domingo, 19 de janeiro de 2014

Especial Novelas: Senhora do Destino (2004)


José Wilker, Suzana Vieira e José Mayer
A trama de Senhora do Destino é dividida em duas fases. A primeira – exibida em quatro capítulos – se passa em dezembro de 1968, quando a nordestina Maria do Carmo Ferreira da Silva (Carolina Dieckmann), abandonada pelo marido Josivaldo (Manoel Candeias), parte com seus cinco filhos de Belém do São Francisco, no interior de Pernambuco, rumo ao Rio de Janeiro. Desesperada, ela escreve ao irmão, Sebastião (Luiz Carlos Vasconcelos), pedindo que ele os receba. Sebastião trabalha como motorista para Josefa Magalhães Duarte Pinto (Marília Gabriela), por quem é apaixonado. Ela é filha de família tradicional e dona do jornal carioca Diário de Notícias, herdado após a morte do segundo marido.

Renata Sorrah
Após uma série de contratempos na viagem, Maria do Carmo e os filhos chegam ao Rio de Janeiro no dia da decretação do Ato Institucional nº 5 (AI-5), 13 de dezembro de 1968. Há um grande tumulto nas ruas do Centro, tomadas por manifestantes e policiais. O Diário de Notícias, opositor do regime militar, é invadido pela polícia, e Sebastião não consegue buscar Maria do Carmo na rodoviária. Como perdeu o papel onde havia anotado o endereço do irmão, ela segue com os filhos à procura do jornal, onde espera encontrar Sebastião. No meio da confusão em que se transformou a cidade, Reginaldo (Miguel Rômulo), um de seus filhos, é ferido por uma pedrada. Maria do Carmo consegue se refugiar com as crianças em uma casa abandonada. Nazaré (Adriana Esteves), após uma discussão com o amante Luís Carlos (Tarcísio Filho), também se abriga no local. Vestida como uma enfermeira e com uma falsa barriga de grávida, Nazaré diz se chamar Lourdes e promete tomar conta das crianças enquanto Maria do Carmo leva Reginaldo ao hospital. Na volta, porém, Maria do Carmo descobre que a mulher desapareceu com sua filha recém-nascida, Lindalva.

Nazaré, na realidade, é uma prostituta do bordel de Madame Berthe (Tônia Carrero) que deseja se casar com o amante e mudar de vida. Ela acredita que a gravidez é a única maneira de separá-lo da esposa e da filha. Como é estéril, inventou que estava grávida para forçar Luís Carlos a assumir a criança. Ao ficar sozinha com Lindalva em seus braços, Nazaré vislumbra a chance de concretizar seu plano e sequestra a menina. Após chantagear Madame Berthe para que confirme sua história, ela arma uma farsa e finge que deu à luz a criança, sensibilizando o amante, que larga a família para ficar com ela. A luta de Maria do Carmo para reencontrar a filha roubada é o fio condutor da novela. 
Carolina Dieckmann na 1ª Fase
Desolada com o sequestro de Lindalva, Maria do Carmo se perde nas ruas do Rio, é confundida com os manifestantes e levada presa, assim como Dirceu de Castro (Gabriel Braga Nunes), repórter do Diário de Notícias, que se recusa a abandonar a redação do jornal. Josefa também é presa, tem o jornal fechado e é aconselhada a deixar o país, o que a leva para um luxuoso exílio em Paris. Maria do Carmo e Dirceu ficam em celas vizinhas no presídio da Ilha das Flores, e o jornalista toma conhecimento da história da nordestina. Dirceu chama a atenção do comandante da prisão para o equívoco, e a jovem é solta. Ela encontra Sebastião por acaso, e os dois conseguem impedir que as crianças, que haviam sido levadas para o Juizado de Menores, sejam enviadas para um orfanato. Maria do Carmo decide se instalar no mesmo lugar onde o irmão vive, em Vila São Miguel, na Baixada Fluminense, e jura que dedicará sua vida a localizar a filha Lindalva.
José de Abreu e Eduardo Moscovis
Na segunda fase da novela, Maria do Carmo (Susana Vieira) é uma mulher forte e bem-sucedida, mãe dedicada de Reginaldo (Eduardo Moscovis), Leandro (Leonardo Vieira), Viriato (Marcello Antony) e Plínio (Dado Dolabella), e dona da loja de material de construções Do Carmo. É querida e respeitada em Vila São Miguel por sua ética e generosidade. Ela mantém um antigo relacionamento amoroso com Dirceu (José Mayer), agora editor e colunista político de um grande jornal carioca. Os dois moram em casas separadas e vivem uma relação tranquila. Mas a nordestina tem outro admirador: o ex-bicheiro Giovanni Improtta (José Wilker).
Giovanni Improtta é presidente da escola de samba Unidos de Vila São Miguel. Uma de suas características é a inseparável gravata borboleta, além do esforço para falar bonito, que o leva a cometer vários erros de português. Seu modo de falar caiu nas graças do público, que reproduzia nas ruas expressões como “felomenal” (em vez de “fenomenal”). Giovanni é pai de João Manoel (Heitor Martinez) e Jenifer (Bárbara Borges). Viúvo, mora com os filhos e a sogra, Flaviana (Yoná Magalhães). Tem como namorada a aspirante a celebridade Danielle (Ludmila Dayer), a quem chama de "Ninfa Bebê". Mas o ex-bicheiro, que vive repetindo não dever nada à polícia nem ao fisco, é apaixonado mesmo por Maria do Carmo, tendo de disputar o seu amor com o rival Dirceu, a quem se refere como "Troca Letras".
Gloria Menezes e Ângela Vieira
Sebastião (Nelson Xavier), o irmão de Maria do Carmo, casou-se com Janice (Mara Manzan) e tem três filhos: Eleonora (Mylla Christie), Venâncio (André Gonçalves) e Regininha (Maria Maya). É motorista do refinado Pedro Correia de Andrade e Couto (Raul Cortez), o barão de Bonsucesso, e de sua esposa, a baronesa Laura (Glória Menezes). Ao longo da história, Regininha engravida do namorado João Manoel, e, no fim da trama, os dois apressam o casamento. Danielle e Venâncio, casados, descobrem que vão ser pais.
Lindalva, a caçula roubada de Maria do Carmo e batizada como Isabel (Carolina Dieckmann), transformou-se em uma jovem doce e bonita, que tem uma relação de cumplicidade com a perturbada e perigosa Nazaré (Renata Sorrah), que ela pensa ser sua mãe. Nazaré ainda vive com Luís Carlos (Tarcísio Meira) e está sempre em guerra com a enteada Cláudia (Leandra Leal), que foi morar com o pai após sua mãe, abandonada pelo marido, sucumbir à depressão e morrer. A farsa de Nazaré começa a vir à tona quando o fotógrafo Rodolfo (Reinaldo Gonzaga) entrega a Dirceu a foto de uma enfermeira grávida com um bebê no colo, tirada por ele durante o tumulto no centro do Rio, em dezembro de 1968. Maria do Carmo e Leandro reconhecem a sequestradora. Dirceu pede a Rodolfo que use programas de computador para “envelhecer” a foto e chegar ao rosto atual da mulher. Depois, consegue que a história de Maria do Carmo seja tema de um programa investigativo na TV. Luís Carlos assiste ao programa e diz à Nazaré que vai denunciá-la. Os dois discutem, e ele cai da escada de casa. No chão, com fortes dores no peito, pede à Nazaré que pegue o seu remédio, mas ela não o socorre.
Dan Stulbach e Carolina Dieckmann
Com a morte do pai, Isabel começa a trabalhar no restaurante Monsieur Vatel, de propriedade de Edgard (Dan Stulbach). Os dois se apaixonam. O maître Viriato (Marcello Antony) nem imagina que a namorada do patrão é sua irmã desaparecida. O namoro de Isabel e Edgard deixa Nazaré desesperada, pois o rapaz é neto de Madame Berthe. No final da trama, o receio de Nazaré se justifica: é o diário da cafetina que confirma a história do sequestro. Antes disso, porém, a vilã apronta muitas. Ela passa a ter como amante e aliado o inescrupuloso Josivaldo (José de Abreu), o marido desaparecido de Maria do Carmo que volta para a família pedindo pensão alimentícia à mulher.
Enquanto Maria do Carmo continua a busca pela filha, Dirceu e Giovanni tentam a todo custo localizar a menina. Em uma dessas tentativas, aparece Angélica (Carol Castro), que foi encontrada ainda bebê no mesmo dia do desaparecimento de Lindalva. Mas a alegria de Maria do Carmo dura pouco: Angélica tem uma pinta de nascença na perna e, portanto, não pode ser a filha sequestrada. Mesmo assim, Maria do Carmo a acolhe em casa e faz dela sua secretária na loja. Angélica se envolve com Plínio. O cerco contra Nazaré vai se fechando, com a colaboração de vários amigos de Maria do Carmo, inclusive Cláudia, a enteada da vilã. Ela também se torna aliada da nordestina, pois sempre odiou a madrasta.
Nelson Xavier e Mara Manzan
Mesmo após descobrir que foi roubada de sua mãe verdadeira, Isabel ainda leva um tempo até aceitar Maria do Carmo como mãe. Nazaré pede desculpas à jovem, diz que agiu em um momento de desespero, e, dividida e sensibilizada, Isabel decide ficar a seu lado, até dar-se conta de seu verdadeiro caráter. Uma das surpresas preparadas pelo autor foi a volta à trama da atriz Marília Gabriela. Ela retorna à novela no papel de Guilhermina, a filha de Josefa, que se torna um obstáculo na realização de um antigo sonho de Sebastião e Dirceu: reabrir o Diário de Notícias. Guilhermina tenta impedir o leilão de um original do pintor Cézanne, que Josefa havia deixado para Sebastião, e cuja renda seria usada para a reabertura do jornal. A tela permaneceu vários anos escondida no Galaxie que Sebastião herdou de sua ex-patroa e mantém guardado em sua garagem. 
Apesar dos entraves, o jornal é reaberto, e nele passam a trabalhar Cláudia, Alberto e Rodolfo. Guilhermina e Dirceu se estranham em um primeiro momento, e seus encontros sempre terminam em troca de acusações. A hostilidade mútua dá lugar à paixão, e os dois ficam juntos no fim da história, depois que Maria do Carmo aceita se casar com Giovanni. A torcida do público pelo ex-bicheiro era grande, e o autor só mostrou esse desfecho no último capítulo, para manter o suspense. Nazaré morre após atirar-se de uma ponte na cachoeira de Paulo Afonso, na Bahia. Ela se suicida após sequestrar Linda, a filha de Isabel e Edgard. Diante de Isabel, porém, ela se redime e lhe entrega o bebê antes de saltar para a morte. Josivaldo acaba nas ruas, como um mendigo maltrapilho e enlouquecido.

Tramas Paralelas:

Eduardo Moscovis e Letícia Spiller
Ambição Desmedida:
O filho mais velho de Maria do Carmo (Susana Vieira), Reginaldo (Eduardo Moscovis), virou um político ambicioso que não se furta em tentar tirar proveito da popularidade da mãe, avessa ao seu perfil populista e demagógico. Reginaldo, o Naldo, quer se tornar prefeito de Vila São Miguel e faz campanha pela emancipação da localidade. É casado com Leila (Maria Luisa Mendonça), com quem tem dois filhos, Bruno (Thadeu Matos) e Bianca (Marcela Barrozo), mas mantém um caso secreto com sua assessora parlamentar Viviane (Letícia Spiller), tão ambiciosa quanto ele. Leila descobre a infidelidade do marido e, disposta a flagrá-lo com a amante, pede ajuda a Venâncio (André Gonçalves), primo de Reginaldo, para seguir os dois até um motel. Ela tenta passar para o quarto de Reginaldo pela mureta, mas sofre um acidente fatal ao cair do prédio. Esperto, Reginaldo inverte a situação, acusa a mulher de ser amante do primo, e o convence a não desmentir a história. Viúvo, Reginaldo se casa com Viviane, e a dupla arma muitas tramoias ao longo da trama, como o falso sequestro do próprio filho, a prisão da mãe e os assassinatos dos marginais Cigano (Ronnie Marruda) e Seboso (Alexandre Morenno).

Leonardo Vieira e Tânia Khalil
Amor Fraterno:
Leandro (Leonardo Vieira), um dos filhos de Maria do Carmo (Susana Vieira), trabalha como contador para Giovanni (José Wilker). Ele tem um conturbado relacionamento com a mulher, Marinalva (Tânia Khalil), destaque da escola de samba Unidos de Vila São Miguel. Marinalva esconde uma paixão pelo cunhado Viriato (Marcello Antony), o que provoca muitos conflitos em seu casamento. Após decidir se separar, Leandro se interessa por Isabel (Carolina Dieckmann) sem desconfiar de que ela é sua irmã Lindalva. Ele confunde a amizade de Isabel com amor. Cláudia (Leandra Leal), que está apaixonada por ele, alerta-o sobre seus sentimentos, e ambos se aproximam. Os dois se casam, e Cláudia engravida. Marinalva se casa com o deputado Thomas Jefferson (Mário Frias).

Marcello Antony e Débora Falabella
Duda e Viriato:
Viriato (Marcello Antony) é maître do restaurante de Edgard Legrand (Dan Stulbach), Monsieur Vatel, em Ipanema, na zona sul da cidade. Seu destino se cruza com o de Maria Eduarda, a Duda (Débora Falabella), quando ele a salva de um assalto. Os pais de Eduarda, Leonardo (Wolf Maya) e Gisela (Angela Vieira), não aceitam o namoro da filha com um homem de classe inferior e fazem o que podem para vê-la casada com o jovem deputado federal Thomas Jefferson (Mário Frias). No final da novela, Leonardo descobre que é filho do mordomo Alfred (Ítalo Rossi) com uma cozinheira que morreu no parto, tendo sido adotado pelo Barão, o que muda sua visão sobre a vida. Após passar um período na França especializando-se em culinária, Viriato volta ao Brasil e reata com Duda, com quem havia se casado.

Carol Castro e Dado Dolabella
Pai de Aluguel:
O caçula de Maria do Carmo (Susana Vieira), Plínio (Dado Dolabella), é um jovem mulherengo que não quer saber de trabalho e só pensa em curtir a vida. Ele acaba caindo na armadilha da independente Yara (Helena Ranaldi), mulher alguns anos mais velha, que quer ser mãe e o escolhe como “pai de aluguel”, sem nem ao menos consultá-lo. Embora só quisesse usá-lo, Yara é obrigada a recorrer a Plínio quando a empresa em que trabalha vai à falência. Pela primeira vez, então, o rapaz encara uma responsabilidade na vida. Tempos depois, casado com Angélica (Carol Castro), Plínio ganha de Yara a permissão para ficar com o filho Dado, já que ela vai se mudar para o Japão.

Glória Menezes e Raul Cortez
Barão de Bonsucesso:
Pedro Correia de Andrade e Couto (Raul Cortez), o barão de Bonsucesso, e sua esposa, a baronesa Laura (Glória Menezes), formam um casal alegre que gosta de celebrar a vida, embora não tenha mais a situação financeira de tempos atrás. O dinheiro do barão é administrado por seu filho, Leonardo (Wolf Maya), que vive reclamando dos excêntricos gastos do pai. Após conhecer Giovanni Improtta (José Wilker), o barão aceita ser seu personal stylist e passa a dar aulas de etiqueta ao ex-bicheiro, que se dirige a Laura como Dona Baroa, garantindo muitos momentos cômicos na história. No decorrer da trama, a baronesa descobre sofrer do mal de Alzheimer.

Bárbara Borges e Mylla Christie
Casal Homossexual:
Outras tramas movimentaram a novela ao longo de seus quase nove meses no ar. Jenifer (Bárbara Borges), a estudiosa filha de Giovanni (José Wilker), e Eleonora (Mylla Christie), filha de Sebastião (Nelson Xavier), apaixonam-se, e, após muita resistência, os pais se veem obrigados a aceitar o romance, passando por cima dos preconceitos. Elas assumem a relação, passam a viver juntas e adotam um recém-nascido, abandonado próximo ao hospital onde Eleonora trabalha como médica. O relacionamento das duas ganhou grande repercussão, provocando debates sobre a adoção de crianças por homossexuais. Jenifer e Eleonora não formaram o único casal homossexual na trama: o carnavalesco Ubiracy, o Bira, interpretado por Luiz Henrique Nogueira, também tinha o seu par, Turcão (Marco Vilella).
Curiosidades:
Helena Ranaldi
Senhora do Destino traz referências biográficas de Aguinaldo Silva, um nordestino que também deixou sua cidade natal (Carpina, em Pernambuco), para viver na região Sudeste do país. O nome da protagonista, Maria do Carmo Ferreira da Silva, e o do personagem Sebastião são homenagens à sua mãe e a um tio, irmão dela. Além disso, o autor trabalhou muitos anos como jornalista e, em 1969, passou 70 dias preso na Ilha das Flores por ter escrito o prefácio dos Diários de Che Guevara. A novela foi ao ar 40 anos depois do golpe militar de 1964.

Em Senhora do Destino, Aguinaldo Silva presta uma homenagem aos migrantes nordestinos ao mostrar a trajetória de sucesso de Maria do Carmo (Susana Vieira), que enfrenta uma série de dificuldades, mas vence na vida com ética e coragem. A homenagem à retirante foi ainda mais explícita no final da trama, quando Maria do Carmo vira enredo da Unidos de Vila São Miguel. Ela, os filhos, netos, noras e amigos desfilam na escola. A madrinha da escola de samba fictícia é Regininha (Maria Maya). Crescilda (Gottscha) puxa o samba-enredo da escola, cuja comissão de frente é formada por Isabel (Carolina Dieckmann) e cinco crianças representando Maria do Carmo e seus filhos.
A personagem Josefa Magalhães Duarte Pinto (Marília Gabriela) foi inspirada em três mulheres que eram donas de importantes jornais cariocas no período da ditadura: a Condessa Pereira Carneiro, do Jornal do Brasil; Niomar Moniz Sodré, do Correio da Manhã; e Ondina Dantas, do Diário de Notícias. As três, de origem nordestina, assumiram o comando dos jornais por herança, após a morte de seus maridos. O perfil da personagem se assemelha mais ao de Niomar Moniz Sodré, segunda mulher do jornalista Paulo Bittencourt, dono do Correio da Manhã, que morreu em Estocolmo em 1963 e deixou-lhe o jornal em testamento. Niomar era colecionadora de arte e amiga de artistas, tendo sido responsável pela criação do Museu de Arte Moderna do Rio. Contestadora e temperamental, fez forte oposição aos militares em seu jornal, cuja circulação foi suspensa várias vezes por contrariar determinações da Censura Federal. Perseguida pela repressão, foi presa no Regimento Caetano Faria na edição do AI-5. O Correio da Manhã não resistiu ao crescente abandono dos anunciantes, resultado da pressão dos militares, e acabou saindo de circulação.
Letícia Spiller
Giovanni Improtta, interpretado pelo ator José Wilker, foi tirado do livro O Homem que Comprou o Rio, de Aguinaldo Silva (Brasiliense, 1986). Entre as frases popularizadas pelo personagem na novela estão: "Há malas que vêm de trem!"; "Vou me pirulitar-me"; "Não esqueça do meu lema: com Giovanni Improtta não tem problema"; "Então fica o dito pelo não dito, o não dito pelo dito e, como sempre, vale o escrito"; "Aqui se faz, aqui se paga. Na vida, como no restaurante, a conta sempre chega"; "A vaca vai voar!", "O tempo urra, e a Sapucaí é longa!", "Giovanni Improtta, em charme e osso".
Senhora do Destino foi a primeira novela em que o autor Aguinaldo Silva e o diretor Wolf Maya trabalharam juntos. Os dois voltariam a fazer dobradinha em outros trabalhos.
Reginaldo foi o primeiro vilão que Eduardo Moscovis fez na TV.
Marília Gabriela
A menos de três meses do fim da novela, Raul Cortez teve de se afastar da trama por conta de um câncer. Enquanto o ator esteve em tratamento, o autor inventou uma viagem para o personagem. Raul Cortez voltou ao set para gravar uma aparição do Barão e, depois, no final da trama, quando o Barão e a Baronesa Laura (Glória Menezes) viajam para a Europa. O afastamento do ator levou Aguinaldo Silva a aumentar a participação do mordomo Alfred, interpretado por Ítalo Rossi. Senhora do Destino foi a última novela de Raul Cortez, que morreu de câncer em julho de 2006.
Alguns atores fizeram aulas específicas para compor seus personagens, como Marcello Antony e Dan Stulbach, que tiveram noções de culinária. Susana Vieira e Carolina Dieckmann ganharam uma professora de fonética, para que a construção da fala de Maria do Carmo seguisse os mesmos tom e ritmo nas duas fases.
A novela contou com muitas participações especiais. Roberto Bomtempo fez o taxista Gilmar, cúmplice de Nazaré (Renata Sorrah) que é assassinado por ela após tentar chantageá-la. Paulo José viveu o médico que guardava o segredo da esterilidade de Nazaré. Lima Duarte interpretou o senador corrupto Victorio Vianna, personagem que já havia aparecido na novela Porto dos Milagres (2001), de Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares. Vera Fischer viveu Vera Robinson, ex-Miss Brasil e ex-namorada de Leonardo (Wolf Maya), contratada por ele para seduzir Viriato (Marcello Antony) e depois acusá-lo de assédio sexual. A personagem foi uma homenagem à atriz, eleita Miss Brasil em 1969. Felipe Camargo entrou na novela no papel de Edmundo, um advogado pilantra que tem um caso com Nazaré. Flávio Galvão interpretou Jorge Maciel, advogado de Guilhermina (Marília Gabriela). Jayme Périard viveu o médico de Laura (Glória Menezes). O jogador de vôlei Tande fez uma participação na cena da fuga de Nazaré.
A cantora Gottsha surpreendeu no papel de Crescilda, funcionária da loja de Maria do Carmo. 
A novela lançou atores, escolhidos por testes de interpretação, como Agles Stibe (Maikel), Nuno Melo (Constantino), Tânia Khalil (Marinalva), Jéssica Sodré (Daiane) e Leonardo Carvalho (filho de Dennis Carvalho e Christiane Torloni, que interpretou o personagem Gato).
Miriam Pires
A atriz Miriam Pires, intérprete de Clementina, avó de Shao Lin (Leonardo Miggiorin) e cozinheira de Maria do Carmo (Susana Vieira), morreu durante as gravações da novela, mas a personagem continuou a ser citada na trama. Sua filha Aurélia (Cristina Müllins) entrou na história e deu prosseguimento ao projeto da mãe, o lançamento de um livro de receitas de pratos nordestinos. A publicação do livro extrapolou a ficção: a Editora Globo lançou A Cozinha de D. Clementina, reunindo diversas receitas da personagem.
Senhora do Destino é considerada um marco na história da telenovela. Foi a líder de audiência no horário nobre da TV Globo, considerando-se os nove anos anteriores. Na média relativa ao número de capítulos, só perdeu para O Rei do Gado, de Benedito Ruy Barbosa, exibida em 1996.
A novela obteve altos índices de audiência também em Portugal, onde foi exibida na emissora SIC, em horário nobre. A história foi vendida para mais de 20 países, como Albânia, Argentina, Bolívia, Cabo Verde, Canadá, Costa Rica, Cuba, Equador, Eslovênia, EUA, Guatemala, Moçambique, Moldávia, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Portugal, Romênia, Rússia, Uruguai e Venezuela.
Leonardo Miggiorin
A trama principal da novela remeteu o público ao “caso Pedrinho”, como ficou conhecido o caso de Pedro Rosalino Braule Pinto, bebê sequestrado em 1986 pela empresária Vilma Martins Costa. O episódio mexeu com a opinião pública, e a novela reavivou o fato. Apresentando-se como assistente social de uma casa de saúde de Brasília, Vilma teria entrado no quarto em que o recém-nascido estava com a mãe e levado o menino, sob o pretexto de que ele precisava fazer exames. Pedrinho foi registrado como filho natural de Vilma, com o nome de Osvaldo Martins Borges Junior. Em agosto de 2003, Vilma foi condenada a mais de 13 anos de reclusão pelo sequestro de Pedrinho e de outra criança, Aparecida Fernanda Ribeiro da Silva – registrada como Roberta Jamilly Martins Borges –, que teria sido levada por Vilma de uma maternidade de Goiânia. Vilma foi desmascarada em 2002, quando Pedrinho tinha 16 anos e Roberta, 23. Com a revelação, Pedrinho foi viver com os pais biológicos.
Ações Socioeducativas:
Através da família de Rita (Adriana Lessa), Aguinaldo Silva trabalhou temas como a violência contra a mulher, o uso de drogas e a gravidez na adolescência, principais ações de merchandising social da novela. O autor também enfocou a “produção independente”, através de Yara (Helena Ranaldi); o mal de Alzheimer, abordado através da personagem Laura (Glória Menezes); e as dificuldades enfrentadas pelos aposentados, por meio de Seu Jacques (Flávio Migliaccio). 

Elenco:
Suzana Vieira – Maria do Carmo

José Wilker – Giovanni Improtta
Renata Sorrah – Nazaré
José Mayer – Dirceu de Castro
Carolina Dieckmann – Maria Isabel / Lindalva
Eduardo Moscovis – Reginaldo
Letícia Spiller – Viviane
Leandra Leal – Cláudia
Marcello Antony – Viriato
Débora Falabella – Duda
Leonardo Vieira – Leandro
Glória Menezes - Laura
Raul Cortez – Barão de Bonsucesso
Ângela Vieira - Gisela
José de Abreu – Josivaldo
Helena Ranaldi - Yara
Tânia Khalil – Marinalva
Dan Stulbach – Edgar
Yoná Magalhães - Flaviana
Carol Castro – Angélica
Dado Dolabella – Plínio
Ludmila Dayer – Danielle
Marília Gabriela – Josefa / Maria Guilhermina
Wolf Maya – Leonardo
Elizângela – Djenane
Nelson Xavier – Sebastião
Adriana Lessa – Rita de Cássia
Bárbara Borges – Jennifer
Mylla Christie – Eleonora
Leonardo Miggiorin – Shao Lin (Políbio)
Maria Maya – Regininha
Heitor Martinez – João Manoel
André Gonçalves – Venâncio
Flávio Migliaccio – Jacques
Marcela Barrozo – Bianca
Miriam Pires – Clementina
Ítalo Rossi – Alfred
Ana Rosa – Belmira
Thiago Fragoso – Alberto
Mara Manzan – Janice
Mário Frias – Thomas Jefferson
André Mattos – Madruga
Cristina Mullins – Aurélia
Reinaldo Gonzalga – Rodolpho
Stella Freitas – Cícera
Cristina Galvão – Jandira
Silvia Salgado – Aretuza
Gottsha – Crescilda
Malu Valle – Shirley
Guida Viana – Fausta
Luiz Henrique Nogueira – Ubiraci
Jéssica Sodré – Daiane
Ronnie Marruda – Cigano
Thadeu Matos – Bruno
Leonardo Carvalho – Gatto


Participações na 1ª Fase:
Tarcísio Meira – Zé Carlos Tedesco

Tarcísio Filho – Zé Carlos Tedesco (jovem)
Adriana Esteves – Nazaré
Tônia Carrero – Madame Berth
Maria Luisa Mendonça – Leila
Gabriel Braga Nunes – Dirceu
Luciele di Camargo – Djenane
Luiz Carlos Vasconcelos - Sebastião

Lima Duarte – Victorio Viana

Vera Fischer – Vera Robinson
Tâmara Taxman – Madame Mirtes


Trilha Sonora
Nacional:

Capa: Suzana Vieira

Se acontecer – Djavan

É festa – Simone
Tudo vira bosta - Rita Lee
Fantasias – Leonardo
Dono dos teus olhos - Gal Costa
Encontros e despedidas - Maria Rita
Qual é? - Marcelo D2
Uma louca tempestade - Ana Carolina
Dream A Little Dream Of Me - Zélia Duncan
Tudo que há de bom - Luiza Possi
Vem ni mim - Dado Dolabella
Máscara – Pitty
A medida da paixão - Pedro Mariano
Corações psicodélicos - Karla Sabah

Olhos tristes - Fabian

Internacional:

Capa: José Wilker

I Guess I Loved You - Lara Fabian

Sorry Seems To Be the Hardest Word - Ray Charles
I Want to Know What Love Is – Wynonna
Como me acuerdo - Robi Draco Rosa
Those Sweet Words - Norah Jones
Calling All Angels - Lenny Kravitz
The Closest Thing to Crazy - Katie Melua
It's Over Now - Natasha Thomas
This Love - Maroon 5
Blond Thang! - Babootz & Da Big Boy Daddy
Free - Donavon Frankenreiter
Singin' in the Rain - Jamie Cullum
Che sono innamorato (Estoy enamorado) - Luciano Bruno
Long Night - The Corrs
Daughters - John Mayer
Ya my Queen - Houston Aakon

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