quarta-feira, 11 de junho de 2014

Recordando a Carreira: 77 anos de Reginaldo Faria


Água Viva (1980)
Na família Faria, irmão de peixe, peixinho é. Reginaldo Figueira de Faria nasceu em 11 de junho de 1937 em Nova Friburgo, Rio de Janeiro. Filho de açougueiro, desde pequeno ajudava o pai no trabalho e estudava violão clássico, enquanto sonhava ser ator – influenciado por astros da época, como Anselmo Duarte, Cyll Farney e Ilka Soares, que eram levados à cidade pelo diretor de chanchadas Watson Macedo. O irmão Roberto Farias (que tem um “s” no sobrenome devido a um erro do cartório) acabou indo trabalhar na Atlântida com o cineasta, e quando teve a oportunidade de dirigir o seu primeiro filme, Rico Ri à Toa (1957), convidou Reginaldo para ser assistente de câmera. No segundo filme, No Mundo da Lua (1958), ele já aparecia nos créditos como ator. Só que por acaso: “Um dos atores era um cantor, Aldair Soares. No dia da filmagem, ele sumiu. Ninguém o encontrava, e o Roberto ficou apavorado. Aí ele olhou para o Riva, que é o meu outro irmão, e falou: ‘Riva, você vai fazer o papel’. Riva: ‘Eu não quero fazer isso, não sou ator’. Aí o Roberto: ‘Então, é você, Reginaldo!’. E aí me pegou”, conta.

Ti Ti Ti (1985)
Depois disso, atuou em mais sete filmes do irmão, de clássicos como O Assalto ao Trem Pagador(1962) a sucessos como Roberto Carlos em Ritmo de Aventura (1968). Também trabalhou para diretores como Sylvio Back (em Lance Maior, de 1968), Hector Babenco (Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia, 1977) e Sandra Werneck e Walter Carvalho (Cazuza – O Tempo Não Para, 2004). O próprio ator também dirigiu nove longas-metragens, entre eles Os Paqueras (1969), Barra Pesada (1977),Aguenta Coração (1984) e O Carteiro, lançado no Festival de Gramado de 2011.

Vale Tudo (1988)
Sua estreia na televisão foi em 1965, na Globo, em Ilusões Perdidas, primeira novela da emissora, escrita por Enia Petri. Em seguida, ainda em 1965, fez também Paixão de Outono, de Glória Magadan, e Um Rosto de Mulher, de Daniel Más. Só voltaria à emissora em 1978, interpretando o Hélio deDancin’ Days, de Gilberto Braga. Também participou de Pai Herói (1979), de Janete Clair. Um dos seus primeiros personagens de grande sucesso na TV foi o Nélson Fragonard, em Água Viva (1980), também de Gilberto Braga. Playboy arruinado, ele disputava o amor de Lígia (Betty Faria) com seu irmão milionário, o cirurgião plástico Miguel Fragonard (Raul Cortez). “Uma cena marcante é quando o personagem do Raul morre. O meu personagem ficava olhando para sepultura dele. Eu pedi ao Gilberto para improvisar. E eu improvisei e fui me emocionando. Porque a cena era uma despedida do Raul Cortez da novela, que era uma pessoa com quem eu adorava trabalhar. Então, me comoveu muito, muito mesmo.”

Vamp (1991)
Daí em diante, não parou mais. Fez Baila Comigo (1981), de Manoel Carlos, Elas por Elas (1982), de Cassiano Gabus Mendes, Louco Amor (1983), de Gilberto Braga, Transas e Caretas (1984), de Lauro César Muniz, e a primeira versão de Ti-Ti-Ti (1985). Nesta última, também de Gabus Mendes, interpretou o estilista André Spina/Jacques Léclair, formando com Luis Gustavo (seu rival Ariclenes Martins/Víctor Valentin) uma dupla memorável. “Tatá, rei do improviso, e eu o acompanhando, ali. Era um duelo, um duelo dos dois, dos costureiros, dos afetados. E era muito bom fazer o homem, pai de família, o sério, que quando saía para o trabalho, vestia um outro personagem, o afetado”.

Força de um Desejo (1999)
Nessa época, fez também a minissérie A Máfia no Brasil, de Leopoldo Serran (1984), na qual foi dirigido pelo irmão Roberto e o sobrinho Maurício Farias. “Eu já tinha o hábito de filmar com o Roberto. Então, nunca tive muita dificuldade em trabalhar com ele.” Depois de uma rápida passagem pela extinta TV Manchete, onde foi o protagonista de Corpo Santo (1987), de José Louzeiro, Cláudio MacDowell e Wilson Aguiar Filho, voltou à Globo em grande estilo, interpretando o Marco Aurélio de Vale Tudo (1988), sucesso de Gilberto Braga. “Foi um personagem feito numa época em que o país vivia um momento muito crítico. A descrença na liderança política no país era muito intensa. Eu acho que o Gilberto Braga pegou essa essência de pessoas que abandonavam o país. Como o meu personagem, que vai embora, cheio da grana, e dá aquela banana para o Brasil. Ele representava o desejo de muito brasileiro em dar banana não para o país, mas para os nossos líderes”, diz.

O Clone (2001)
Também foi o Ascânio de Tieta (1989), o industrial Henrique Ribeiro da minissérie Boca do Lixo (1990), de Silvio de Abreu, e o Jonas de Vamp (1991), de Antonio Calmon, além de ter feito as minisséries As Noivas de Copacabana (1992), de Miguel Falabella, Contos de Verão (1993), de Domingos Oliveira, e Engraçadinha... Seus Amores e Seus Pecados (1995), de Leopoldo Serran. Em 2002, brilhou em O Clone, de Gloria Perez, interpretando Leônidas Ferraz, ou “Leãozinho”, como era chamado pela sua amada Ivete (Vera Fischer). “Vera pegou perfeitamente aquela coisa daquela personagem que tem um toque de futilidade, mas que é profundamente verdadeira – é essa personagem que fascina o Leônidas, que o leva a ficar de quatro”, conta.

Paraíso (2009)
Na novela Força de um Desejo (1999), trama de época assinada por Gilberto Braga e Alcides Nogueira e um sucesso do horário das 18h, Reginaldo Faria interpretava o Barão Henrique Sobral, contracenando com Sônia Braga, Malu Mader, entre outros. Nos anos 2000, também integrou o elenco de grandes sucessos no horário das 20h, como O Clone e América, de Gloria Perez, Celebridade e Paraíso Tropical, de Gilberto Braga e Ricardo Linhares.

Joia Rara
Em 2009, participou da segunda versão de Paraíso, exibida originalmente em 1982. Coube ao ator o papel de Eleutério, mais conhecido como “Seu Lotério”, um homem bem-sucedido e exímio contador de causos, dono de um amuleto com um diabo preso numa garrafa. Nas cenas de flashback exibidas ao longo da novela, o jovem Eleutério foi interpretado por Marcelo
Faria, filho do ator e da psicanalista Katia Achcar. Em 2011, atuou na novela Cordel do Fogo Encantado, de Thelma Guedes e Duca Rachid, no papel de Januário Cabral. No ano seguinte, viveu o Augusto, pai amoroso de Rodrigo (Gabriel Braga Nunes), em Amor Eterno Amor, de Elizabeth Jhin. Também participou de Joia Rara.

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