Miguel
Falabella de Souza Aguiar nasceu em 10 de outubro de 1956, no bairro de São
Cristóvão, na zona norte do Rio de Janeiro, filho de um arquiteto e de uma
professora universitária de francês e literatura francesa. A família mudou-se
para a Ilha do Governador, onde ele viveu até os 17 anos de idade. Começou a
fazer teatro na adolescência, primeiro no colégio onde estudava e depois no
tradicional Teatro Tablado – escola para atores de Maria Clara Machado. Sua
estréia no palco foi aos 18 anos, com a peça O Dragão, de Eugene Schwarz.
Nessa época, Falabella cursava Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ).
|
Sol de Verão |
No
final de 1976, Miguel Falabella conheceu a atriz Maria Padilha, com quem
organizou um grupo de teatro, do qual também fizeram parte os atores Daniel
Dantas, Rosane Gofman, Fábio Junqueira, Zezé Polessa e Paulo Reis. A estreia da
turma foi na peça O Despertar da Primavera, de Frank Wedekind, em 1979,
seu primeiro trabalho como ator profissional. O sucesso deu projeção à nova
geração de atores. Em seguida, Falabella viajou à França, onde fez cursos
avulsos até voltar ao Brasil para integrar o elenco do filme O Sonho Não
Acabou, de Sérgio Rezende, e reunir-se novamente com seu grupo teatral na peça A
Tempestade, de Shakespeare. Nesse mesmo período, Falabella voltou à escola onde
estudou, o Colégio Andrews, mas como professor de teatro, função que
desempenhou de 1978 a 1985. Entre seus alunos, vários seguiram a carreira de
ator, como Luciana Braga, Felipe Martins, Eduardo Galvão e Tereza Seiblitz.
|
Pacto de Sangue |
Na
televisão, Miguel Falabella estreou vivendo o galã romântico do Caso
Verdade Jan e
Jim, exibido na Globo em setembro de 1982 e escrito por Eloí Calage, com
direção de Walter Campos, Milton Gonçalves e Reynaldo Boury. No mês seguinte,
fez sua primeira novela, como o personagem Romeu da novela Sol
de Verão, de Manoel Carlos. A trama foi afetada por cortes da censura e
pela morte do ator Jardel Filho, que vivia um dos papéis principais. Seu trabalho
seguinte na Globo foi outro Caso Verdade, Choque
de Gerações, de Marília Garcia e Marilu Saldanha. Em
1984, Falabella atuou em Amor
com Amor se Paga, de Ivani Ribeiro, como o personagem Renato. Ainda naquele
ano, trabalhou em Livre
para Voar. Na novela de Walther Negrão, viveu o personagem Sérgio. Mas foi
com o malandro Miro, criado por Janete Clair, que o ator começou a ter maior
projeção na televisão, ao participar da segunda versão de Selva
de Pedra, escrita por Regina Braga e Elói Araújo em 1986.
Em 1987, o ator
experimentou a direção, dirigindo com Cecil Thiré e Lucas Bueno a novela Sassaricando,
de Silvio de Abreu. E, em agosto do mesmo ano, passou a apresentar o Video
Show, no qual ficou por 15 anos, até dezembro de 2001. Além de
fazer a abertura das matérias, ele comandava entrevistas, recebia convidados e
respondia às cartas dos telespectadores. Ao
longo dos anos como apresentador do Video
Show, Falabella continuou atuando na TV. Em Mico
Preto (1990), de Marcílio Moraes, Leonor Bassères e Euclydes Marinho,
fez três personagens ao mesmo tempo: o homossexual José Luís; seu irmão gêmeo
Arnaldo, machão e ladrão internacional; e Guimarães, na verdade Arnaldo
disfarçado. Em 1992, interpretou o papel principal da minissérie As
Noivas de Copacabana, escrita por Dias Gomes, Ferreira Gullar e Marcílio
Moraes: o psicopata Donato Menezes, conceituado restaurador de obras de arte
que seduzia e matava mulheres vestidas de noiva.
|
Mico Preto |
Dois anos depois, Falabella
participou do elenco de A
Viagem, de Ivani Ribeiro, cujo tema central era a vida após a morte. Em
seguida, viveu um dos papéis principais de Cara
& Coroa, o vilão Mauro, na novela de Antonio Calmon. Só voltaria a
atuar em novelas em 2005, como o protagonista de Agora
é que São Elas, de Ricardo Linhares, fazendo par com Marisa Orth e Vera
Fischer. Em
1996, estreou na Globo o sitcom Sai
de Baixo. E com ele o personagem Caco Antibes, que fez muita gente rir nas
noites de domingo com sua postura assumidamente mau-caráter e politicamente
incorreta. Além de atuar, Falabella também chegou a escrever para o programa,
que permaneceu na grade de programação da Globo até dezembro de 2001.
|
As Noivas de Copacabana |
Ainda
em 1996, ele estreou como autor de novelas com Salsa
e Merengue, escrita com Maria Carmen Barbosa para o horário das 19h. Os
dois começaram a escrever juntos quando ela supervisionava os textos do seriado Delegacia
de Mulheres (1990). Nasceu ali uma grande parceria, que inclui
trabalhos em teatro e ainda rendeu, na Globo, a novela A
Lua me Disse (2005), uma comédia de costumes com elementos do folhetim
tradicional, e o humorístico Toma
Lá Dá Cá, que estreou como um especial de fim de ano em 2005 e entrou na
grade semanal da Globo em 2007, com Falabella no elenco. Antes disso, o ator já
escrevera esquetes para o humorístico TV
Pirata (1988), com Vicente Pereira e Patricya Travassos.
Em outubro
de 2008, estreou a novela Negócio
da China, a primeira que assinou sozinho. Comédia romântica urbana, Negócio
da China teve no elenco atores como Francisco Cuoco, Nathalia Timberg,
Ney Latorraca e Yoná Magalhães. Em 2011, escreveu a novela Aquele
Beijo, com Marília Pêra, Nívea Maria, Hérson Capri, entre outros. Dois anos
mais tarde o seriado Pé
na Cova estreou com redação final de Falabella, que também deu vida a
Ruço, o patriarca da família Pereira. A
trajetória de sucesso de Falabella no teatro remonta ao ano de 1988, quando
entrou em cartaz a peça Sereias da Zona Sul, escrita por ele com Vicente
Pereira, e na qual contracenava com Guilherme Karam. Os dois atores dividiram o
prêmio Mambembe de melhor ator.
|
A Viagem |
Falabella já havia trabalhado com Karam em Miguel
Falabella e Guilherme Karam, Finalmente Juntos e Finalmente ao Vivo, que
também já fizera muito sucesso. Um dos expoentes do besteirol, como autor e
intérprete, Falabella fez uma série de peças, como Louro, Alto, Solteiro,
Procura, Falabella Solta os Bichos, Querido Mundo, A Pequena
Mártir de Cristo Rei e O Submarino. Sua estreia na direção teatral
foi na premiada peça Emily(1994), que lhe valeu o Prêmio Molière de melhor
direção e o Mambembe de revelação em direção. Entre outros trabalhos que
dirigiu estão Tupã, a Vingança, de Mauro Rasi, Lucia McCartney,
adaptação de Geraldo Carneiro do texto de Rubem Fonseca e o infantil O
Rouxinol do Imperador, adaptado por Flávio Marinho. A lista de trabalhos é
interminável. Falabella também atuou em Batalha de Arroz num Ringue para
Dois e O Beijo da Mulher Aranha, e escreveu e dirigiu A Partilha (Prêmio
Molière de melhor autor), No Coração do Brasil, Como Encher um
Biquíni Selvagem, Os Monólogos da Vagina(adaptação do original de Eve
Ensler) e South American Way - musical sobre a vida de Carmen
Miranda -, Capitanias Hereditárias e Todo Mundo Sabe o que Todo
Mundo Sabe (as três com Maria Carmem Barbosa), entre muitas outras peças.
|
Cara e Coroa |
Em
2001, A Partilha foi transformada em filme, com produção da
Globo Filmes e direção de Daniel Filho, repetindo o sucesso da peça. O
longa-metragem levou prêmio de melhor roteiro (Miguel Falabella, Daniel Filho,
João Emanuel Carneiro e Mark Haskell Smith) no Festival de Cinema Brasileiro de
Miami. Em 1992, A Partilha estreou em Buenos Aires, numa versão
intitulada Nosotras que nos Queremos Tanto, permanecendo quase três anos
em cartaz. Realizou turnê por várias províncias argentinas e ganhou o prêmio
Estrela do Mar, um dos mais importantes do país. Já foi montada em 12 países.
Outras peças suas também foram encenadas no Exterior, entre elas O
Submarino, apresentada em Portugal.
|
Sai de Baixo |
Ator,
escritor, diretor e dramaturgo, na década de 1990 Miguel Falabella assinou no
jornal O Globo a coluna semanal Um Coração Urbano, publicada inicialmente
aos domingos na editoria Grande Rio, e depois às quintas-feiras, no Segundo
Caderno. A proposta de Falabella era escrever uma crônica sobre a cidade do Rio
de Janeiro, mas os temas abordados fizeram da coluna muito mais uma crônica
sobre comportamento e cultura. Tempos depois também teve uma coluna no jornal O
Dia. O ator publicou um livro com suas crônicas, Pequenas Alegrias, pela
editora Objetiva.
|
Agora é que são Elas |
Sempre
atuante na cena cultural, Falabella inaugurou em 1997 uma casa de
espetáculos, o Teatro Miguel Falabella, no Norte Shopping, na zona norte do
Rio. Em 2004, lançou pela Lacerda Editores o livro Querido Mundo e Outras
Peças, com sete peças escritas por ele e Maria Carmem Barbosa. Falabella também
é bastante atuante no carnaval carioca. Não só já desfilou por diferentes
escolas de samba, como foi carnavalesco e diretor da Império da Tijuca, tendo
assinado os enredos da escola de 1993 a 1996. Em 1995, com o enredo Sassarico
na Colombo, a escola foi vice-campeã do grupo de acesso A, indo para o grupo
especial. Em 2003, foi convidado pelo prefeito César Maia para assumir o cargo
de gestor da rede municipal de teatros, então responsável por 16 espaços - dez
teatros e seis lonas culturais -, a maior rede pública do país. Ocupou o cargo
até 2007. No mesmo ano, estreou o musical Os Produtores, adaptado,
dirigido e estrelado por ele, com Vladimir Brichta e Juliana Paes no elenco.
|
Pé na Cova |
Além
de teatro e televisão, Falabella também tem diversos trabalhos no cinema, como
ator. Estreou em Mulher Sensual, em 1980; depois fez O Sonho Não
Acabou, de Sérgio Rezende, em 1981; Sole nudo, de Tonino Cervi, em 1984; O
Beijo da Mulher Aranha, de Hector Babenco, em 1985; Vento Sul, de José
Frazão, em 1986; A Dama do Cine Shangai, de Guilherme de Almeida Prado, em
1987; Beijo 2348/72, de Walter Rogério, em 1990; Zoando na TV, de
José Alvarenga Júnior, em 1999; uma participação como ele mesmo em A
Partilha, de Daniel Filho (2001); O Redentor, de Cláudio Torres, em
2004; eCleópatra (2008), de Júlio Bressane. No início de 2008, lançou seu
primeiro filme como diretor,Polaróides Urbanas, baseado na peça Como
Encher um Biquíni Selvagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário