirão Preto e Amparo (SP), Guaxupé (MG) e Aruanã (GO) – por onde se espalhavam as fazendas usadas como locação –, além do Projac, onde ficavam os estúdios e a cidade cenográfica construída para a novela. A reconstituição das cenas de batalha da Segunda Guerra Mundial, exibidas na primeira fase da história, foi feita com cerca de 300 figurantes, na cidade de Craco, uma das regiões mais pobres da Itália. As cenas foram filmadas em película 16mm. Na Itália, também foram feitas algumas sequências em Guardiã Perticara e no monumento dos pracinhas brasileiros, na Toscana.
CURIOSIDADES
- Stênio Garcia, Bete Mendes, Antonio Fagundes e Patrícia Pillar foram escalados para passar um tempo no Mato Grosso pesquisando a região, suas paisagens e os tipos humanos locais. Ali Stênio Garcia foi construindo seu personagem que, junto com o de Bete Mendes, tinha a responsabilidade de representar na novela o clima bucólico da vida rural brasileira. Em depoimento ao Memória Globo, o ator contou que, ao trabalhar sobre a foto de Zé das Águas – um habitante local no qual os passarinhos gostavam de pousar –, ele pôde vislumbrar um personagem já realizado. A imagem havia sido um presente do poeta Manoel de Barros ao ator.
- Stênio Garcia, Bete Mendes, Antonio Fagundes e Patrícia Pillar foram escalados para passar um tempo no Mato Grosso pesquisando a região, suas paisagens e os tipos humanos locais. Ali Stênio Garcia foi construindo seu personagem que, junto com o de Bete Mendes, tinha a responsabilidade de representar na novela o clima bucólico da vida rural brasileira. Em depoimento ao Memória Globo, o ator contou que, ao trabalhar sobre a foto de Zé das Águas – um habitante local no qual os passarinhos gostavam de pousar –, ele pôde vislumbrar um personagem já realizado. A imagem havia sido um presente do poeta Manoel de Barros ao ator.
- Antonio Fagundes conta que foi prometido ao elenco um intervalo de pelo menos um mês entre as duas fases da novela. Como ele fazia o avô na primeira e o neto na segunda, engordou para o primeiro personagem e esperava perder peso até a outra fase. Mas o intervalo foi de apenas 12 horas. Segundo o ator, os sete capítulos da primeira fase levaram cerca de três meses para ficar prontos, tamanho o capricho e a dedicação da equipe.
- O Rei do Gado estreou dois meses após a morte de 19 trabalhadores sem-terra em Eldorado dos Carajás, no Pará. A reforma agrária e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) foram abordados pela primeira vez numa telenovela. O tema teve grande repercussão na mídia e na sociedade em geral.
PRÊMIOS
- O Rei do Gado recebeu o Certificado de Honra ao Mérito no San Francisco International Film Festival, concorrendo com 1.525 produções de 62 países.
- A primeira fase da novela, considerada um dos grandes momentos da teledramaturgia brasileira, e cujos sete capítulos mostravam a decadência do ciclo do café e a participação do Brasil na II Guerra Mundial, foi transformada pela Divisão Internacional da Rede Globo na minissérie Giovanna e Henrico. A obra foi selecionada como hors-concours no Festival Banff, do Canadá, entre 720 produções de 38 países.
- O Rei do Gado conquistou excelentes índices de audiência e ganhou o Troféu Imprensa de melhor telenovela.
- O Rei do Gado recebeu o Certificado de Honra ao Mérito no San Francisco International Film Festival, concorrendo com 1.525 produções de 62 países.
- A primeira fase da novela, considerada um dos grandes momentos da teledramaturgia brasileira, e cujos sete capítulos mostravam a decadência do ciclo do café e a participação do Brasil na II Guerra Mundial, foi transformada pela Divisão Internacional da Rede Globo na minissérie Giovanna e Henrico. A obra foi selecionada como hors-concours no Festival Banff, do Canadá, entre 720 produções de 38 países.
- O Rei do Gado conquistou excelentes índices de audiência e ganhou o Troféu Imprensa de melhor telenovela.
Elenco:
Antônio Fagundes – Bruno Berdinazzi Mezenga
Patrícia Pillar – Luana (Marieta)
Glória Pires – Rafaela Berdinazzi
Raul Cortez – Geremias Berdinazzi
Fábio Assunção – Marcos Mezenga
Sílvia Pfeiffer – Léa Mezenga
Lavínia Vlasak – Lia Mezenga
Carlos Vereza – Senador Caxias
Ana Rosa – Maria Rosa
Mariana Lima – Liliana Caxias
Walderez de Barros – Judite
Stênio Garcia – Zé do Araguaia
Bete Mendes – Donana
Guilherme Fontes – Tavinho (Otávio)
Sérgio Reis – Zé Bento (Saracura)
Almir Sater – Aparício (Pirilampo)
Ana Beatriz Nogueira – Jacira
Jackson Antunes – Regino
Oscar Magrini – Ralf
José de Abreu – Coronel Geraldo Macedo
Lúcia Veríssimo – Joana Patrício
Leila Lopes – Suzane
Jairo Mattos – Fausto
Rogério Márcico – Olegário
Iara Jamra – Lurdinha
Maria Helena Pader - Júlia
Chica Xavier – Freira
Mara Carvalho – Bia
Luciana Vendramini – Marita
Amilton Monteiro – Detetive Clóvis
Paulo Coronato – Dimas
Adenô de Souza – Lupércio
Carlos Takeshi – Olavo Takashi
Cosme dos Santos – Formiga
Arieta Corrêa - Chiquita
Participação na 1ª Fase:
Tarcísio Meira – Giuseppe Berdinazzi
Ewa Wilva – Marieta Berdinazzi
Vera Fischer – Nena Mezenga
Letícia Spiller – Giovanna Berdinazzi
Leonardo Brício – Enrico Mezenga
Marcello Antony – Bruno Berdinazzi
Caco Ciocler – Geremias Berdinazzi
Cláudio Correa e Castro – Tony Vendacchio
Manuel Boucinhas – Giácomo Berdinazzi
Trilha Sonora:
Rei do Gado - Orquestra da Terra
Coração Sertanejo - Chitãozinho
& Xororó
Admirável Gado Novo - Zé Ramalho
La Forza Della Vita - Renato
Russo
Eu Te Amo, Te Amo, Te Amo - Roberta
Miranda
Correnteza – Djavan
À Primeira Vista - Daniela
Mercury
Sem Medo de Ser Feliz - Zezé Di
Camargo & Luciano
Doce Mistério - Leandro &
Leonardo
Vaqueiro de Profissão - Jair
Rodrigues
The Woman In Me - Shania Twain
O Que Vem a Ser Felicidade - Orlando
Morais
Cidade Grande - Metrópole
Caminhando Só - Evara Zan
Glory of Love - Peter Cetera
Abertura da Novela - O Rei do Gado (1996)
Chamada de elenco Original - O Rei do Gado (1996)
Nossa! Boas recordações! Adorava essa novela!
ResponderExcluir"Sou desse chão onde o rei é peão, com um laço na mão, laça a fera e marca!"
ResponderExcluirGente! nao perdia um capítulo... Foi muito bom recordar a história! Estou esperando a proxima novela do quadro
É verdade que a fazenda do Bruno Mezenga, era na verdade do Sérgio Reis e que a gora pertence ao Zezé dde Camargo?
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