sábado, 11 de janeiro de 2014

Ariel Sharon, ex-primeiro-ministro de Israel, morre aos 85 anos


O ex-primeiro-ministro de Israel Ariel Sharon morreu neste sábado (11), em Tel Aviv, após passar cerca de oito anos em coma. Sharon foi general do Exército de Israel, líder político, fundador do partido conservador Likud e primeiro-ministro israelense entre 2001 e 2006. Ele era viúvo, tinha dois filhos e estava hospitalizado desde janeiro de 2006, quando sofreu dois acidentes vasculares cerebrais e entrou em estado de coma.

Ariel Sharon nasceu em 1928, na Palestina, na época controlada pelo Império Britânico. Filho de judeus que migraram da região onde hoje é Belarus, Sharon foi criado em um moshav - uma comunidade rural cooperativa similar aos kibutz - no vilarejo de Kfar Malal. Suas primeiras participações na vida política ocorreram na adolescência, quando se juntou a grupos paralimitares que emboscavam beduínos e defendiam vilarejos judeus.

Em 1947, as Nações Unidas aprovaram a implementação do Plano de Partilha da Palestina. O plano encerrava o domínio britânico, criava dois Estados - um judeu e um árabe - e colocava a cidade de Jerusalém sob controle internacional. Horas antes do plano entrar em vigor, as comunidades judias declararam independência, e os árabes reagiram, dando início a guerra Árabe-Israelense de 1948. Os grupos paramilitares foram incorporados ao Exército de Israel, e Ariel Sharon se tornou chefe de pelotão, lutando na Batalha de Jerusalém.

A partir de então, Sharon participou de todas as guerras travadas por Israel. Na década de 1950, criou e comandou uma unidade de forças especiais para enfrentar milícias palestinas. Foi comandante da divisão de soldados paraquedistas na Guerra do Suez, em 1956, quando Israel, Reino Unido e França invadiram o Egito para liberar o Canal de Suez. Sua participação nas operações o levou a ser promovido para o posto de major-general.

Sharon comandou uma divisão de blindados em 1967, na Guerra dos Seis Dias, quando Israel atacou ao mesmo tempo o Egito, Jordânia, Síria e Iraque, expandindo seu território. Ele teve participação decisiva nas operações na Península do Sinai. Em 1973, se aposentou do Exército para iniciar uma carreira política, mas a aposentadoria durou apenas três meses. Ele retornou às Forças Armadas quando Egito e Síria fizeram um ataque surpresa na Guerra de Yom Kippur, e comandou a divisão de blindados no Sinai que, novamente, foi crucial na vitória das forças israelenses.

Após a guerra, Ariel Sharon entrou para a política. Fundou o partido Likud (União, em hebraico), de tendência conservadora, e foi eleito para o Knesset, o Parlamento israelense. Foi nomeado ministro da Agricultura e, depois, ministro da Defesa, e usou esses cargos para aumentar a presença israelense nas áreas palestinas, intensificando a criação de assentamentos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.

Em 1982, Sharon foi indiretamente responsabilizado pelo massacre de civis em dois campos de refugiados. Como ministro da Defesa, ele coordenou a invasão do sul do Líbano em uma operação contra a Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Durante a guerra, os campos de refugiados palestinos de Sabra e de Shatila, que estavam situados em território ocupado pelos israelenses, foram atacados por milícias cristãs libanesas, resultando na morte de até 3.500 civis. A Corte Suprema de Israel considerou Sharon culpado por falhar na proteção de civis, e as Nações Unidas classificaram o episódio como "genocídio".

A pressão fez com que ele renunciasse ao cargo de ministro. Odiado entre os árabes, Sharon continuou popular em Israel. Se tornou um defensor ardoroso da controversa política de expansão de assentamentos israelenses nos territórios palestinos, e foi nomeado por Benjamin Netanyahu como ministro das Relações Exteriores. Em 2001, venceu Netanyahu em disputas internas no partido e se tornou primeiro-ministro de Israel.

No começo de seu mandato, Sharon atraiu novas críticas após uma forte operação militar na Cisjordânia, durante a Segunda Intifada Palestina. Além disso, foi nesse período que Israel começou a construção do Muro da Cisjordânia. Em 2004, entretanto, Sharon supreendeu ao mudar radicalmente a política israelense em relação aos territórios ocupados. Ele apresentou o Plano de Retirada Unilateral de Israel, propondo retirar os assentamentos israelenses dos territórios ocupados. Após forte resistência do seu próprio partido, o plano foi colocado em prática em 2005, quando Israel iniciou a remoção dos civis de 21 assentamentos na Faixa de Gaza e quatro na Cisjordânia.

O plano resultou em forte atrito com os partidários do Likud, e levou Ariel Sharon a deixar o partido, desfazendo o governo. Ele ajudou a fundar o partido Kadima (Avante, em hebraico), de tendência centrista, e pretendia disputar a eleição para um novo mandato como primeiro-ministro. As pesquisas mostravam que ele tinha chances de se eleger, mas seus planos foram comprometidos por problemas de saúde. Sharon sofreu dois acidentes vasculares cerebrais, um em dezembro de 2005 e outro em janeiro de 2006, e desde então estava hospitalizado em estado de coma. Sharon era viúvo duas vezes. A primeira esposa, Margalit, morreu em um acidente de carrro em 1962. A segunda, Lily Sharon, morreu de câncer em 2000. Ele tinha dois filhos, Omri e Gilad.

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