quinta-feira, 29 de maio de 2014

Recordando a Carreira: 51 anos de Débora Bloch


Débora Bloch nasceu em 29 de maio de 1963, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Seu contato com as artes cênicas começou cedo, quando, ainda pequena, ela e a irmã acompanhavam o pai, o ator Jonas Bloch, a ensaios e montagens de peças teatrais no Rio de Janeiro e em São Paulo. Tem na lembrança muitas imagens de coxia. Aos sete anos, viu o pai lutar esgrima com Walmor Chagas no quintal de sua casa, em São Paulo, durante um ensaio de Hamlet. Cresceu fascinada com a profissão.
     
TV Pirata
A paixão virou certeza por volta dos 17 anos, após fazer o curso de Ivan Albuquerque, Rubens Corrêa e Amir Haddad no teatro Ipanema. Embora tenha passado para duas opções no vestibular - História e Comunicação -, Débora escolheu os palcos. Sua estreia profissional foi em 1980 na peça Rasga Coração, de Oduvaldo Viana Filho, substituindo Lucélia Santos. A atriz passou a integrar o grupo teatral Manhas e Manias, dirigido por José Lavigne, sendo contemporânea dos atores Andréa Beltrão, Chico Diaz e Pedro Cardoso, com quem encenou peças como Brincando com Fogo (1982) eRecordações do Futuro (1983), criações coletivas do grupo, que ganhou 13 prêmios por seus espetáculos infantis.

Ao todo, Débora Bloch atuou em dez peças, entre elas Fica Comigo Esta Noite (1990), de Flávio de Souza, com a qual foi premiada com o Shell de melhor atriz; Cinco Vezes Comédia (1996), de Mauro Rasi; Duas Mulheres e um Cadáver (2000), de Aderbal Freire-Filho, em que dividiu o palco com Fernanda Torres; e Tio Vanya (2003), também dirigida por Aderbal, em que contracenou com Diogo Vilela. Por esta, que produziu, ganhou o prêmio Qualidade Brasil de melhor atriz teatral na categoria Drama. A estreia na Globo aconteceu em 1981, quando foi escalada para fazer a personagem Lívia na novela 
Jogo da Vida, de Silvio de Abreu, dirigida por Roberto Talma, Jorge Fernando e Guel Arraes, personagem com o qual ganhou o prêmio de atriz revelação da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Em 1982, ela emendou com a personagem Clara de Sol de Verão, novela de Manoel Carlos, dirigida pelo mesmo trio, em que contracenou com Tony Ramos, Jardel Filho (que faleceu durante a novela) e Irene Ravache.

Cambalacho
Fazendo cinema e teatro ao mesmo tempo em que dava os primeiros passos na TV, Débora Bloch participou de dois episódios da Quarta Nobre antes de trabalhar em sua terceira novela, em 1986, quando adotou uma postura masculinizada para viver a mecânica Ana Machadão em Cambalacho, de Silvio de Abreu. Com a estreia do humorístico TV Pirata (1988), os telespectadores puderam confirmar sua versatilidade e o talento para o humor ao interpretar diferentes personagens em uma série de esquetes e quadros fixos. Adelaide Catarina, a repórter de TV cheia de tiques, foi uma das que entraram para a galeria de tipos inesquecíveis do programa, coordenado por Cláudio Paiva e dirigido por Guel Arraes. Débora Bloch se identificou com a irreverência do texto – parecido com o que se acostumara a fazer nos palcos – e trabalhou com antigos ídolos de teatro, como Marco Nanini, Regina Casé e Luiz Fernando Guimarães.

A.E.I.O. Urca
Em 1990, o TV Pirata saiu do ar, para voltar a ser exibido dois anos depois. Nesse intervalo, Débora Bloch foi escalada para a minissérie A, E, I, O...Urca, obra escrita por Doc Comparato e Antonio Calmon, sob argumento de Carlos Manga. A atriz voltaria a fazer uma minissérie em 2000, nas comemorações pelos 500 anos de descoberta do país: A Invenção do Brasil, de Guel Arraes e Jorge Furtado, ganhou uma versão para o cinema. Na minissérie, interpreta Isabelle, francesa que disputa o amor de Caramuru (Selton Mello) com a índia Paraguaçú (Camila Pitanga).
 
Salsa e Merengue
Débora voltou a fazer novelas com o término de TV Pirata, em 1992. Fez uma participação em Deus nos Acuda, de Silvio de Abreu, Alcides Nogueira e Maria Adelaide Amaral, e depois aceitou um papel em As Pupilas do Senhor Reitor (1994), no SBT. Morou por dois anos em São Paulo com o marido, o francês Olivier Anquier, e a filha Julia, até voltar para a Globo, em 1996, no papel da sofisticada e irônica Teodora de Salsa e Merengue, novela de Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa. Em 1999, protagonizou Andando nas Nuvens, de Euclydes Marinho, no papel de uma jornalista que se envolve com um colega de profissão, interpretado por Marcos Palmeira.


Cordel Encantado
Seis anos depois, retomou as novelas com A Lua me Disse (2005), outra produção assinada pela dupla Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa. Na história, Débora caiu nas graças do público ao interpretar a politicamente incorreta Madô, dondoca consumista e inescrupulosa. Em 2009, foi Silvia Cadore, uma mulher honesta traída pelo marido e pela melhor amiga em Caminho das Índias, novela da Glória Perez. Em 2011, Débora viveu a vilã Úrsula, uma duquesa bonita, sofisticada e vingativa em Cordel Encantado, novela de Thelma Guedes e Duca Rachid. Em março de 2012, a atriz estreou como Verônica, uma perua que faz parte do núcleo cômico da novela Avenida Brasil, de João Emanuel de Carneiro.

Especiais e outros programas e quadros de humor também fazem parte da carreira de Débora Bloch. Na relação de trabalhos, destacam-se o embrião da série Comédia da Vida Privada – um Brasil Especial (1994) que levou o título do futuro programa – e três episódios da série em si, todos coordenados por Guel Arraes. Também é memorável sua atuação na série A Vida como Ela é... (1996), adaptações de crônicas de Nelson Rodrigues feitas por Euclydes Marinho e dirigidas por Denise Saraceni e Daniel Filho. Desta época até a década de 2000, Débora trabalhou no humorístico Vida ao Vivo Show, protagonizado por Pedro Cardoso e Luiz Fernando Guimarães; em episódios de A Grande Família e Os Normais; e nos quadros As 50 Leis do Amor e Damas e Cavalheiros, exibidos no Fantástico. No primeiro, escrito por Alexandre Machado e Fernanda Young, formou com Andréa Beltrão e Diogo Vilela um trio de atores que discutia a relação nos bastidores. 
  
Avenida Brasil
Em 2005, participou do especial de fim de ano Toma Lá Dá Cá, escrito por Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa. No ano seguinte, na minissérie JK, de Maria Adelaide Amaral, Alcides Nogueira e Geraldinho Carneiro, interpretou a corista Dora Amar. Em seguida, fez mais duas minisséries,Amazônia - De Galvez a Chico Mendes (2007), de Gloria Perez - no papel de Beatriz, amante de Galvez (José Wilker) - e Queridos Amigos (2008), de Maria Adelaide Amaral, onde viveu a artista plástica Lena. Em 2010, interpretou a personagem Karin, na série Separação?!,  escrita por Alexandre Machado e Fernanda Young e com direção-geral de José Alvarenga Jr. Na segunda versão de Saramandaia (2013), Débora interpretou Risoleta.
 
Saramandaia
O cinema está presente na trajetória de Débora Bloch desde 1984, quando estreou em Noites do Sertão, de Carlos Alberto Prates Correia, filme inspirado no original de Guimarães Rosa que lhe valeu os prêmios de melhor atriz no 17º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, no 17º Festival Brasileiro de Cinema de Gramado, no 24º Festival de Cinema de Cartagena e no Air France. Foi o início de uma carreira cinematográfica que inclui dez filmes, como Bete Balanço (1984), de Lael Rodrigues, com o qual ganhou novamente o prêmio Air France de melhor atriz; Veja esta canção (1994), de Cacá Diegues – prêmio de melhor atriz no Festival Latino-Americano de Rhode Island (EUA) e da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte); Bossa Nova (2000), de Bruno Barreto; Caramuru – A Invenção do Brasil (2001), de Guel Arraes e Jorge Furtado e À Deriva (2009).

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