Débora
Bloch nasceu em 29 de maio de 1963, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Seu
contato com as artes cênicas começou cedo, quando, ainda pequena, ela e a irmã
acompanhavam o pai, o ator Jonas Bloch, a ensaios e montagens de peças teatrais
no Rio de Janeiro e em São Paulo. Tem na lembrança muitas imagens de coxia. Aos
sete anos, viu o pai lutar esgrima com Walmor Chagas no quintal de sua casa, em
São Paulo, durante um ensaio de Hamlet. Cresceu fascinada com a
profissão.
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TV Pirata |
A
paixão virou certeza por volta dos 17 anos, após fazer o curso de Ivan
Albuquerque, Rubens Corrêa e Amir Haddad no teatro Ipanema. Embora tenha
passado para duas opções no vestibular - História e Comunicação -, Débora
escolheu os palcos. Sua estreia profissional foi em 1980 na peça Rasga
Coração, de Oduvaldo Viana Filho, substituindo Lucélia Santos. A atriz passou a
integrar o grupo teatral Manhas e Manias, dirigido por José Lavigne, sendo
contemporânea dos atores Andréa Beltrão, Chico Diaz e Pedro Cardoso, com quem
encenou peças como Brincando com Fogo (1982) eRecordações do Futuro (1983),
criações coletivas do grupo, que ganhou 13 prêmios por seus espetáculos
infantis.
Ao todo, Débora Bloch atuou em dez peças, entre elas Fica Comigo Esta
Noite (1990), de Flávio de Souza, com a qual foi premiada com o Shell de
melhor atriz; Cinco Vezes Comédia (1996), de Mauro Rasi; Duas
Mulheres e um Cadáver (2000), de Aderbal Freire-Filho, em que dividiu o
palco com Fernanda Torres; e Tio Vanya (2003), também dirigida por
Aderbal, em que contracenou com Diogo Vilela. Por esta, que produziu, ganhou o
prêmio Qualidade Brasil de melhor atriz teatral na categoria Drama. A
estreia na Globo aconteceu em 1981, quando foi escalada para fazer a personagem
Lívia na novela Jogo da Vida, de Silvio de Abreu, dirigida por Roberto Talma, Jorge
Fernando e Guel Arraes, personagem com o qual ganhou o prêmio de atriz
revelação da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Em 1982, ela
emendou com a personagem Clara de Sol de Verão, novela de Manoel Carlos, dirigida pelo mesmo trio, em que
contracenou com Tony Ramos, Jardel Filho (que faleceu durante a novela) e Irene
Ravache.
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Cambalacho |
Fazendo
cinema e teatro ao mesmo tempo em que dava os primeiros passos na TV, Débora
Bloch participou de dois episódios da Quarta Nobre antes de trabalhar
em sua terceira novela, em 1986, quando adotou uma postura masculinizada para
viver a mecânica Ana Machadão em Cambalacho, de Silvio de Abreu. Com a
estreia do humorístico TV Pirata (1988),
os telespectadores puderam confirmar sua versatilidade e o talento para o humor
ao interpretar diferentes personagens em uma série de esquetes e quadros fixos.
Adelaide Catarina, a repórter de TV cheia de tiques, foi uma das que entraram
para a galeria de tipos inesquecíveis do programa, coordenado por Cláudio Paiva
e dirigido por Guel Arraes. Débora Bloch se identificou com a irreverência do
texto – parecido com o que se acostumara a fazer nos palcos – e trabalhou com
antigos ídolos de teatro, como Marco Nanini, Regina Casé e Luiz Fernando
Guimarães.
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A.E.I.O. Urca |
Em
1990, o TV Pirata saiu
do ar, para voltar a ser exibido dois anos depois. Nesse intervalo, Débora
Bloch foi escalada para a minissérie A, E, I, O...Urca, obra escrita por Doc Comparato e Antonio Calmon, sob
argumento de Carlos Manga. A atriz voltaria a fazer uma minissérie em 2000, nas
comemorações pelos 500 anos de descoberta do país: A Invenção do
Brasil, de Guel Arraes e Jorge Furtado, ganhou uma
versão para o cinema. Na minissérie, interpreta Isabelle, francesa que disputa
o amor de Caramuru (Selton Mello) com a índia Paraguaçú (Camila Pitanga).
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Salsa e Merengue |
Débora
voltou a fazer novelas com o término de TV Pirata, em 1992. Fez uma participação em Deus
nos Acuda, de Silvio de Abreu, Alcides Nogueira e
Maria Adelaide Amaral, e depois aceitou um papel em As Pupilas do Senhor
Reitor (1994), no SBT. Morou por dois anos em São Paulo com o marido,
o francês Olivier Anquier, e a filha Julia, até voltar para a Globo, em 1996,
no papel da sofisticada e irônica Teodora de Salsa e Merengue, novela de Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa. Em
1999, protagonizou Andando nas Nuvens, de
Euclydes Marinho, no papel de uma jornalista que se envolve com um colega de
profissão, interpretado por Marcos Palmeira.
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Cordel Encantado |
Seis anos depois, retomou as novelas
com A Lua me Disse (2005), outra produção assinada pela dupla Miguel
Falabella e Maria Carmem Barbosa. Na história, Débora caiu nas graças do
público ao interpretar a politicamente incorreta Madô, dondoca consumista e
inescrupulosa. Em 2009, foi Silvia Cadore, uma mulher honesta traída pelo
marido e pela melhor amiga em Caminho das Índias, novela da Glória Perez. Em 2011, Débora viveu a vilã
Úrsula, uma duquesa bonita, sofisticada e vingativa em Cordel
Encantado, novela de Thelma Guedes e Duca Rachid. Em
março de 2012, a atriz estreou como Verônica, uma perua que faz parte do núcleo
cômico da novela Avenida Brasil, de João
Emanuel de Carneiro.
Especiais e outros programas e quadros de humor também fazem parte
da carreira de Débora Bloch. Na relação de trabalhos, destacam-se o embrião da
série A Comédia da Vida Privada – um Brasil Especial (1994) que levou o título do futuro
programa – e três episódios da série em si, todos coordenados por Guel Arraes.
Também é memorável sua atuação na série A Vida como Ela é... (1996), adaptações de crônicas de
Nelson Rodrigues feitas por Euclydes Marinho e dirigidas por Denise Saraceni e
Daniel Filho. Desta época até a década de 2000, Débora trabalhou no humorístico Vida ao Vivo Show, protagonizado por Pedro
Cardoso e Luiz Fernando Guimarães; em episódios de A Grande Família e Os Normais; e nos quadros As
50 Leis do Amor e Damas
e Cavalheiros, exibidos no Fantástico. No primeiro, escrito por
Alexandre Machado e Fernanda Young, formou com Andréa Beltrão e Diogo Vilela um
trio de atores que discutia a relação nos bastidores.
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Avenida Brasil |
Em 2005, participou do especial de fim de ano Toma Lá Dá Cá, escrito por Miguel
Falabella e Maria Carmem Barbosa. No ano seguinte, na minissérie JK, de Maria Adelaide Amaral, Alcides Nogueira
e Geraldinho Carneiro, interpretou a corista Dora Amar. Em seguida, fez
mais duas minisséries,Amazônia - De Galvez a Chico Mendes (2007), de Gloria Perez - no papel de
Beatriz, amante de Galvez (José Wilker) - e Queridos Amigos (2008), de Maria Adelaide Amaral, onde
viveu a artista plástica Lena. Em 2010, interpretou a personagem Karin, na
série Separação?!, escrita por Alexandre Machado
e Fernanda Young e com direção-geral de José Alvarenga Jr. Na segunda versão de Saramandaia (2013),
Débora interpretou Risoleta.
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Saramandaia |
O cinema está presente na trajetória de Débora Bloch desde 1984, quando estreou
em Noites do Sertão, de Carlos Alberto Prates Correia, filme
inspirado no original de Guimarães Rosa que lhe valeu os prêmios de melhor
atriz no 17º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, no 17º Festival
Brasileiro de Cinema de Gramado, no 24º Festival de Cinema de Cartagena e no
Air France. Foi o início de uma carreira cinematográfica que inclui dez filmes,
como Bete Balanço (1984),
de Lael Rodrigues, com o qual ganhou novamente o prêmio Air France de melhor
atriz; Veja esta canção (1994),
de Cacá Diegues – prêmio de melhor atriz no Festival Latino-Americano de Rhode
Island (EUA) e da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte); Bossa
Nova (2000), de Bruno
Barreto; Caramuru – A Invenção do Brasil (2001), de Guel Arraes e Jorge Furtado
e À Deriva (2009).