Recordando a Carreira: 67 anos de Nuno Leal Maia
|
A Gata Comeu |
Nuno
Leal Maia pode se considerar, de fato, um ator de muita sorte. Tem dezenas de
novelas, filmes e peças teatrais em seu currículo, e se dá ao luxo de não
apontar um ou outro papel que tenha gostado mais de fazer. Mas o grande público
não vai esquecer sua atuação como o jogador de futebol Bertazo, em Vereda
Tropical (1984), como o bicheiro Tony Carrado, em Mandala (1987),
como o surfista veterano Gaspar Kundera, em Top
Model (1989), ou, mais recentemente, como o professor careca Paulo
Pasqualete, em Malhação – Múltipla Escolha (2001). “Gosto de todos os
personagens que fiz. É como se cada um deles fosse um pouquinho de mim. Também,
nunca peguei um personagem de que não gostasse”, garante.
|
Mandala |
Talvez esse seja o segredo da sua bem-sucedida carreira de ator, aliado ao
jeito bonachão, naturalmente engraçado e de grande identificação com o público
jovem. Isso ajuda a explicar o fato de Nuno Leal Maia dificilmente passar mais
do que um ou dois anos fora da telinha. Isso desde Estúpido
Cupido, de Mário Prata, em 1976 – sua primeira novela na Globo. “Adora-se
novela, não só no Brasil, mas em quase todos países latinos, e hoje até nos
Estados Unidos. Nós, aqui, já convivemos com novela há muito tempo: primeiro,
no rádio, depois na televisão. Enfim, é o nosso arroz com feijão. Acho que a
novela faz parte da vida do brasileiro; é o dia a dia do brasileiro”, avalia.
|
Top Model |
Nuno Leal Maia nasceu em 17 de outubro de 1947, em Santos, filho de um
despachante aduaneiro e uma comerciante. Cursou os quatro anos de comunicação
na Universidade de São Paulo, mas a dependência em uma matéria o fez desistir
de buscar o diploma. Chegou a dar aulas de história, para se sustentar, mas sua
carreira no teatro e, depois, no cinema e na televisão, era uma questão de
tempo. Pouco tempo. “Em 1969 houve um teste para a peça Hair. Todo mundo
da minha turma da faculdade foi fazer, e eu também. Sônia Braga estava lá, mas
a gente não se conhecia. Passei em todos os testes, menos no último. Nessa
época eu cursava história junto com comunicação, e comecei a me preparar para
fazer outra coisa na vida. Inclusive, arrumei trabalho em uma escola”, conta.
|
Vamp |
Acontece que o ator Carlos Alberto Riccelli, então amigo de faculdade de Nuno,
apareceu duas vezes em sua vida, transformando-a para sempre. Primeiro, porque
ele atuava em Hair, mas teve que sair, e sua vaga acabou caindo no colo de
Nuno. Depois, o mesmo Riccelli o indicou para um programa na TV Tupi, Dom
Camilo e Seus Cabeludos, com direção de Benjamin Cattan. Já dedicado ao teatro,
com algumas peças no currículo, Nuno Leal Maia contracenou com nomes como Ney
Latorraca, Tereza Sodré e Walter Stuart, e se apaixonou de vez pela televisão, encontrando
definitivamente seu lugar no mundo: desde que fosse em um palco, um estúdio ou
em uma locação, era onde ele queria estar.
Walter Avancini convidou Nuno para trabalhar na Globo, mas na época ele estava
mais interessado em viajar pelo país com a peça Greta Garbo, Quem Diria,
Acabou em Irajá, que fazia muito sucesso. Recusou o convite para fazer
novela, mas, em 1976, participou de um comercial institucional da emissora,
intitulado Mexa-se, que estimulava a prática de exercícios físico – e teve
ótima repercussão. Acabou convidado para trabalhar em Estúpido
Cupido, a última novela da fase preto e branco da Globo, quando viveu um
engenheiro trapaceiro. Ao final da novela, identificada sua veia histriônica,
foi convidado a trabalhar no humorístico Planeta
dos Homens, onde contracenou com nomes como Jô Soares, Agildo Ribeiro,
Miele e Lúcio Mauro. “Foi uma escola maravilhosa. Foi onde aprendi a trabalhar
esse lado da comédia, porque não sabia lidar muito bem com isso. Foi uma das
épocas mais gostosas”, relembra com saudade.
|
História de Amor |
Do humorístico, Nuno Leal Maia se transferiu para a TV Bandeirantes, convidado
para protagonizar a novela Pé de Vento, de Benedito Ruy Barbosa. Voltou
para a TV Globo em 1983, para atuar na minissérie Bandidos
da Falange, de Aguinaldo Silva, e emendou com a novela Champagne,
de Cassiano Gabus Mendes. Nuno viveu seu papel de maior sucesso até então, o
jogador de futebol Bertazo, em Vereda
Tropical (1984), primeira novela de Carlos Lombardi na Globo. No ano
seguinte, ganhou um papel de maior destaque, o professor Fábio Coutinho em A
Gata Comeu, de Ivani Ribeiro, na qual seu personagem viveu um romance
tórrido com a personagem de Christiane Torloni.
|
Malhação |
Em 1986, o diretor Herval Rossano foi para a TV Manchete e convidou Nuno para
acompanhá-lo, para atuar em Novo Amor, de Manoel Carlos. Mas depois de
viver justamente um bicheiro no cinema, em O Rei do Rio, de Fábio Barreto,
o ator retornou para a Globo e viveu outro personagem marcante: o bicheiro Tony
Carrado, em Mandala,
de Dias Gomes. Na trama, o bicheiro fazia par com a personagem de Vera Fischer,
a quem só chamava de “minha deusa”, expressão que caiu no gosto popular. “Eu
queria fazer um bicheiro mais colorido, não digo cafona, mas colocar mais cor
nele, sabe? Um cara todo verde e amarelo. Eu comecei a falar errado algumas
coisas, e a personagem começou a crescer, e tomou uma dimensão que escapou do
meu controle. Em novela das oito, quando o personagem começa a fazer sucesso, é
um negócio terrível: você não tem sossego”, ressalta.
|
O Amor está no Ar |
Dois anos depois veio mais um personagem muito querido do público,
principalmente da juventude: o surfista veterano Gaspar Kundera, da novela Top
Model, de Walther Negrão e Antonio Calmon. “Até hoje as pessoas lembram,
principalmente os surfistas, e me chamam de Gaspar Kundera. Até hoje eles acham
que eu surfo maravilhosamente, mas nunca surfei”, revela. Nuno fez minisséries,
participou de especiais como A Grande Família, em 1987, vivendo Agostinho,
e, em 1991, atuou em Vamp,
outra novela de Antonio Calmon. Fez uma participação especial em Pedra
sobre Pedra, de Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares,
atuou em Pátria
Minha, de Gilberto Braga (onde viveu um paraplégico), O
Amor Está no Ar, de Alcides Nogueira, Suave
Veneno, de Aguinaldo Silva, Meu
Bem Querer, de Ricardo Linhares, algumas minisséries, como Meu
Marido, de Euclydes Marinho e Lula Torres, e Contos
de Verão, de Domingos de Oliveira.
Entre 1999 e 2001, assumiu o papel do professor Paulo Pasqualete, no seriado Malhação
– Múltipla Escolha, um sucesso de público. “Chegava de manhã para gravar,
passava creme de barbear na cabeça inteira e fazia uma barba só, de cima a
baixo. Um ano e tanto fazendo isso! Aí, pedi ao Emanuel Jacobina: ‘Pelo amor de
Deus, manda o Pasqualete fazer um implante. Eu não aguento mais raspar a
cabeça’. Era divertido fazer”, relembra. O
Clone, de Gloria Perez, Agora
é que São Elas, de Ricardo Linhares, o remake de O
Profeta, de Ivani Ribeiro, Caras
& Bocas, de Walcyr Carrasco, e o remake de Ti-Ti-Ti,
escrito por Maria Adelaide Amaral a partir do original de Cassiano Gabus
Mendes, completam a lista de novelas do currículo do ator. Em 2012, estreou no
elenco de Amor
Eterno Amor, de Elizabeth Jhin, a 25ª no currículo do ator.
|
Duas Caras |
No
cinema, além de um sem número de filmes de pornochanchada, nos anos 1970, Nuno
Leal Maia também atuou, entre outros, em A Dama da Lotação (1978), de
Neville de Almeida, O Bem Dotado – O Homem de Itu (1978), de José
Miziara, Perdoa-me Por me Traíres (1980), de Braz Chediak, O
Beijo da Mulher Aranha (1985), de Hector Babenco, O Escorpião
Escarlate (1990), de Ivan Cardoso, e Tainá 3 (2011), de Rosane
Svartamn. “Eu
fiz vários filmes de sucesso também, mas como a televisão não há comparação. A
TV é o veículo mais poderoso que existe. E é a minha vida”, resume.
Nenhum comentário:
Postar um comentário