segunda-feira, 1 de junho de 2015

Especial Novelas: O Casarão (1976)


Paulo Gracindo e Yara Cortes
Marco na renovação da linguagem das telenovelas, a história mostra as questões vividas por cinco gerações de uma família no norte de São Paulo, tendo como trama central o romance entre Carolina (Sandra Barsotti) e João Maciel (Gracindo Jr.), um talentoso artista plástico que não se conforma com o provincianismo da cidade de Sapucaí, onde é ambientada a trama. Com idas e vindas no tempo, a novela se desenvolve em três épocas distintas, apresentadas simultaneamente, e atores diferentes interpretam os mesmos personagens em cada fase. No período entre 1900 e 1910, Maria do Carmo (Analu Prestes), mãe de Carolina, é obrigada pela família a se casar com o engenheiro Eugênio (Edson França), mesmo sendo apaixonada pelo português Jacinto (Tony Correa). Na década que vai de 1926 a 1936, a jovem Carolina, pressionada, repete a história da mãe e desiste de fugir com João Maciel, casando-se com Atílio (Dennis Carvalho), comerciante com carreira política ascendente.

Gracindo Jr. e Sandra Barsotti
No ano de 1976, Carolina (agora representada por Yara Cortes) mantém ainda grande vitalidade, apesar da idade avançada. De longe, ela acompanha o sucesso de João Maciel (interpretado agora por Paulo Gracindo), recortando os jornais que informam sobre as andanças do artista. Por outro lado, Atílio (vivido agora por Mário Lago) está acometido por doenças da velhice e bastante abalado pela perda de seu prestígio na cidade, vivendo das lembranças de um passado distante. O personagem é a imagem do casarão, condenado à destruição pela chegada dos novos tempos. Já João Maciel se mostra ainda em pleno vigor e mantém o mesmo idealismo dos 20 anos, embora não disfarce certo amargor diante da realidade. Boêmio inveterado, casou-se cinco vezes, mas conserva uma fantasia em relação à Carolina. Sua volta a Sapucaí significa o reencontro com um passado mal resolvido. Depois de muitos desacertos ao longo da trama, e com a morte de Atílio, Carolina e João Maciel realizam o sonho de ficar juntos.

Mário Lago
O casarão, personificação da ação do tempo na vida dos personagens, e ele próprio um personagem da história, é destruído. De arquitetura colonial, a casa é inicialmente sede de uma rica fazenda que, no decorrer de 76 anos, vai se depreciando, perdendo sua extensão, transformando-se, ao final, na sede de um empreendimento imobiliário. Suas terras são divididas em pequenos lotes, vendidos para a construção de casas de campo. Um fatalismo histórico marca sua vida: sua construção e apogeu coincidem com a implantação de uma estrada de ferro; em contraponto, na atualidade, uma nova ferrovia deverá passar justamente no local onde está o imóvel, forçando sua demolição.

Tramas Paralelas:
Paulo Gracindo e Ranata Sorrah
Além de acompanhar a evolução da família de Deodato Leme (Oswaldo Loureiro), a novela apresentava um viés feminista, abordando o papel da mulher na sociedade em épocas diferentes. A personagem Lina (Renata Sorrah), por exemplo, desafia o conservadorismo. Casada com Estevão (Armando Bógus), ela se apaixona por Jarbas (Paulo José) e decide viver com o homem que ama, recebendo todo o apoio da avó, Carolina (Yara Cortes), numa identificação de propósitos entre as duas. Também tem destaque na trama a influência da Igreja Católica na sociedade brasileira. Nas três épocas de O Casarão, existe a participação ativa de padres: na primeira e na segunda fases, a igreja é representada pelo vigário Felício (Hélio Ary); na terceira, pelo padre Milton (Nilson Condé).

Curiosidades:

Dennis Carvalho e Lutero Luiz
Em O Casarão, a costumeira pergunta do telespectador de novelas, “o que acontecerá?”, foi substituída por “como aconteceu?”. O público teve dificuldades para compreender as inovações da história, que apresentava atores diferentes vivendo os mesmos personagens em tempos distintos, porém apresentados simultaneamente. No dia do lançamento da novela, a Rede Globo recebeu telefonemas de telespectadores que sentiram dificuldade de entender o enredo por causa da nova linguagem. Por isso a emissora reprisou o primeiro capítulo, no mesmo dia, às 23h.

Um incêndio no prédio da TV Globo, no Jardim Botânico, três dias antes da estreia da novela, fez com que as gravações de O Casarão fossem transferidas para os estúdios da Herbert Richers, na Usina, na zona norte da cidade.

Edson França e Oswaldo Loureiro
O Casarão recebeu o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) de melhor novela do ano.

Segundo Lauro César Muniz, O Casarão fechou um ciclo de trabalho, iniciado com a novela Os Deuses Estão Mortos (1971), realizada pela TV Record, que focalizava os anos anteriores à República, e Escalada (1975), exibida na TV Globo, que tinha entre suas fases a década de 1940.


Em março de 1983, a novela foi reapresentada numa versão compacta de 30 capítulos, às 20h.

Elenco:
1º período: 1900 a 1910
OSWALDO LOUREIRO – Deodato Leme
MIRIAN PIRES – Olinda Leme
ANALÚ PRESTES – Maria do Carmo
EDSON FRANÇA – Eugênio Galvão
TONY CORRÊA – Jacinto de Souza
ANA MARIA GROVA – Francisca
CARLOS DUVAL – pai de Francisca
LUTERO LUIZ – Afonso Estradas
PAULO GONÇALVES – Cardosão
HÉLIO ARY – Vigário Felício
JUAN DANIEL – Ramón
MARIA TERESA BARROSO – Eulália


2º período: 1926 a 1936
GRACINDO JÚNIOR – João Maciel
SANDRA BARSOTTI – Carolina Galvão
DENIS CARVALHO – Atílio de Souza
FLÁVIO MIGLIACCIO – Coringa
RUY REZENDE – Abelardo
LAURA SOVERAL – Francisca
IVAN CÂNDIDO – Valentim
NESTOR DE MONTEMAR – Gervásio
FÁBIO SABAG – Dom Gaspar
THELMA RESTON – Margarida


3º período: 1976
PAULO GRACINDO – João Maciel
YARA CÔRTES – Carolina Galvão de Souza
MÁRIO LAGO – Atílio de Souza
ARACY BALABANIAN – Violeta
PAULO JOSÉ – Jarbas Martins
RENATA SORRAH – Lina (Carolina Bastos)
ARMANDO BÓGUS – Estêvão Bastos
MARCOS PAULO – Eduardo
BETE MENDES – Vânia
DAYSE LÚCIDE – Alice Lins
FERNANDO VILLAR – Francisco Bastos
MARCELO PICCHI – Aldo
MARIA CRISTINA NUNES – Tereza
NILSON CONDÉ – Padre Milton
IDA GOMES – Berta
ARTHUR COSTA FILHO – Arturo
WALDIR MAIA – Jaime Cabral / Zenóbio
FERNANDO JOSÉ – José Rezende
MOACYR DERIQUÉM – Sérgio
ÊNIO SANTOS – Saul
AURIMAR ROCHA – Dr. Saraiva
ELZA GOMES – Irmã Lurdes (enfermeira)
RUTH DE SOUZA – marchand da Galeria de Arte
THELMA ELITA – Conceição
SANDRA PÊRA – Angélica
TAMARA TAXMAN – Lídia (jornalista)
MARCELO BECKER – jornalista
FRANCISCO MILANI – amigo de João Maciel
LUIZ MAGNELLI – amigo de João Maciel
PIETRO MÁRIO – amigo de João Maciel
REGINA CHAVES – empregada de Lina
LÉA GARCIA – vendedora ambulante


as amantes de João Maciel
ZILKA SALABERRY – Mercedes
HELOÍSA HELENA – Mirtes
NEUZA AMARAL – Marisa
ARLETE SALLES – Maria Helena
ELIZÂNGELA – Mônica

Trilha Sonora

Nacional

"Fascinação" - Elis Regina
"Latin Lover" - João Bosco
"Menina do Mato" - Márcio Lott
"Carolina" – Aquarius
"Quibe Cru" - Chico Batera
"Só Louco" - Gal Costa
"Nuvem Passageira" - Hermes de Aquino
"Coisas da Vida" - Rita Lee
"Tangará" - Coral Som Livre
"A Dor a Mais" - Francis Hime
"Capricho" - Nara Leão
"O Casarão" - Dori Caymmi
"Retrato" - Sueli Costa


 Internacional

"The Hands Of Time (Brian's Song)" - Perry Como
"Theme From S.W.A.T." - Music Corporation
"Forever Alone" - Steve McLean
"I Need To Be In Love" – Carpenters
"Call Me" - Andrea True Connection
"Angel" – Jullian
"When You're Gone" - Maggie MacNeal
"Living" - Alain Patrick
"I'm Easy" - Keith Carradine
"My Life" - Michael Sullivan
"Honey, Honey" – ABBA
"Girl Of The Past" - Peter McGreen
"California Dreamin'" - The Vast Majority
"Miss You Nights" - Cliff Richard
"Nostalgia" - Francis Goya
"Sharing The Night Together" - Arthur Alexander

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