O ex-primeiro-ministro de Israel Ariel Sharon morreu neste sábado (11),
em Tel Aviv, após passar cerca de oito anos em coma. Sharon foi general do
Exército de Israel, líder político, fundador do partido conservador Likud e
primeiro-ministro israelense entre 2001 e 2006. Ele era viúvo, tinha dois
filhos e estava hospitalizado desde janeiro de 2006, quando sofreu dois
acidentes vasculares cerebrais e entrou em estado de coma.
Ariel
Sharon nasceu em 1928, na Palestina, na época controlada pelo Império Britânico.
Filho de judeus que migraram da região onde hoje é Belarus, Sharon foi criado
em um moshav - uma comunidade rural
cooperativa similar aos kibutz - no vilarejo de Kfar Malal.
Suas primeiras participações na vida política ocorreram na adolescência, quando
se juntou a grupos paralimitares que emboscavam beduínos e defendiam vilarejos
judeus.
Em
1947, as Nações Unidas aprovaram a implementação do Plano de Partilha da
Palestina. O plano encerrava o domínio britânico, criava dois Estados - um
judeu e um árabe - e colocava a cidade de Jerusalém sob controle internacional.
Horas antes do plano entrar em vigor, as comunidades judias declararam
independência, e os árabes reagiram, dando início a guerra Árabe-Israelense de
1948. Os grupos paramilitares foram incorporados ao Exército de Israel, e Ariel
Sharon se tornou chefe de pelotão, lutando na Batalha de Jerusalém.
A
partir de então, Sharon participou de todas as guerras travadas por Israel. Na
década de 1950, criou e comandou uma unidade de forças especiais para enfrentar
milícias palestinas. Foi comandante da divisão de soldados paraquedistas na
Guerra do Suez, em 1956, quando Israel, Reino Unido e França invadiram o Egito
para liberar o Canal de Suez. Sua participação nas operações o levou a ser
promovido para o posto de major-general.
Sharon
comandou uma divisão de blindados em 1967, na Guerra dos Seis Dias, quando
Israel atacou ao mesmo tempo o Egito, Jordânia, Síria e Iraque, expandindo seu
território. Ele teve participação decisiva nas operações na Península do Sinai.
Em 1973, se aposentou do Exército para iniciar uma carreira política, mas a
aposentadoria durou apenas três meses. Ele retornou às Forças Armadas quando
Egito e Síria fizeram um ataque surpresa na Guerra de Yom Kippur, e comandou a
divisão de blindados no Sinai que, novamente, foi crucial na vitória das forças
israelenses.
Após
a guerra, Ariel Sharon entrou para a política. Fundou o partido Likud (União,
em hebraico), de tendência conservadora, e foi eleito para o Knesset, o
Parlamento israelense. Foi nomeado ministro da Agricultura e, depois, ministro
da Defesa, e usou esses cargos para aumentar a presença israelense nas áreas
palestinas, intensificando a criação de assentamentos na Faixa de Gaza e na
Cisjordânia.
Em
1982, Sharon foi indiretamente responsabilizado pelo massacre de civis em dois
campos de refugiados. Como ministro da Defesa, ele coordenou a invasão do sul
do Líbano em uma operação contra a Organização para a Libertação da Palestina
(OLP). Durante a guerra, os campos de refugiados palestinos de Sabra e de
Shatila, que estavam situados em território ocupado pelos israelenses, foram
atacados por milícias cristãs libanesas, resultando na morte de até 3.500
civis. A Corte Suprema de Israel considerou Sharon culpado por falhar na
proteção de civis, e as Nações Unidas classificaram o episódio como
"genocídio".
A
pressão fez com que ele renunciasse ao cargo de ministro. Odiado entre os árabes,
Sharon continuou popular em Israel. Se tornou um defensor ardoroso da
controversa política de expansão de assentamentos israelenses nos territórios
palestinos, e foi nomeado por Benjamin Netanyahu como ministro das Relações
Exteriores. Em 2001, venceu Netanyahu em disputas internas no partido e se
tornou primeiro-ministro de Israel.
No
começo de seu mandato, Sharon atraiu novas críticas após uma forte operação
militar na Cisjordânia, durante a Segunda Intifada Palestina. Além disso, foi
nesse período que Israel começou a construção do Muro da Cisjordânia. Em 2004,
entretanto, Sharon supreendeu ao mudar radicalmente a política israelense em
relação aos territórios ocupados. Ele apresentou o Plano de Retirada Unilateral
de Israel, propondo retirar os assentamentos israelenses dos territórios
ocupados. Após forte resistência do seu próprio partido, o plano foi colocado
em prática em 2005, quando Israel iniciou a remoção dos civis de 21
assentamentos na Faixa de Gaza e quatro na Cisjordânia.
O
plano resultou em forte atrito com os partidários do Likud, e levou Ariel
Sharon a deixar o partido, desfazendo o governo. Ele ajudou a fundar o partido
Kadima (Avante, em hebraico), de tendência centrista, e pretendia disputar a
eleição para um novo mandato como primeiro-ministro. As pesquisas mostravam que
ele tinha chances de se eleger, mas seus planos foram comprometidos por
problemas de saúde. Sharon sofreu dois acidentes vasculares cerebrais, um em
dezembro de 2005 e outro em janeiro de 2006, e desde então estava hospitalizado
em estado de coma. Sharon
era viúvo duas vezes. A primeira esposa, Margalit, morreu em um acidente de
carrro em 1962. A segunda, Lily Sharon, morreu de câncer em 2000. Ele tinha
dois filhos, Omri e Gilad.
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