Água Viva (1980) |
Na
família Faria, irmão de peixe, peixinho é. Reginaldo Figueira de Faria nasceu
em 11 de junho de 1937 em Nova Friburgo, Rio de Janeiro. Filho de açougueiro,
desde pequeno ajudava o pai no trabalho e estudava violão clássico, enquanto
sonhava ser ator – influenciado por astros da época, como Anselmo Duarte, Cyll
Farney e Ilka Soares, que eram levados à cidade pelo diretor de chanchadas
Watson Macedo. O irmão Roberto Farias (que tem um “s” no sobrenome devido a um
erro do cartório) acabou indo trabalhar na Atlântida com o cineasta, e quando
teve a oportunidade de dirigir o seu primeiro filme, Rico Ri à Toa (1957),
convidou Reginaldo para ser assistente de câmera. No segundo filme, No
Mundo da Lua (1958), ele já aparecia nos créditos como ator. Só que por
acaso: “Um dos atores era um cantor, Aldair Soares. No dia da filmagem, ele
sumiu. Ninguém o encontrava, e o Roberto ficou apavorado. Aí ele olhou para o
Riva, que é o meu outro irmão, e falou: ‘Riva, você vai fazer o papel’. Riva:
‘Eu não quero fazer isso, não sou ator’. Aí o Roberto: ‘Então, é você,
Reginaldo!’. E aí me pegou”, conta.
Depois disso, atuou em mais sete filmes do irmão, de clássicos como O
Assalto ao Trem Pagador(1962) a sucessos como Roberto Carlos em Ritmo de
Aventura (1968). Também trabalhou para diretores como Sylvio Back (em Lance
Maior, de 1968), Hector Babenco (Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia, 1977) e
Sandra Werneck e Walter Carvalho (Cazuza – O Tempo Não Para, 2004). O próprio
ator também dirigiu nove longas-metragens, entre eles Os Paqueras (1969), Barra
Pesada (1977),Aguenta Coração (1984) e O Carteiro, lançado no
Festival de Gramado de 2011.
Sua estreia na televisão foi em 1965, na Globo, em Ilusões
Perdidas, primeira novela da emissora, escrita por Enia Petri. Em seguida,
ainda em 1965, fez também Paixão
de Outono, de Glória Magadan, e Um
Rosto de Mulher, de Daniel Más. Só voltaria à emissora em 1978,
interpretando o Hélio deDancin’
Days, de Gilberto Braga. Também participou de Pai
Herói (1979), de Janete Clair. Um dos seus primeiros personagens de
grande sucesso na TV foi o Nélson Fragonard, em Água
Viva (1980), também de Gilberto Braga. Playboy arruinado,
ele disputava o amor de Lígia (Betty Faria) com seu irmão milionário, o
cirurgião plástico Miguel Fragonard (Raul Cortez). “Uma cena marcante é quando
o personagem do Raul morre. O meu personagem ficava olhando para sepultura
dele. Eu pedi ao Gilberto para improvisar. E eu improvisei e fui me
emocionando. Porque a cena era uma despedida do Raul Cortez da novela, que era
uma pessoa com quem eu adorava trabalhar. Então, me comoveu muito, muito
mesmo.”
Daí em diante, não parou mais. Fez Baila
Comigo (1981), de Manoel Carlos, Elas
por Elas (1982), de Cassiano Gabus Mendes, Louco
Amor (1983), de Gilberto Braga, Transas
e Caretas (1984), de Lauro César Muniz, e a primeira versão de Ti-Ti-Ti (1985).
Nesta última, também de Gabus Mendes, interpretou o estilista André
Spina/Jacques Léclair, formando com Luis Gustavo (seu rival Ariclenes
Martins/Víctor Valentin) uma dupla memorável. “Tatá, rei do improviso, e eu o
acompanhando, ali. Era um duelo, um duelo dos dois, dos costureiros, dos
afetados. E era muito bom fazer o homem, pai de família, o sério, que quando
saía para o trabalho, vestia um outro personagem, o afetado”.
Nessa época, fez também a minissérie A
Máfia no Brasil, de Leopoldo Serran (1984), na qual foi dirigido pelo irmão
Roberto e o sobrinho Maurício Farias. “Eu já tinha o hábito de filmar com o
Roberto. Então, nunca tive muita dificuldade em trabalhar com ele.” Depois de
uma rápida passagem pela extinta TV Manchete, onde foi o protagonista de Corpo
Santo (1987), de José Louzeiro, Cláudio MacDowell e Wilson Aguiar Filho,
voltou à Globo em grande estilo, interpretando o Marco Aurélio de Vale
Tudo (1988), sucesso de Gilberto Braga. “Foi um personagem feito numa
época em que o país vivia um momento muito crítico. A descrença na liderança
política no país era muito intensa. Eu acho que o Gilberto Braga pegou essa
essência de pessoas que abandonavam o país. Como o meu personagem, que vai
embora, cheio da grana, e dá aquela banana para o Brasil. Ele representava o
desejo de muito brasileiro em dar banana não para o país, mas para os nossos
líderes”, diz.
Também foi o Ascânio de Tieta (1989),
o industrial Henrique Ribeiro da minissérie Boca
do Lixo (1990), de Silvio de Abreu, e o Jonas de Vamp (1991),
de Antonio Calmon, além de ter feito as minisséries As
Noivas de Copacabana (1992), de Miguel Falabella, Contos
de Verão (1993), de Domingos Oliveira, e Engraçadinha...
Seus Amores e Seus Pecados (1995), de Leopoldo Serran. Em 2002,
brilhou em O
Clone, de Gloria Perez, interpretando Leônidas Ferraz, ou “Leãozinho”, como
era chamado pela sua amada Ivete (Vera Fischer). “Vera pegou perfeitamente
aquela coisa daquela personagem que tem um toque de futilidade, mas que é
profundamente verdadeira – é essa personagem que fascina o Leônidas, que o leva
a ficar de quatro”, conta.
Na novela Força
de um Desejo (1999), trama de época assinada por Gilberto Braga e
Alcides Nogueira e um sucesso do horário das 18h, Reginaldo Faria interpretava
o Barão Henrique Sobral, contracenando com Sônia Braga, Malu Mader, entre
outros. Nos anos 2000, também integrou o elenco de grandes sucessos no horário
das 20h, como O
Clone e América,
de Gloria Perez, Celebridade e Paraíso
Tropical, de Gilberto Braga e Ricardo Linhares.
Em 2009, participou da segunda versão de Paraíso,
exibida originalmente em 1982. Coube ao ator o papel de Eleutério, mais
conhecido como “Seu Lotério”, um homem bem-sucedido e exímio contador de causos,
dono de um amuleto com um diabo preso numa garrafa. Nas cenas de flashback exibidas
ao longo da novela, o jovem Eleutério foi interpretado por Marcelo Faria, filho
do ator e da psicanalista Katia Achcar. Em
2011, atuou na novela Cordel
do Fogo Encantado, de Thelma Guedes e Duca Rachid, no papel de Januário
Cabral. No ano seguinte, viveu o Augusto, pai amoroso de Rodrigo (Gabriel Braga
Nunes), em Amor
Eterno Amor, de Elizabeth Jhin. Também participou de Joia Rara.
Ti Ti Ti (1985) |
Vale Tudo (1988) |
Vamp (1991) |
Força de um Desejo (1999) |
O Clone (2001) |
Paraíso (2009) |
Joia Rara |
Nenhum comentário:
Postar um comentário