segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Especial Novelas - Uga Uga (2000)

Em Uga Uga, Carlos Lombardi dosou humor e ação para contar duas histórias: as dificuldades de um jovem branco, criado por índios, em retornar à civilização; e as aventuras de um homem que teve de renunciar a sua vida para proteger as pessoas que amava. 

- Os pesquisadores Nikos Jr. (Marcos Frota) e Mag (Denise Fraga) lideram uma expedição à Floresta Amazônica, onde são atacados por uma tribo indígena. Todos são mortos, menos Adriano, o filho de dois anos do casal. A criança é neta do industrial grego Nikos Karabastos (Lima Duarte), que passa os 20 anos seguintes tentando encontrá-lo. Mal-humorado e rigoroso, sempre assessorado pelo fiel Anisio (Tato Gabus), Nikos comanda a fábrica de brinquedos Tróia, com sede no Rio de Janeiro. Enquanto sonha com o dia em que seu neto e herdeiro voltará para tomar conta dos negócios, ele sustenta a cunhada Santa (Vera Holtz) e seu filho Rolando (Heitor Martinez), interesseiros que vivem às custas do grego e esperam ansiosamente que ele morra, o que faria dos dois os herdeiros de toda a sua fortuna.

- A insistência de Nikos em reencontrar o neto é um estorvo constante para Santa. Para causar boa impressão ao cunhado, ela ordena a Rolando que voe até o local onde Adriano teria desaparecido e finja interesse em encontrar o primo. Rolando reúne um grupo de amigos e faz o que a mãe pediu. Para seu azar, o avião sofre uma pane no motor e cai no meio da floresta. Os tripulantes ficam presos nos destroços e parecem condenados a permanecer assim, quando são salvos por um selvagem branco com uma vasta cabeleira loira. O nome do jovem é Tatuapu (Cláudio Heinrich), ninguém menos do que Adriano, neto de Nikos. Após a morte dos pais, ele foi adotado por Pajé (Roberto Bomfim), líder de uma aldeia de índios inimigos daqueles que dizimaram a família do garoto. Protegido em uma aldeia cuja localização ninguém conhece, ele cresceu como um autêntico indígena. 

- Pouco depois de socorrer os tripulantes do avião, Tatuapu salva também a vida do sargento Bernardo Baldochi (Humberto Martins), que ele encontra nas cercanias da selva sob a mira de um grupo de homens armados. Há 11 anos, no dia do seu casamento, o sargento Baldochi simulou a própria morte para impedir que os marginais do bando de Turco (Luiz Guilherme), um criminoso sanguinário que ele já mandara para a cadeia, fizessem mal à sua família.


- Desde então, Baldochi conseguiu permanecer incógnito em Costa Rica, cidade fictícia do Mato Grosso do Sul, a alguns quilômetros da selva. Sob a identidade de Bento, ele ganhava a vida fingindo que dava aulas de canto para as crianças do coral da igreja e escrevendo romances melosos vendidos em bancas de jornal. Neles, sob o pseudônimo de Luana Love, ele conta as aventuras perigosas e excitantes de uma loira fatal, sempre envolvida com heróis fortes e mal-encarados. Os livros de Luana Love são o prazer culpado de Maria João (Vivianne Pasmanter), a ex-noiva que Baldochi deixou para trás quando forjou a própria morte. O trauma de ter perdido o noivo no dia do casamento fez com que ela escondesse de todos seu romantismo e sua feminilidade, tornando-se uma figura durona e intempestiva. Maria João trabalha como mecânica de caminhões, veste-se como um homem e nunca mais se envolveu com ninguém. Seu único momento de fuga é quando lê, escondida, os livros escritos por Baldochi, vivendo as fantasias criadas por ele como se fossem suas.


- A oficina onde trabalha Maria João fica em Santa Teresa, perto da casa onde mora com o pai, Querubim (Oswaldo Loureiro), funcionário da fábrica de brinquedos de Nikos – emprego que vive ameaçado porque ele passa os dias bebendo com os amigos e o irmão. No mesmo bairro vive a família de Baldochi. Sua mãe, Pierina (Nair Bello), é uma feirante de temperamento explosivo, que usa luto em memória do filho mais velho e trata como criança o mais novo, Casemiro (Marcos Pasquim). Conhecido como Van Damme, Casemirio é um rapaz atrapalhado que sonha em um dia ser salva-vidas. Também circula por esse cenário o feirante Beterraba (Marcelo Farias), um tipo boa gente, bonachão e metido a conquistador, que tenta a todo custo ganhar o coração de Maria João.
- Quando Tatuapu salva a vida de Baldochi, os dois passam a ser jurados de morte pelos bandidos. A saída é conseguir abrigo na aldeia. Mas, mesmo sob a proteção da tribo, os dois não estão a salvo do perigo. Sabendo que a família de Tatuapu procura por ele, Baldochi decide levá-lo de volta ao Rio e apresentá-lo a Nikos. Enquanto Tatuapu tenta aprender a viver na civilização, Santa e Rolando armam todas as armadilhas possíveis para impedi-lo de ficar com a herança de Nikos. Tatuapu sempre sai ileso e, várias vezes, conta com a ajuda de Baldochi. Na tribo, Tatuapu, o único homem de pele branca e cabelos claros, não faz sucesso nenhum com as índias. Na cidade grande, a coisa muda de figura. Ele logo se envolve com Tatiana (Daniele Winits), uma loira tão bonita quanto ingênua, que mais tarde apaixona-se perdidamente por Van Damme. E, em seguida, com a prima dela, Bionda (Mariana Ximenes), uma garota linda e rebelde que tem o hábito desagradável de abandonar os noivos à porta da igreja. Mas é com a doce Guinevére (Nívea Stelmann), a filha de Anísio, que Tatuapu conhece o amor. É em sua companhia que ele escolhe retornar à floresta, após ter dominado a maioria dos hábitos e costumes da civilização necessários para herdar a fortuna a que tem direito.

- Baldochi, por sua vez, depois de observar sua família em segredo por um longo tempo, revela que está vivo, e enfrenta toda a sorte de confusões, perseguições e ameaças até finalmente vencer os bandidos que o perseguem. No final da novela, parece que Baldochi pode finalmente se reunir à sua família e ao seu amor. Porém, quando está prestes a se casar com Maria João, que espera um filho dele, o seu pior inimigo retorna: Turco atira na moça, pouco antes de eles entrarem na igreja. Maria João quase morre, mas ela e o bebê são salvos. Baldochi fica desesperado e decidido a matar Turco. Mais tarde, depois que o bandido tenta, sem sucesso, eliminar Van Damme, Baldochi consegue encurralá-lo, e os dois se enfrentam de mãos limpas no terraço do hospital em que Maria João está internada. Durante a luta, Turco fica pendurado em uma murada e, antes que Baldochi possa salvá-lo, cai. Infelizmente, não é o que fica parecendo para a polícia, que chega nesse exato momento. Baldochi foge novamente. Perseguido pelos policiais, seu carro cai dentro de um rio, e ele é dado novamente como morto.

- Alguns anos se passam, e a maior parte dos personagens se reúne no Gran Resort Hotel, que Pajé fundou em sociedade com Nikos. Tatuapu fundou uma nova aldeia com os índios que não quiseram trabalhar no hotel, em um local ainda mais secreto e paradisíaco. Nikos, que aceitou a decisão do neto de voltar ao lugar que escolheu como lar, casou-se com Pierina, com quem havia tido um caso no passado, e entregou a diretoria da Tróia a Anísio. Rolando e Santa terminaram vendendo mercadoria contrabandeada nas ruas para sobreviver. Van Damme e Tatiana também se casaram e tiveram muitos filhos. Maria João criou a filha que teve de Baldochi e, agora, é uma mulher muito mais feminina e bela do que era quando ele se foi da primeira vez. Ela parece ter superado a segunda morte do amado, mas não é completamente feliz. Na última cena da novela, Maria João descansa à beira de um riacho quando, de dentro do lago, surge o sargento Baldochi para anunciar que está vivo. Na verdade, ele está oficialmente morto. Um mês antes, entrara em contato com a mãe para informar que conseguira escapar ileso do acidente, fugira para a Colômbia, onde passara uma temporada nas mãos das Farc, e voltara incógnito ao Brasil. Pierina, então, reconhecera o corpo de um indigente no Instituto Médico Legal como se fosse o do filho. Agora, ele está livre para viver com a mulher e a filha em qualquer parte do mundo. Maria João briga ferozmente com ele por não ter tido a consideração de avisá-la, mas depois o perdoa, e eles se beijam apaixonadamente.


CURIOSIDADES
- Carlos Lombardi conta que a ideia inicial de Uga Uga surgiu a partir de uma notícia de jornal. Em Belém do Pará, um posseiro queria a ajuda das autoridades para encontrar seu filho. No passado, ele havia se envolvido em uma disputa de terras com uma tribo de índios que incendiaram seu sítio e dizimaram parte da sua família. Ele escapara com dois filhos mais velhos, mas seu filho menor fora levado pelos índios. Agora ele queria localizar um menino branco que havia sido visto em uma tribo. A essa ideia o autor uniu também a lenda urbana do fim do século XIX do indivíduo criado pelos selvagens que, mais tarde, retorna à civilização, que gerou livros como Tarzan, O Filho das Selvas (1912), de Edgar Rice Burroughs, e O Livro das Selvas (1894), de Rudyard Kipling; e filmes como O Enigma de Kaspar Hauser (1974), de Werner Herzog.

- Desde a concepção da trama, Carlos Lombardi queria que Tatuapu fosse loiro, para que ele não pudesse de forma alguma ser confundido com um índio legítimo. O escolhido para o papel foi Cláudio Heinrich, ex-ator de Malhação que estreava em novelas. Para compor o personagem, ele passou uma semana convivendo com os índios da tribo Uailapiti, no Xingu. Ele usava apenas uma tanga em cena, com o corpo coberto de urucum. 

- Para não vincular a identidade da tribo de Tatuapu com a de qualquer outra tribo de índios brasileiros, Carlos Lombardi decidiu que o índio não falaria nenhum idioma do tronco tupi-guarani. O autor inventou, ele próprio, uma língua imaginária, baseada no som do idioma falado no Taiti. 

Uga Uga foi vendida para vários países, entre eles Chile, Equador, México, Portugal, Panamá e Venezuela. Nos Estados Unidos, onde foi exibida pela rede Telemundo, foi um sucesso entre o público de língua hispânica, como já havia acontecido antes com Terra Nostra (1999) e Força de um Desejo (1999). Antes da estreia, Cláudio Heinrich, Humberto Martins e Vivianne Pasmanter participaram de ações promocionais em Miami, Los Angeles e Nova York.

ABERTURA
- A abertura da novela, em que uma revista em quadrinhos vai sendo folheada revelando a história de Tatuapu (Cláudio Heinrich), foi criada pelo artista plástico Gustavo Garnier, assistente de Hans Donner, usando uma técnica que funde imagens fotográficas e ilustrações. Os desenhos foram feitos à mão, em cores vibrantes, e registrados por uma câmera virtual que percorria as páginas de um gibi. Em seguida, a história era transferida para o computador. Os créditos da novela também eram inseridos nas páginas dos quadrinhos. O mesmo tratamento foi empregado nas imagens usadas para marcar a passagem de um bloco ao outro, no interior de um capítulo. Antes dos comerciais, a imagem final era congelada, e sobre ela era projetado um desenho.



Abertura da novela Uga Uga (2000)

Chamada 1 da novela Uga Uga


Chamada 2 da novela Uga Uga


Chamada 3 da novela Uga Uga

Um comentário:

  1. Eu gostava dessa novela! Era bem engraçada! Bons tempos aqueles...

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