Relembrando a Carreira: 44 anos de Cláudia Abreu
Muito
antes de saber o que queria na vida, Cláudia Abreu tomou o caminho dos palcos,
levada por um tio: “Ele era ator das peças infantis do Tablado. Aos 10 anos,
comecei a fazer aulas de teatro, juntamente com o curso de inglês, aulas de
vôlei. Acabei me apaixonando pela atmosfera do Tablado. Foi o local onde
encontrei a minha turma, as pessoas com quem mais me identifiquei”, conta.
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Que Rei sou Eu |
Depois
de participar de um grupo de teatro infantojuvenil, começou a ensaiar a peça O
Despertar da Primavera, na escola de teatro, em 1986. A partir daí, tudo
aconteceu muito rápido: mesmo antes da estreia, foi convidada para fazer um
teste na Globo; e mesmo antes do seu primeiro trabalho na emissora (A Principal
Causa do Divórcio, um episódio da série Teletema) ser exibido, foi
escalada para a primeira novela, Hipertensão,
de Ivani Ribeiro. A atriz ainda não havia completado 16 anos.
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Anos Rebeldes |
Cláudia
Abreu Varella – Cláudia Abreu Fonseca, depois do casamento com o cineasta José
Henrique Fonseca – nasceu em 12 de outubro de 1970, filha de uma advogada e de
um funcionário aposentado do Instituto Brasileiro do Café. Em Hipertensão,
interpretou Luzia, personagem que morria por volta do capítulo 100. Logo a
seguir, fez O
Outro (1987), de Aguinaldo Silva. “Eu fazia, ao mesmo tempo, oflashback da
minha morte na primeira novela e gravava a próxima”, relembra. Em 1988, foi
apresentadora do musical Globo
de Ouro e interpretou a Ana Paula Flores de Fera
Radical, de Walther Negrão. No ano seguinte, ganhou seu primeiro grande
papel: a princesa Juliete da novela Que
Rei Sou Eu? (1989), de Cassiano Gabus Mendes. “Ela era uma princesa
muito doida, e romântica também. Sem contar a cena impagável com Dercy
Gonçalves, que entrou na novela para fazer uma participação especial como minha
avó. Foi um encontro engraçado”, conta.
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Barriga de Aluguel |
Sua
primeira protagonista foi a Clara de Barriga
de Aluguel (1990), de Gloria Perez, uma jovem que emprestava seu útero
para gerar o filho de outra mulher, a jogadora de vôlei Ana (Cássia Kiss),
levantando a discussão sobre quem deveria ficar com a criança, a mãe biológica
ou a de aluguel. “Foi muito difícil fazer porque eu não tinha a vivência da
personagem. Tinha apenas 20 anos, não era mãe ainda, e devia passar as emoções
de uma mulher que estava gestando uma criança que, biologicamente, não era
dela, mas que crescia junto com ela”, diz.
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Pátria Minha |
A
atriz declinou do convite para ser protagonista de outra novela para
interpretar a militante Heloísa em Anos
Rebeldes (1992), papel que lhe daria o prêmio da Associação Paulista
dos Críticos de Arte (APCA). A minissérie de Gilberto Braga foi a primeira obra
de ficção da TV a abordar o período mais duro da ditadura militar. “Foi um
trabalho marcante e uma grande coincidência com o momento político do Brasil,
em função do impeachment do presidente Fernando Collor. As pessoas
identificavam o tema que a minissérie abordava com o momento político no
Brasil. Cheguei a ser considerada musa dos caras-pintadas. Ligavam da União
Nacional dos Estudantes para a minha casa e me convidavam para ir a palanques e
passeatas”, conta.
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Força de um Desejo |
Do
mesmo autor, fez também a novela Pátria
Minha (1994), como Alice; uma pequena participação na minissérie Labirinto (1998); Força
de um Desejo (1999), novela de época na qual interpretou uma escrava
branca; e Celebridade (2003),
em que viveu a primeira vilã de sua carreira, a inescrupulosa Laura. Apelidada
de “cachorra” pelo parceiro Marcos (Márcio Garcia), chamado por ela de “michê”,
a personagem foi escolhida pelo autor para ser a assassina de Lineu Vasconcelos
(Hugo Carvana), segredo guardado a sete chaves até o fim da novela. “Fazer vilã
é ótimo, você pode tudo: você é amoral, não está presa a nenhum código de
ética, a nada. E tanto Gilberto Braga quanto Dennis Carvalho, que dirigiu a
novela, me davam carta branca para colocar cacos. Então, eu falava absurdos, e eles
deixavam”, lembra.
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Celebridade |
Em
seguida, foi a honesta Vitória, de Belíssima (2005),
de Silvio de Abreu, uma ex-menina de rua que é perseguida pela vilã Bia Falcão
(Fernanda Montenegro). “Eu me lembro de uma das cenas finais, com a Fernanda,
em que eu revelava que era filha dela, e ela respondia: 'Você é uma praga. Eu
não te quis quando nasceu e não te quero agora'. Tive cenas muito difíceis de
fazer. Cenas de antagonismo, de raiva, de rancor.” A personagem também fez
muito sucesso por causa de seu figurino: longos e decotados vestidos no verão e
bolerinhos de tricô e crochê. E em 2008, foi Dora Jequitibá, uma das
protagonistas da novela Três
Irmãs, de Antonio Calmon. Em 2012, estreou no papel de Chayene em Cheias
de Charme (2012), de Filipe Miguez e Izabel de Oliveira. A atriz
também participou de episódios de A
Comédia da Vida Privada, em 1995 e 1996, e integrou o elenco fixo da série A
Vida Como Ela é... (1996), baseada na obra de Nelson Rodrigues, exibida no
Fantástico.
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Belíssima |
Paralelamente
à carreira na TV, continuou fazendo teatro, atuando em peças como Orlando (1989)
e Viagem ao Centro da Terra (1994), com direção de Bia Lessa; Um
Certo Hamlet (1991), de Antonio Abujamra; Noite de Reis (1997),
comédia de Shakespeare em que dividiu o palco com o ator Pedro Cardoso; e As
Três Irmãs (1999), em que foi dirigida por Enrique Diaz. Em 2003, produziu
e estrelouPluft, o Fantasminha no Teatro Tablado, em homenagem a Maria
Clara Machado e a casa onde iniciou sua carreira. No
cinema, fez Tieta do Agreste (1996), de Cacá Diegues; Guerra de
Canudos (1997), de Sérgio Rezende; O Homem do Ano (2003), em que
foi dirigida pelo marido José Henrique Fonseca; O Caminho das Nuvens (2003),
de Vicente Amorim; e Os Desafinados (2008), de Walter Lima Jr., entre
outros.
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Geração Brasil |
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Cheias de Charme |
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